sábado, 25 de fevereiro de 2012

ARTIGO DA INTERNET / SE NÃO ESTÁ NA BÍBLIA, ONDE ESTÁ?

SE NÃO ESTÁ NA BÍBLIA, ONDE ESTÁ?

-A Bíblia tem resposta para todas as perguntas... - disse o velho pastor, no que respondeu o galhofeiro:

-Então diz em que página ensina a programar em Cobol...

Sim. É trágico informar que, dentro desse contexto, o livro conhecido como Bíblia não possui todas as respostas para todas as perguntas imagináveis.

A Bíblia e uma junção de livros que contam uma história. Embora a ordem posta faça sentido, eles foram escritos em séculos diversos, por autores diversos, das mais variadas influências, e seu relato revela como Deus age e pensa em relação à existência por Ele criada: seus Caminhos revelados, seus propósitos com suas criações, sua Natureza, o fim de todos os ciclos. Enfim: TUDO.

Todo homem é uma criatura especial, dotada – em potencial - de raciocínios e escolhas, compreensão e linguagem, humores, paixões e uma infinidade complexa de combinações que fazem de cada um algo único, específico, insubstituível.

Paulo defendia que os gentios, nome dado àqueles que não tinham a Lei Mosaica como código moral e direito hereditário, não tinham realmente as tais ordenanças judaicas, mas em seu íntimo, eram dotados de uma consciência que era capaz de contar-lhes o quanto estavam mortos naquilo que os judeus chamavam “pecado”, mesmo nunca tendo peregrinado no deserto com Moisés.

“Examine o homem a si mesmo” ordenou o mesmo apóstolo, confiando aos que comungavam em Cristo o poder de avaliarem-se diante de uma ação tão solene quanto era a ordenança da Ceia. Não havia a necessidade de homens serem interpretados ou entrevistados: a ele mesmo era incumbido o exercício de avaliar-se, ainda mais quando neste habita Aquele que constrói universos.

Quais perguntas ficariam sem resposta quando sabe-se que a Bíblia apresenta o conhecimento do Altíssimo para dentro da própria alma?

Dia desses, Vint Cerf, um dos pais da Internet, declarou que a rede mundial não é um direito da humanidade, e dentro de seu raciocínio, ele está correto: A rede é uma ferramenta, um meio, um veículo. O direito de divulgar pensamentos, sim, é um direito da humanidade. No passado, em algum lugar das Américas, alguém pode ter pensado que ter um cavalo era um direito humano universal e primordial, mas hoje, esse direito seria um estorvo. Fosse no Oriente Médio, o mesmo "direito"  exigiria um camelo, mas o que fazer com um bicho destes em plena Avenida Paulista? Essas coisas não são universais...

A Bíblia contém respostas para a humanidade sobre a relação tempestiva entre o homem e o seu Criador, sobre o Amor e a Ira que Ele nutre pelo que se faz e o que se é na Terra, mas não tem como foco detalhar sobre o carburador do Opalão 4 canecos 1974, mesmo porque, daqui 100 anos, um cético perguntaria o significado daquele item (a verdade é que já nos dias de hoje, o tal carburador nem é mais fabricado!).

Um Deus atemporal escreve à sua criatura para que esta não fique sem referência de como voltar para casa, com o cuidado de não sinalizar com coisas de época que dificultem o entendimento, usar desimportâncias que desviem o foco principal de seu desejo. Se Ele sugerisse que as Escrituras fossem registradas apenas em papiro, como em certas épocas era costume, hoje teríamos um problema sério nas mãos!

Se já temos confusão na contextualização de certas normas essenciais para a sobrevivência no deserto por exemplo, tanta discórdia em discussões sobre detalhes aplicáveis apenas aquela condição local, diga-se lá se fosse tratar de cada detalhe dos costumes de época, ou como se cavalgar em um dromedário.

É bom lembrar que o cabelo que serve como véu em Corintho, na África, sem chapinha, seria um problemaço, que a guarda de um dia de descanso mundial não cabe mais em um mundo que depende do trabalho humano para manter cidades operacionais...

O vazio da alma do homem é respondido quando você entende o que vai contido ali, e isso vai bem além da necessidade de entender como se programa em Cobol. Posso garantir, porém, que esse tipo de conhecimento fica muito mais fácil quando se conhece a Deus - através de sua Palavra . Daí se percebe o quanto pode-se saber quando se anda com Ele.



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ARTIGO DA INTERNET/ CRISTÃO SACRIFICADO E MORTO NO IRÃ

Para onde vai o Cristão quando morre



Irmãos no Senhor, quero que saibais que quando um cristão morre, ele morre quanto à carne, mas a sua alma parte do seu corpo e vai habitar com o Senhor nas alturas, plenamente consciente, portanto num estado de perfeita lucidez mental. Há diversas Escrituras que testificam que quando se morre no Senhor se vai habitar com o Senhor no seu reino celestial. Eis quais são estas Escrituras.

Ÿ Paulo escreveu aos Coríntios: "Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus" (2 Cor. 5:1).

Portanto nós crentes temos uma casa eterna lá em cima nos céus que não foi feita por mão de homem mas pelo próprio Deus. Nesta casa vão morar aqueles que morrem na fé, desde o primeiro dia da sua partida, ou melhor dizendo desde os primeiros momentos que seguem à exalação da alma, pois a ascensão ao céu acontece no espaço de um breve tempo. Os apóstolos tinham o desejo de partir do corpo e ir habitar com o Senhor, de facto Paulo escreveu aos Coríntios: "Pelo que estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (porque andamos por fé, e não por vista); mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor" (2 Cor. 5:6-8), e aos Filipenses: "Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor; mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne" (Fil. 1:23-24). Também nós temos o mesmo desejo que tinha Paulo e os seus cooperadores, porque sabemos que com o Senhor lá em cima no céu se está melhor. Certo, é uma coisa maravilhosa viver com o Senhor na terra, mas é ainda melhor a vida que se vai viver com o Senhor no seu reino celestial.

Ÿ O apóstolo Pedro na sua segunda epístola disse: "Sei que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado. Mas também eu procurarei em toda a ocasião que depois da minha partida tenhais lembrança destas coisas" (2 Ped. 1:14-15).

O apóstolo sabia que brevemente morreria e iria habitar com o Senhor no céu, e falava da sua morte como de uma partida do seu corpo de facto disse que brevemente deixaria o seu tabernáculo. Ora, se a morte é chamada partida quer dizer que há alguma coisa no corpo que parte do corpo quando ele morre, doutra forma não teria sentido chamá-la partida. E nós sabemos que esta alguma coisa é a alma que está no homem. Mas não só, se alma parte haverá também um lugar para onde irá porque doutra forma não teria sentido falar de partida, e nós sabemos que este lugar é o paraíso, o terceiro céu. Aquele mesmo lugar aonde foi arrebatado o apóstolo Paulo (o qual porém não sabia dizer se este arrebatamento tinha sido com o corpo ou sem) e onde ele "ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar" (2 Cor. 12:4).

Ÿ João, na visão que teve na ilha de Patmos, viu, entre outras coisas, as almas dos crentes que foram mortos na terra. Ele disse: "Vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles o foram" (Ap. 6:9-11).

Lendo as acima referidas palavras de João se compreende claramente como aqueles que morrem em Cristo vão para o céu, e lá estão plenamente conscientes; e além disso não se pode deixar de reconhecer que Jesus disse a verdade quando disse: "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma" (Mat. 10:28), porque aquelas que João viu eram as almas dos que foram mortos por causa do nome de Cristo. Na verdade nem sequer a morte pode separar os discípulos de Cristo do amor do seu Senhor e Salvador.

Ÿ Ainda no livro do Apocalipse João diz: "E ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que repousem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem" (Ap. 14:13).

Porque pois são bem-aventurados os mortos que morrem em Cristo? Porque repousam. E onde repousam? No céu, de facto pouco antes João disse ter visto, no céu, debaixo do altar as almas daqueles que foram mortos por causa da Palavra e do testemunho que tinham dado, as quais clamavam pedindo a Deus para lhes fazer justiça, e a eles foi dito "que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram" (Ap. 6:11). Notai que por aquilo que lhes foi dito, aquelas almas já estavam repousando, mas lhes foi dito para repousarem ainda um pouco de tempo até a um certo tempo. Então deve-se dizer que quem entra no céu "repousa de suas obras, como Deus repousou das suas" (Heb. 4:10). Glória a Deus em eterno. Amen.

Mas queremos também dizer algo a respeito daqueles que não morrem em Cristo. Eles não são bem-aventurados porque não repousam de maneira nenhuma porque vão para as chamas do Hades onde não têm descanso algum. Poderia haver alguma vez repouso num lugar de tormento, horrível, onde centenas e centenas de milhões de almas choram e rangem os dentes por causa das dores atrozes que lá padecem? Aqueles que morrem nos seus pecados são pois chamados infelizes dentre todos porque vão para os tormentos. Graças sejam dadas a Deus em Cristo Jesus por nos ter salvo desta atroz e tenebrosa sorte. Amen.

Ÿ Paulo diz a Timóteo: "Se morrermos com ele, também com ele viveremos " (2 Tim. 2:11).

Que significa isto? Que se nós morrermos na fé, iremos viver no céu com Cristo; e isso logo depois da morte. Na ressurreição depois (que acontecerá na volta de Cristo do céu), nós obteremos um corpo incorruptível que revestirá a nossa actual alma e com ele sairemos dos sepulcros depois que a nossa alma voltar a ele, e com aquele novo corpo continuaremos a viver com o Senhor.

Ÿ Ainda a Timóteo Paulo disse antes de deixar este mundo: "O Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial" (2 Tim. 4:18).

Eis que confiança tinha Paulo; a que o Senhor o receberia no seu reino celestial no acto da sua morte. E com isso concordam as palavras de Asafe que muito tempo antes disse pelo Espírito: "Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás em glória" (Sal. 73:24).

Ÿ Jesus disse: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá" (João 11:25-26).

Isso significa que um crente ainda que morra segundo a carne continua a viver. Mas onde continua a viver? Para onde vai viver? No terceiro céu, onde está o Senhor da glória porque Jesus disse: "Onde eu estiver, ali estará também o meu servo" (João 12:26).

Nós, dilectos, estamos sobremodo consolados e felizes em saber que onde está o nosso Senhor lá também nós estaremos um dia, se contudo perseverarmos na fé. Não estamos minimamente angustiados em pensar que um dia teremos que ir embora desta terra, porque sabemos que para onde iremos se está de longe muito melhor que aqui na terra. Enquanto os pecadores vão para um lugar onde estarão muito, muito pior do que na terra, nós crentes, pela graça de Deus, iremos para um lugar melhor. Enquanto os pecadores não sabem para onde vão porque andam nas trevas, nós sabemos bem para onde vamos porque agora conhecemos o caminho que conduz para onde Jesus foi depois de ter feito a purificação dos pecados conforme disse Jesus: "Para onde eu vou vós conheceis o caminho" (João 14:4); Jesus Cristo é o caminho que leva ao Pai e nós as suas pisadas queremos seguir para entrar no seu reino eterno. E a morte? Amarga coisa certamente, porque para quem fica não é de modo algum agradável ver o corpo sem vida de um irmão em Cristo, porém recordai-vos que "preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos" (Sal. 116:15).

A Deus, que na sua grande misericórdia nos deu a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor seja a glória agora e pela eternidade. Amen.

O testemunho de uma mulher morta em Cristo e que regressou à  vida

Lura Johnson Grubb, na idade de dezassete anos, enquanto se encontrava enferma na cama, teve em êxtase uma visão do Paraíso celeste. Eis o que ela disse: ‘Vi um grande feixe de luz, mais brilhante que o sol do meio-dia, que descia para mim directamente do céu. Uma auréola luminosa, muito larga em diâmetro circunscrevia aquele raio de glória que tinha como meta o meu travesseiro. A cama parecia ardente pelo seu clarão. (...) Me senti  levantar pelo raio luminoso e transportar para uma cidade a mim desconhecida. Me encontrei nas portas de pérolas. Elas resplandeciam de esplendor na luz transparente do céu. Ainda um outro passo e entrei na cidade de Deus e me encontrei sobre as estradas de ouro semelhantes a vidro transparente. Tudo esplendor à minha volta, mas aquele esplendor não era o efeito de nenhum sol. Não havia necessidade do sol para iluminar durante o dia, nem da lua de noite: a eternidade celestial é constantemente iluminada pela presença continua da luz da Glória. Enquanto atónita contemplava a magnificência que me circundava, pensei: mas certamente isto é o céu’. O céu era o lugar mais maravilhoso do qual alguma vez tivesse ouvido falar ou lido na terra. ‘Seguramente isto deve ser o céu’; e se é, então Jesus deve estar aqui’, conclui para mim mesma. Jesus estava lá. A luz fulgurante que irradiava do Trono de Deus me cegou. Vi o Pai como um fogo consumidor, pode dizer-se como Moisés o descreveu, e à Sua Mão direita vi Jesus. O meu Senhor. Num primeiro momento o vi muito imperceptível: a minha vista estava encoberta e ofuscada por causa do clarão excepcional. Desejava ardentemente ver Jesus; o queria ver claramente e estar certa, sem temer errar, que era o meu Senhor. Assim, alcei as mãos sobre o rosto e esfreguei os olhos. (...) Depois disso podia ver sem impedimento. Era Jesus! Era o meu Salvador, e Ele me olhava. Os seus olhos estavam fixos nos meus parados e cansados pelos trabalhos. O seu olhar amoroso era tão cheio de compaixão, de compreensão, de simpatia que o meu coração se comoveu dentro de mim. Aquele olhar me fascinou, e com toda a alma exaltei a Sua magestade. (...) Enquanto estava assim absorvida na adoração do meu Senhor, ouvi concertos de música flutuantes sobre ondas luminosas do céu. Era uma música perfeita: não se ouviam notas discordantes, mas era tão harmoniosa que quis conhecer a proveniência dela. Embora de má vontade, movi os olhos e me voltei para ver quem era. À distância vi a fileira dos santos que com vestimentas brancas marchavam ordenadamente e cheios de adorações para o Trono de Deus. Eram numerosos e semelhantes à multidão da qual João o revelador escreveu: ‘milhões de milhões, e milhares de milhares’. Eles me passaram tão próximo que poderia estender a mão e tocar-lhes facilmente. Para minha alegre surpresa, vi alguns dos meus ente queridos: Deus os tinha posto na primeira fila. Uma prima minha que se tinha afiliado à Igreja Batista, na mesma manhã em que eu me tinha afiliado, vinha com o rosto radioso para mim. Apenas um ano antes ela tinha caido muito doente e tinha rapidamente passado deste vale de lágrimas, que é a terra, ao cume da felicidade de Deus. Ela me passou próximo e me sorriu, como a dizer; ‘estou contente que tu estejas aqui’. (...) Os santos marchavam em fileira circulando como plumas sobre os degraus em redor do Trono e flutuando com delicadeza divina, em harmonia com o hino marcial, desciam pelo lado oposto, para desaparecer na distância luzente, enquanto outros continuavam a aparecer, a aproximar-se do Trono. Eles marchavam fila após fila, numerosos, quantos os meus olhos podiam abarcar deles o bastante. Oh! Como resplandeciam de glória as suas vestes! Eram mais brancas do que a neve, e deslumbravam literalmente a vista. (...) Queria estar no céu, queria unir-me àquele exército Celestial e louvar o Senhor para sempre. Queria ouvir aquela música maravilhosa, ver a glória e gozar a bem-aventurança. Mas de repente a cena mudou e os meus olhos físicos reapareceram no mundo natural’ (Lura Johnson Grubb, Viver para falar de morte, s.l., s.d, pag. 34-35,38-39). Pouco depois a mesma irmã conta a sua morte e a sua partida. Eis as suas palavras: ‘Os entes queridos que se tinham reunido na minha casa, cheios de compaixão, estavam fazendo tudo o que estava nas suas possibilidades fazer para me manterem viva. A última tentativa a fez o meu tio. Pensando que talvez a circulação do sangue se tinha tornado demasiado fraca para aquecer o meu corpo, pediu às mulheres para me aplicarem sobre os pés e sobre as pernas toalhas aquecidas com vapor. No mesmo momento em que eles tocaram a minha carne fria de morte, o corpo se enrijeceu e os pés se levantaram diversos centímetros da cama. Não se tratava de uma insuficiente circulação, mas da morte que estava tomando posse do meu corpo. Sabia que estava morrendo. De repente, pareceu-me como se o telhado da nossa casa se levantasse. Enquanto o sol irradiava  os primeiros raios róseos da manhã no céu do campo do Mississipi, vi os céus cheios de miríades de objectos semelhantes a pássaros. A abóbada celeste estava obscurecida por aquela multidão. Eles estavam descendo cada vez mais para baixo até alcançar uma altura suficientemente próxima para que eu pudesse reconhecê-los: era o exército do céu que tinha conhecido apenas poucas horas antes. Quanto me tinha encontrado na presença do Senhor, de repente um deles se separou e desceu até ao ângulo do meu quarto, aqui se deteve um instante e hesitante, vendo que os meus familiares se estavam despedindo de mim. Minha mãe tinha estado todo o tempo ao lado da minha cama, continuando a orar ao Senhor para me deixar viva. Ao ver o coro celestial a descer, clamei com fraca voz: ‘Estão vindo para me levar; não vedes, venham para mim!’ Oh! Pensava que todos os que se encontravam no quarto os vissem! Eu os via claramente, e tinha a certeza que eles vinham para mim. Os parentes e os amigos silenciosamente se alternavam próximo da minha travesseira para depor o último beijo sobre meu lábios roxos e enquanto se curvavam sobre mim qualquer quente lágrima de dor, vinha a cair sobre as minhas faces geladas. As minhas irmãs romperam em soluços ao se despedirem de mim pela última vez; o meu irmãozinho beijou-me com ternura, mas era demasiado pequeno para se dar conta do que estava acontecendo e da dor dos adultos que bem conheciam o significado da morte e as torturas de uma separação para sempre. Por último a minha mãe se debruçou sobre mim, me puxou para o seu seio e chorou. Disse-lhe: ‘Mamã não chores por favor! Não chores! Estou lá em cima, nos encontraremos novamente’. Muito relutante e com um sentimento de desconfiança, de frente para a desagradável sombra negra que tinha vindo para provar a felicidade no seu pequeno ninho, a mamã se endireitou e permaneceu próximo da minha cama. Exalei um último e profundo respiro, e docemente, sem resistência parti do corpo para unir-me à escolta celestial que tinha esperado no ângulo do quarto que por último minha mãe se despedisse de mim. Uni-me à guia Angélica que me esperava num ângulo do quarto e juntos iniciámos a viagem para o alto. Antes porém, ao levantar-me da cama virei-me para olhar pela última vez o lugar do qual estava de partida, como a borboleta ágil e colorida parte do casulo para entrar na frágil atmosfera da primavera Celestial. Vi a mamã agachar-se ao chão desesperada com o coração partido, e a ouvi soluçar de tal maneira que temi que o seu coração pudesse rebentar. Aquele foi o único evento que estragou a perfeita felicidade da minha partida. Sofri ao ver a mamã tão aflita. (....) Quando chegamos ao seu companheiro o anjo que tinha prolongado o quadro mortuário na minha casa, a cena do quarto desapareceu completamente no esquecimento. Estava grandemente entusiasmada com o pensamento de voltar ao lugar maravilhoso da eternidade sem lágrimas, de caminhar sobre as estradas pavimentadas de ouro e marchar junto à fileira dos santos, vestidos de branco, de ouvir a doce melodia do ‘canto dos remidos’. Estava muito impaciente, olhava fixadamente para o alto, esperando ver a todo o instante aparecer sobre o horizonte espaços, o primeiro raio de glória que anunciasse a cidade de Deus. (...) Continuamos a flutuar para o alto, sempre mais alto, atravessando os espaços, por um certo tempo. De repente o silêncio foi rompido; o meu companheiro falou e disse: ‘Tu não podes ainda ir lá em cima!’ Repeti para mim: ‘não posso ir ainda lá em cima, e porque não? Pensava pelo contrário que estivessemos quase a chegar’! Mas antes que pudesse dizer alguma coisa ele prosseguiu: ‘O Senhor tem trabalho para ti’. Trabalho para mim?’ continuei a perguntar-me. O Anjo explicou: ‘O Senhor quer enviar-te para a terra novamente, para avisar as pessoas que Jesus cedo volta! (...) Olhando à volta, encontrei-me completamente sozinha: a minha guia angélica tinha desaparecido e o Senhor não era visível em nenhuma parte. Lentamente comecei a descer, sempre mais para baixo, até que avistei à distância o perfil da pequena casa em que jazia o meu corpo físico sem vida. Durante os quarenta e cinco minutos em que tinha estado ausente e o meu corpo permaneceu sem respiração e circulação o Senhor tinha operado no coração da minha mãe. Quando tinha exalado o último respiro e o tio tinha dito: ‘morreu’ a mamã, depois de ter dado desabafo à dor, tinha corrido para o quarto ao lado da cama, tinha-se prostrado de joelhos e, com o rosto sepultado entre as colchas da cama, tinha clamado ao Senhor: ‘Senhor, durante três anos te pedi para curares a minha filha, a Ti o pedi como melhor pude; nestes seis últimos dias, jejuei e orei, Senhor, fiz tudo o que soube fazer! E agora, apesar de a sua vida esteja acabada; Tu és poderoso para me restituir a minha filha. Restitui-me a minha filha Senhor, caro, restitui-me a minha filha! O Senhor escutou o seu clamor, e lhe falou de maneira audível: ‘tu pediste a cura da tua filha; mas estás disposta a consagrá-la a mim? A mamã nunca tinha pensado nisso; tinha orado pela minha cura porque me queria para si. Naquele momento ela compreendeu e disse: ‘Sim Senhor, Te a consagrarei!’ Se tu lhe restituires a vida, ela depois poderá ir para onde Tu quiseres, e eu não levantarei um dedo para impedi-lo. (...) Figurativamente falando, exactamente como o pai Abraão pôs Isaque sobre o altar, assim a minha mãe me pôs sobre o altar do serviço de Deus. Ela anuiu ao pedido do Senhor. O Senhor lhe disse: ‘enxuga os olhos, escutei a tua oração, vai e vê o que Eu, o Senhor, fiz’. Na fé e obediência à voz divina ela se levantou do seu Monte Moriá e confiante entrou no meu quarto. Se dirigiu logo para a minha cama, sobre a qual jazia um corpo sem vida, não havia respiração, não havia pulsação. Tinha o Senhor verdadeiramente falado? Teria Ele respondido à oração? Talvez estivesse enganada? Ela estava certa que Deus tinha falado! Ele responderia! Não estava enganada! Esperaria por isso confiante! Os amigos, os vizinhos, pensavam que aquela ausência de quarenta e cinco minutos do quarto, lhe tinha servido para a fazer voltar a si. Vendo-a tão serena, não se opuseram a que ela se aproximasse de novo da cama da sua filha e que lá permanecesse todo o tempo que desejasse. Não passaria muito tempo que aquele amado espólio seria posto para sempre no profundo seio da terra. A observavam todos atentamente, prontos a intervir em sua ajuda, em caso de ser necessário. Enquanto minha mãe e eu estavamos ausentes no quarto, os familiares tinham começado a dispor todas as coisas para o funeral que se teria que fazer nas primeiras horas daquela tarde, de maneira a que se pudesse transportar o caixão para Water Vallej, a cerca de sessenta Km de distância da nossa habitação, para dar-lhe sepultura no nosso jazigo de família, onde também o papá tinha sido sepultado. (....) Os nossos amigos próximos se tinham apresentado para dar uma mão de ajuda a organizar o funeral, enquanto a mamã se entretinha no quarto ao lado para fazer a Deus uma consagração completa e permanente em troca da minha ressurreição. Agora porém a mamã se encontrava de pé, ao lado da minha travesseira, esperando a resposta prometida pelo Senhor; Ele nunca tinha faltado para com ela, e não faltaria também agora. Estava imóvel como uma estátua, com os olhos sobre o meu rosto de cera e sobre os meus lábios lívidos que, como os outros pensavam, deveriam permanecer fechados até ao dia em que, ao som da trombeta de Deus, os mortos em Cristo ressuscitarão. Mas inesperadamente, o cadáver se sentou sobre a cama! O milagre tinha acontecido! Deus tinha sido fiel para com minha mãe’ (Lura Johnson Grubb, op. cit., pag. 41-49).

Conclusão

Para conclusão deste tratado, irmãos, quero dizer-vos para vos alegrardes e exultai tendo em vista aquele dia no qual, se fordes achados na fé, passareis deste mundo para aquele melhor que está no céu, onde à espera da ressurreição estareis na presença de Deus e do seu Filho louvando-os continuamente, e onde há paz e fartura de alegria. Lá não há nem pranto, nem aflições, e nenhum tipo de dor. Lá, a glória de Deus ilumina tudo e todos, e tudo é esplendor e magnificência.

Mas além de vos alegrardes, falai entre vós deste lugar maravilhoso que é o paraíso celestial para vos consolardes, e indicai aos pecadores o caminho para lá chegar a fim de que também eles caindo em si mesmos se encaminhem por ele.

Uma última coisa irmãos: como disse pouco atrás, para o céu ireis somente se fordes achados na fé, este é um  ponto que deveis sempre ter presente para não vos iludirdes e cair no engano do diabo. Jesus de facto disse: "Aquele que perseverar até ao fim, será salvo" (Mat. 24:13), e ainda: "Com a vossa perseverança ganhareis as vossas almas" (Lucas 21:19). Condição pois indispensável para entrar no reino celestial no fim dos nossos dias é crer no nome do Filho de Deus até ao fim.

Quem recua irá para a perdição, no fogo do  inferno onde há pranto e ranger de dentes. A sua alma em vez de ser recebida em glória, será coberta de ignomínia no inferno, juntamente com a de todos os ímpios entre os quais estão também aqueles que um dia na terra creram mas depois decidiram abandonar o caminho santo para voltar a revolver-se nas contaminações do mundo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo, melhor é cair nas mãos dos homens do que nas do nosso grande Deus chamado também o Temor de Isaque e o Tremendo.

Que pois o temor de Deus vos acompanhe todos os dias da vossa vida, irmãos; que ele esteja sempre diante dos vossos olhos. Amai-o até ao fim e ele vos fará escapar das chamas do lugar dos mortos e vos fará entrar no reino de Deus. Alcançareis assim os santos que antes de vós combateram a boa guerra, e conservaram a fé até ao fim. Estai firmes na fé; sede zelosos pela causa do Evangelho, abundai em boas obras.

                              Orai continuamente.







quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

SERMÃO DE JOHN WESLEY - A ORIGEM, NATUREZA,PROPRIEDADE E USO DA LEI

A  Origem, Natureza, Propriedade e Uso da Lei
John Wesley


'E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom'.
(Romanos 7:12)


1. Talvez, existam poucos assuntos, nos quais toda a extensão da religião seja tão pouco entendida como este. Usualmente, se diz ao leitor desta Epístola, que, através da lei, Paulo quer dizer, a Lei Judaica; e, assim, entendendo que ele mesmo não tem interesse nela, seguindo em frente, sem maiores preocupações a seu respeito. De fato, alguns não estão satisfeitos com este relato; mas observando a Epistola, que é dirigida aos romanos, inferimos que o Apóstolo, no início desse capítulo, alude à Lei romana antiga. Mas como eles não têm mais preocupação com esta, do que com a lei cerimonial de Moisés, então, eles não gastam muito tempo, no que eles supõem seja ocasionalmente mencionado, meramente para ilustrar uma outra coisa.

2. Mas um observador cuidadoso do discurso do Apóstolo não irá se satisfazer com essas ligeiras explicações dele. E por mais que ele pese as palavras; por mais convencido que ele seja, de que Paulo, através da lei mencionada neste capítulo, não quer dizer, nem a lei antiga de Roma, ou a lei cerimonial de Moises. Isto só irá aparecer, claramente, a todo aquele que considerar atentamente o teor do seu discurso. Ele começa o capítulo, 'Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei)' – a eles que têm sido instruídos nisto, desde a sua juventude,'que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?' (Qual? A lei de Roma apenas, ou a lei cerimonial? Não, certamente; mas a lei moral). Para dar um exemplo simples: 'a mulher que tem um marido está sujeita, pela lei' moral, 'ao seu marido. De modo que, enquanto seu marido viver, se ela desposar um outro homem, ela será chamada de adúltera: mas, se seu marido estiver morto, ela estará livre daquela lei: de modo que não mais será adúltera, mesmo estando ligada a outro homem'. Desse exemplo particular, o Apóstolo prossegue esboçando a conclusão geral: 'Assim sendo, meus irmãos', através de uma clara paridade de razão, 'vocês também se tornam mortos para a lei'; para toda a instituição Mosaica, 'através do corpo de Cristo', que foi oferecido por vocês, e que os trouxe para uma nova dispensação: "Para que vocês pudessem", sem qualquer censura, 'estar casados a outro;até mesmo com aquele que se ergueu dos mortos'; e que tem, por meio disto, dado prova de sua autoridade, para fazer a mudança; 'para que possamos produzir os frutos junto a Deus'.

E isto nós podemos fazer agora; não obstante, antes não pudéssemos, 'uma vez que estávamos na carne' – debaixo do poder da carne; ou seja, da natureza corruptível, o que foi necessariamente o caso; até que soubéssemos do poder da ressurreição de Cristo, 'os movimentos dos pecados, que eram, através da lei', -- que foi mostrada e afirmada pela Lei Mosaica, não subjugada, 'operavam em nossos membros', -- expandindo-se em caminhos diversos, 'para produzirem os frutos da morte'. 'Mas nós agora estamos livres da lei';de toda aquela organização moral, assim como cerimonial; 'para que estando mortos, no que, estivemos presos';-- aquela instituição inteira, estando agora, assim como foi, morta, e tendo não mais autoridade sobre nós, do que o marido, morto, tem sobre sua esposa: 'Possamos servir a Ele', -- que morreu por nós, e ressuscitou, 'em novidade de espírito'; -- em um novo desígnio espiritual; 'e não na velhice da letra'; com um serviço exterior simples, de acordo com a letra da Instituição Mosaica.


(Romanos 7:1-6) 'Não  sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus. Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra'.

3. O Apóstolo, tendo ido, assim, tão longe, para provar que o Cristão tem de colocar de lado a dispensação Judaica, e aquela da própria lei moral, embora ela nunca venha a passar, mas ainda permaneça, em um alicerce diferente do que fora antes, -- agora faz uma pausa, para propor uma resposta a uma objeção: 'O que devemos dizer, então? É a lei um pecado?'. Isto, alguns podem inferir da incompreensão daquelas palavras, 'os movimentos dos pecados que eram pela lei'.  'Deus proíbe!', diz o Apóstolo, que possamos pensar dessa forma. Mais ainda: a lei é um inimigo irreconciliável para o pecado; através da lei: 'porque eu não saberia que a luxúria', o desejo pecaminoso seria pecado, 'exceto, se a lei  dissesse: Não cobiçarás'. (Romanos 7:7).

(Depois de declarar isto, mais além, nos quatro versos que se seguem, ele anexa essa conclusão geral, com respeito, mais especificamente, à lei moral, modelo do qual o exemplo precedente foi tomado: 'E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom'. Romanos 7:12)

4. Com o objetivo de explicar e reforçar essas profundas palavras, tão pouco consideradas, porque tão pouco entendidas, eu devo me esforçar para mostrar:

I.              A origem dessa lei:
II.           A natureza  dela:
III.        As propriedades; santa, justa e boa
IV.         O uso dela.

I

1. Eu devo, primeiro, me esforçar para mostrar a origem da lei moral, freqüentemente chamada de 'a lei', pelo caminho da eminência. Agora, não é, como muitos podem ter possivelmente imaginado, de uma instituição tão recente, como a do tempo de Moisés. Noé a declarou aos homens, muito antes daquele tempo, e Enoque, antes dele. Mas nós podemos traçar sua origem mais anterior ainda, até mesmo, mais além da criação do mundo: para aquele período, desconhecido, realmente, para os homens, mas, sem dúvida, registrado nos anais da eternidade, quando 'as estrelas da manhã', primeiro, 'cantaram juntas', sendo, recentemente, chamadas à existência. Agradou ao grande Criador fazer desses seus primogênitos, criaturas inteligentes, para que eles pudessem conhecer a Ele que os criou. Para essa finalidade, Ele os dotou com entendimento, para discernirem a verdade da falsidade; o bom do mau; e, como um resultado necessário disto, com liberdade -- a capacidade de escolherem uma e recusarem a outra. Através disto, eles foram, igualmente, habilitados a oferecerem a Ele um serviço livre e de boa-vontade; um serviço digno de galardão em si mesmo, assim como, mais aceitável para seu gracioso Mestre.

2. Para empregar todas as faculdades que Ele deu a eles; particularmente, o entendimento e a liberdade, Ele deu a lei; um modelo completo de toda a verdade, na medida em que fosse inteligível a uma existência finita; e todo o bem, na medida em que as mentes angelicais fossem capazes de compreender. Foi também objetivo do seu Governador misericordioso criar, nesse contexto, um caminho para o contínuo crescimento da felicidade deles; vendo que toda a obediência a esta lei iria tanto acrescentar à perfeição da sua natureza, quanto dar a eles o direito à mais alta recompensa que o reto Juiz daria em sua época.

3. De igual maneira, quando Deus, em seu tempo determinado, criou uma nova ordem de criaturas inteligentes; quando Ele criou o homem do pó da terra, e soprou nele o fôlego da vida, e fez com que ele se tornasse uma alma vivente, dotada com poder de escolher o bem ou o mal; Ele deu para essa criatura livre, inteligente, a mesma lei, que para Seus primogênitos, -- não escrita, de fato, sobre tábuas de pedras, ou alguma substância corruptível, mas estampada no coração, através do dedo de Deus; escrita no mais íntimo do espírito, ambos de homens e de anjos; com o propósito de que ela nunca estivesse a grande distância; nunca fosse difícil de ser entendida, mas estivesse sempre à mão, e sempre brilhando com uma luz clara, assim como o sol no meio do céu.

4. Tal foi a origem da lei de Deus. Com respeito ao homem, ela era contemporânea à sua natureza; mas com respeito aos filhos mais velhos de Deus, ela brilhou em todo seu esplendor 'ou nunca as montanhas teriam surgido, ou a terra e o mundo teriam sido criados'. Mas não foi muito tempo antes que o homem se rebelasse contra Deus, e, por não cumprir sua lei gloriosa, por pouco, a apagou de seu coração; os olhos de seu entendimento, estando enegrecidos, na mesma medida que sua alma estava 'alienada da vida de Deus'. Ainda assim, Deus não desprezou a obra de suas próprias mãos. Mas, estando reconciliado com o homem, através do Filho do seu amor, Ele, em alguma medida, reimprimiu a lei no coração da sua criatura perversa e pecaminosa. "Ele" novamente 'mostrou a ti, Ó homem, o que é bom', embora que não como no início, 'para igualmente fazeres justiça, e amares a misericórdia, e caminhares humildemente com teu Deus'.

5. E isto Ele mostrou, não apenas para nossos primeiros pais, mas igualmente, para toda a posteridade deles, através 'daquela luz verdadeira que iluminou cada homem que veio para o mundo'. Mas, não obstante esta luz, toda carne, no decurso do tempo, tinha 'corrompido seu caminho diante de Deus', até que Ele escolheu, da humanidade, uma pessoa peculiar, para quem deu um conhecimento mais perfeito da sua lei; e os comandos desta, e, porque eles eram vagarosos quanto ao entendimento, Ele escreveu sobre tábuas de pedras, que Ele ordenou aos pais para ensinarem a seus filhos, através de todas as gerações que se seguiram.

6. E assim, a lei de Deus passa a ser conhecida por aqueles que não conhecem a Deus. Eles ouvem, com os ouvidos da carne, as coisas que foram escritas anteriormente para nossa instrução. Mas isto não é suficiente: eles não podem, de modo algum, compreender a altura, profundidade, comprimento e largura disto. Deus apenas pode revelar isto, através de Seu Espírito. E assim Ele faz, para todo aquele que verdadeiramente crê, em conseqüência daquela promessa graciosa, feita a toda Israel de Deus: 'Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo ' (Jeremias 31:31-33).

II

1. A natureza daquela lei que foi originalmente dada para os anjos no céu e o homem no paraíso, e que Deus tem tão misericordiosamente prometido escrever, mais uma vez, nos corações de todo crente verdadeiro, foi a segunda coisa que eu propus mostrar. Com este objetivo, eu primeiro, observaria que, embora a 'lei' e o 'mandamento' sejam, algumas vezes, diferentemente tomados (o mandamento significando, a não ser, uma parte da lei), ainda assim, no texto, eles são usados como termos equivalentes, deduzindo uma e a mesma coisa. Mas nós não podemos entender aqui, tanto por um quanto pelo outro, a lei cerimonial. Não é a lei cerimonial, a respeito do que o Apóstolo diz, nas palavras acima citadas: 'Eu não teria conhecido o pecado, se não fosse pela lei': Isto está muito claro para necessitar de uma prova. Nem é a lei cerimonial que diz, nas palavras imediatamente anexas: 'Tu não deves cobiçar'. Portanto, a lei cerimonial não tem lugar na presente questão.

2. Nem podemos entender, através da lei mencionada no texto, a dispensação Mosaica. É verdade, a palavra é algumas vezes assim entendida; como quando o Apóstolo diz, falando aos Gálatas, em  (Gálatas 3:17), 'Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada', isto é, com Abraão, o pai da fidelidade, 'por Deus em Cristo, a lei', ou seja, a dispensação Mosaica, 'que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa'. Ele, em nenhum lugar, afirma que a lei Mosaica é uma lei espiritual; ou, que ela é santa, justa e boa. Nem é verdade que Deus irá escrever aquela lei nos corações daqueles, cujas iniqüidades Ele não mais se lembra. Permanece que 'a lei' , eminentemente assim denominada, não é outra, do que a lei moral.

3. Agora, esta lei é um quadro incorruptível do Altíssimo, e do Espírito Santo que habita a eternidade. É Ele quem, em sua essência, nenhum homem viu, ou pode ver, feito visível para homens e anjos. É a face de Deus revelada;  Deus manifestado para suas criaturas, o quanto eles sejam capazes de suportar isto; manifestado para dar, e não para destruir a vida, -- para que eles possam ver a Deus e viver. É o coração de Deus revelado para o homem. Sim, de certa forma, nós podemos aplicar para essa lei, o que o Apóstolo diz do Filho de Deus: É a luz propagada ou o resplendor de sua glória; a imagem expressa de sua presença.

4. 'Se a virtude', disse o pagão do passado, 'pudesse assumir tal forma, de maneira a podermos vê-la com nossos olhos, que amor maravilhoso ela poderia despertar em nós!'. Se a virtude pudesse fazer isto?! Ela já é feita! A lei de Deus é todas as virtudes em uma, de tal forma, a ser vista com os olhos da face, por todos aqueles cujos olhos Deus tem iluminado. O que é a lei, se não, a virtude e a sabedoria divina, assumindo uma forma visível? O que ela é, se não, as idéias e verdades originais, que foram hospedadas na mente não criada, desde a eternidade, agora suscitada e vestida com tal veículo, de modo a aparecer, até mesmo para o entendimento humano?

5. Se nós examinarmos a lei de Deus, sob um outro ponto de vista, ela é a razão suprema e imutável; é a retidão inalterada; é a aptidão eterna de todas as coisas que são e sempre foram criadas. Eu estou consciente de que existe uma brevidade, e até mesmo, uma impropriedade, nestas, e em todas as outras expressões humanas, quando nós esforçamos para representar, através desses quadros pálidos, as coisas profundas de Deus. Todavia, nós não temos melhor; de fato não temos outro caminho, durante este nosso estado não desenvolvido de existências. Uma vez que nós agora 'sabemos', mas 'em parte', somos constrangidos a 'profetizar', ou seja, a falar das coisas de Deus, 'em parte' também. 'Nós não podemos dispor nosso discurso, em razão da escuridão', enquanto estivermos nesta casa de argila. Enquanto sou 'uma criança', eu devo 'falar como criança': mas, eu logo 'deixarei as coisas infantis': porque 'quando aquele que é perfeito vier, o que estiver em parte, deverá ser deixado de lado'.

6. Mas, para retornar. A lei de Deus (falando segundo a maneira de homens), é uma cópia da mente eterna; uma transcrição da natureza divina: Sim, é o fruto mais justo do Pai eterno; a emanação mais brilhante de sua sabedoria essencial; a beleza visível do Altíssimo. É o deleite e maravilha do querubim e serafim, e de toda a companhia do céu, e a glória e alegria de todo crente sábio; de todo filho de Deus  bem instruído sobre a terra.

III

1. Tal é a natureza da sempre abençoada lei de Deus. Eu, em Terceiro Lugar, mostrarei as propriedades dela: -- Não todas; porque isto iria exceder a sabedoria de um anjo; mas aquelas apenas que são mencionadas no texto. Essas são três: Ela é santa, justa e boa. Primeiro, 'a lei é santa'.

2. Nesta expressão, o Apóstolo não parece falar de seus efeitos, mas, preferivelmente, de sua natureza: Como Tiago, falando a mesma coisa, sob outro nome, diz: 'A sabedoria do alto' (que não é outra coisa, que a esta lei, escrita em nossos corações) 'é, primeiramente pura' – virtuosa, imaculada; eternamente e essencialmente santa. (Tiago 3:17)   'Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia'. E, conseqüentemente, quando é transcrita para a vida, tanto quanto para a alma, é (como o mesmo Apóstolo denomina, em (Tiago, 1:27))  -- religião pura e imaculada; ou, a pura, limpa, e não poluída adoração a Deus.

3. De fato, é no mais alto nível, pura, virtuosa, limpa, santa. Do contrário, não poderia ser o fruto imediato, e muito menos, o semblante expresso de Deus, que é a santidade essencial. A lei é purificada de todo pecado, limpa e imaculada de qualquer toque do mal. É a virgem virtuosa , incapaz de qualquer violação, de qualquer mistura com o que é imoral ou profano. Não tem camaradagem com o pecado de qualquer tipo: Porque 'que comunhão tem a luz com a escuridão?'. Como o pecado é, em sua mesma natureza, inimigo de Deus, então, sua lei é inimiga do pecado.

4. Por esta razão é que o Apóstolo rejeita, com tal abominação, a suposição blasfema de que a lei de Deus, é, em si mesma, tanto pecado quanto causa dele. Deus proíbe que possamos supor que ela é a causa do pecado, porque ela é a descobridora dele; porque ela detecta as coisas escondidas da escuridão, e as traz para o dia claro. É verdade que, por esses meios, (como o Apóstolo observa) 'o pecado parece ser pecado'. (Romanos 7:13) 'Logo o bom tornou-se morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno'. Toda sua máscara é retirada, e aparece em sua deformidade inata É verdade que, aquele 'pecado, pelo mandamento', igualmente, 'se torna excessivamente pecaminoso': Estando agora confinado contra a luz e o conhecimento; estando desprovido, até mesmo do pobre pretexto da ignorância, ele perde sua justificativa, assim como, dissimulação, e se torna, muito mais odioso, ambos para Deus e homem. Sim, é verdade que 'o pecado opera morte, através daquela que é boa'; que, em si mesma, é pura e santa. Quando ele é protraído para a luz, ele não mais se enfurece: quando é reprimido, irrompe com a maior violência. Assim, o Apóstolo (fala na pessoa de alguém que foi convencido do pecado, mas não ainda liberto dele): (Romanos 7:8) 'Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento', detectando e esforçando-se para impedi-lo, tanto mais, 'operou em mim toda a concupiscência; toda maneira de desejo insensato e prejudicial, que aquele mandamento buscava restringir. Assim, 'quando o mandamento vem, o pecado revive', (Romanos 7:9) 'E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri'. Ele não mais se preocupa ou se enfurece. Mas isto não é uma mácula sobre o mandamento. Embora ele seja ofendido, ele não poderá ser pervertido. Isto apenas prova que 'o coração do homem é desesperadamente mau'. Mas 'a lei' de Deus ainda  'é santa'.

5. Ela prescreve, exatamente, o que é certo; precisamente, o que deve ser feito, dito ou pensado, ambos com respeito ao Autor de nossa existência; com respeito a nós mesmos; e com respeito a toda criatura que Ele tenha criado. É adaptada, em todos os aspectos, à natureza das coisas, a  todo o universo, e cada individualidade. É adequada a todas as circunstâncias de cada um, e a todas as suas relações mútuas, quer aquelas que sempre existiram, desde o início, ou as que principiaram, em algum período seguinte. É exatamente de acordo com a conveniência de todas as coisas, se essenciais ou acidentais. Ela vem de encontro com nenhuma dessas, em qualquer grau; nem é desarmônica com elas. Se a palavra for tomada naquele sentido, não existe coisa alguma arbitrária na lei de Deus. Apesar de que o todo, e a parte dela ainda sejam totalmente dependentes sobre sua vontade; de maneira que, 'Que seja feita a Tua', é a lei suprema e universal, na terra assim como no céu.

6. 'Mas a vontade de Deus é o motivo da sua lei? A sua vontade é a origem do certo e errado? Uma coisa é, por conseguinte, certa, porque Deus deseja que seja assim? Ou Ele a deseja, porque ela é correta?'.

Eu temo que essa questão notável seja mais curiosa do que proveitosa. E, talvez, da maneira como ela é usualmente tratada a respeito, ela não consiste tão bem com o respeito que é devido da criatura para com o Criador e Governador de todas as coisas. Dificilmente será decente ao homem solicitar ao supremo Deus que lhe dê um relato dele. Não obstante, com grande temor e reverência, nós podemos falar um pouco. O Senhor nos perdoa, se falamos erroneamente!

7. Parece, então, que toda a dificuldade surge de considerarmos a vontade de Deus, como distinta de Deus: do contrário, ela desaparece. Porque ninguém pode duvidar, a não ser que Deus seja a causa da lei de Deus; mas a vontade de Deus é o próprio Deus. É Deus considerado como desejando, desta ou daquela maneira. Conseqüentemente, dizer que a vontade de Deus, ou que o próprio Deus é a causa da lei, é uma e a mesma coisa.

8. Novamente: Se a lei, a regra imutável do certo e errado, depende da natureza e aptidão das coisas, e das ralações essenciais  uma para com a outra (eu não digo, suas relações eternas; porque a relação eterna das coisas, existindo no tempo, é pouco menos do que uma contradição); se, eu digo, isto depende da natureza e relações das coisas, então, ela deve depender de Deus, ou da vontade de Deus; porque essas coisas, em si mesmas, com todas as suas relações, são as obras de suas mãos. Através da vontade dele, 'para seu prazer', apenas, elas todas 'são e foram criadas'.

9. E ainda assim, pode ser assegurado (o que é provavelmente tudo o que uma pessoa atenciosa poderia discutir a respeito), que, no mesmo caso particular, Deus deseja isto ou aquilo (suponha que os homens possam honrar seus pais), porque é certo, de acordo com a aptidão das coisas, para a relação em que elas se situam.

10. A lei é, então, certa e justa, concernente a todas as coisas. E é boa, assim como justa. Isto, nós podemos facilmente inferir da fonte de onde ela flui. Porque, o que foi isto, a não ser a excelência de Deus? O que, se não, que apenas a excelência o inclinou a conceder aquela cópia divina de si mesmo para os anjos santos? Ao que mais podemos atribuir o fato de Ele entregar o mesmo transcrito de sua própria natureza, para o homem? O que, a não ser o amor terno o constrangeu, mais uma vez, a manifestar sua vontade para o homem caído – tanto para Adão, quanto qualquer um de sua semente, que, como ele, foi 'insuficiente para a glória de Deus?'. Não foi o mero amor que o moveu a publicar sua lei, segundo os entendimentos dos homens que eram ignorantes? E enviar seus profetas para declarar aquela lei para os filhos, cegos e imprudentes, dos homens? Sem dúvida, foi sua benevolência que ergueu Enoque e Noé, para serem pregadores da retidão; que fez de Abraão, seu amigo; e Isaac, e Jacó, testemunhas da sua verdade. Foi a benevolência apenas, que, quando 'a escuridão cobriu a terra, e a densa ignorância, as pessoas', deu uma lei escrita para Moisés, e, através dela, para a nação que escolhera. Foi o amor que explicou esses oráculos vivos, através de Davi e todos os profetas que se seguiram; até quando o cumprimento do tempo chegou, e Ele enviou seu Unigênito, 'não para destruir a lei, mas para cumprir'; para confirmar cada jota e til dela; até que a tendo escrito nos corações de todos os seus filhos, e colocado todos seus inimigos sob seus pés, 'Ele entregasse' seu 'reino' mediador 'para o Pai, para que Deus pudesse ser tudo em todos'. (I Corintios 15:28) 'E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos'.

11. E esta lei, que a benevolência de Deus deu, a princípio, e que Ele preservou, através de todos os tempos, é, como a fonte de onde ela flui, cheia de bondade e benignidade; é compassiva e delicada; e, como o salmista a expressa, mais doce que o mel, e o favo de mel". É cativante e cordial. Ela inclui 'todas as coisas que são amáveis e de boa reputação. Se existe alguma virtude, se existe algum louvor', diante de Deus e seus anjos santos, eles estão todos inseridos nisto; onde estão escondidos todos os tesouros da sabedoria, conhecimento e amor, divinos.

12. E é boa, em seus efeitos, assim como, em sua natureza. Como a árvore é, assim, são seus frutos. Os frutos da lei de Deus, escrita no coração, são 'retidão, paz, e segurança, para sempre'. Ou, antes, a lei, em si mesma, é retidão, preenchendo a alma com a paz que ultrapassa todo entendimento; fazendo com que nos regozijemos, sempre mais, no testemunho de uma boa consciência em direção a Deus. É para  uma garantia tão propriamente; como 'um penhor de nossa herança', sendo uma parte da posse adquirida. É Deus feito manifesto, em nossa carne, e nos trazendo com Ele a vida eterna; nos assegurando, através daquele amor puro e perfeito, que fomos 'selados para o dia da redenção'; que Ele irá 'nos poupar, como um homem pouca seu próprio filho que o serve', 'naquele dia, quando Ele compensará suas jóias'; e para que lá reste para nós 'uma cora de glória que não desaparece'.

IV

1. Resta apenas mostrar, em Quarto e último lugar, o uso da lei. E, o Primeiro uso dela, sem dúvida, é convencer o mundo do pecado. Esta é, realmente, a obra peculiar do Espírito Santo, que pode operar isto, sem quaisquer meios, afinal, ou através dos meios que agradar a ele, mesmo que insuficientes, em si mesmos, ou até impróprios para produzirem tal efeito. E, conseqüentemente, existem alguns cujos corações têm sido quebrados em pedaços, imediatamente, tanto na doença, quanto na saúde, sem qualquer causa visível, ou quaisquer meios exteriores que sejam; e outros (um em alguma época) têm sido despertados para uma consciência da 'ira de Deus habitando sobre ele', por ouvir que 'Deus está em Cristo, reconciliando o mundo para si mesmo'.

Mas convencer os pecadores, através da lei, é o método comum do Espírito de Deus. É isto que, estabelecendo morada na consciência, geralmente faz as rochas em pedaços. É, mais especialmente, esta parte da palavra de Deus, que é mais rápida e poderosa; cheia de vida e energia, 'e mais afiada do que qualquer espada de dois fios'. Isto, na mão de Deus e daqueles a quem Ele enviou, penetra através de todas as camadas de um coração enganoso, e divide, até mesmo, a alma e o espírito'; sim, como fora, mesmo 'as juntas e tutano'. Assim, o pecador é revelado para si mesmo. Todas as suas folhas de figueira são feitas em pedaços, e ele vê que é 'desprezível, pobre, miserável, cego e nu'. A lei prova a culpabilidade, de todos os lados. Ele se sente um mero pecador. Ele não tem como pagar. Sua 'boca é fechada', e ele permanece 'culpado diante de Deus'.

2. Matar o pecador é, então, o Primeiro uso da lei; destruir a vida e força, nas quais ele confia, e convencê-lo de que ele está morto, enquanto ele vive; não apenas debaixo da sentença de morte, mas verdadeiramente morto para Deus; vazio de toda vida espiritual; 'morto nas transgressões e pecados'. O Segundo uso dela, é trazê-lo de volta à vida; para junto de Cristo, para que ele possa viver. É verdade que, na execução de ambas essas missões, ela executa o papel de uma professora escolar severa. Antes de nos dirigir pelo amor, ela nos dirige pela força. Mas, ainda assim, o amor é a fonte de tudo. É o espírito do amor que, através desses meios dolorosos, arranca fora nossa confiança na carne, que não nos deixa em que confiar, e então, constrange o pecador, despido de tudo, a clamar na amargura de sua alma, ou a gemer na profundidade de seu coração: 'Eu deixo de lado toda justificativa, -- Senhor, eu estou condenado; mas Tu morreste',

3. O Terceiro uso da lei é nos manter vivos. É o grande meio, pelo qual o Espírito abençoado prepara o crente para uma comunicação maior da vida de Deus.

Eu temo que essa grande e importante verdade é pouco entendida, não apenas pelo mundo, mas, até mesmo, pelos muitos a quem Deus tem tirado do mundo; aqueles que são filhos verdadeiros de Deus pela fé. Muitos desses repousam, em uma verdade não questionada, a de que, quando vamos para Cristo, nós desistimos da lei, e que, neste sentido, 'Cristo é o fim da lei para todo aquele que crê'. 'O fim da lei': então, Ele é o fim, 'para a retidão', para a  justificação, 'para todo aquele que crê'. Neste contexto, a lei é o fim. Ela não justifica ninguém, apenas os traz para Cristo; que é também, em outro aspecto, a finalidade ou a extensão da lei, -- o ponto,  em que ela continuamente objetiva. Mas, quando ela nos traz até Ele, ainda assim, a sua tarefa vai mais além, ou seja, nos manter com ele. Porque continuamente estimula todos os crentes, quanto mais eles vêem sua altura, profundidade, comprimento e largura, a exortar um ao outro muito mais, -- Mais e mais intimamente nos permita aconchegamo-nos, no seu amado abraço, esperando sua plenitude receber, e a graça responder à graça.

4. Permitindo, então, que todo crente cumpra a lei, já que ela significa a lei cerimonial judaica, ou a inteira dispensação Mosaica; (para esses que Cristo separou); sim, permitindo que cumpramos a lei moral, como um meio de procurar nossa justificação; já que somos 'justificados livremente pela sua graça, através da redenção que está em Jesus'; ainda assim, em outro sentido, nós não temos cumprido esta lei: Porque ela é ainda de uso inexprimível; Primeiro, nos convencendo do pecado que ainda permanece, ambos em nossos corações e vidas, e, por meio disto, nos mantendo próximos a Cristo, para que seu sangue possa nos limpar todo o momento; em Segundo Lugar, provendo forças vindas de nosso Dirigente, dos seus membros vivos, por meio dos quais, Ele nos capacita a fazer o que a lei ordena; e, em Terceiro Lugar, confirmando nossa esperança de alcançarmos o que quer que ela ordene, -- de receber graça sobre graça, até que tenhamos a verdadeira possessão da plenitude de suas promessas.

5. Quão claramente isto concorda com a experiência do verdadeiro crente! Enquanto ele clama: 'Ó, que amor eu tenho, junto à Tua lei! O dia todo é meu estudo nela'; ele vê diariamente, naquele modelo divino, mais e mais, de sua própria pecaminosidade. Ele vê, mais e mais claramente, que ele é ainda um pecador em todas as coisas, -- que nem seu coração, nem seus caminhos estão corretos diante de Deus; e que todo momento, ela o envia para Cristo. Isto mostra a ele, o significado do que está escrito, 'Também farás uma lâmina de ouro puro, e nela gravarás como as gravuras de selos: Santidade ao Senhor. E atá-la-ás com um cordão de azul, de modo que esteja na mitra, na frente da mitra estará; E estará sobre a testa de Arão' (uma espécie de nosso grande sumo Sacerdote),'para que Arão leve a iniqüidade das coisas santas, que os filhos de Israel santificarem em todas as ofertas de suas coisas santas' tanto quanto nossas orações ou coisas santas, da redenção para o restante de nossos pecados!;'e estará continuamente na sua testa, para que tenham aceitação perante o Senhor' (Êxodo 28:36-38).

6. Para explicar isto, através de um único exemplo: a Lei diz, 'Não matarás'; e, por meio disto, (como nosso Senhor ensina) proíbe, não apenas os atos exteriores, mas todo tipo de palavra ou pensamento. Agora, quanto mais eu inspeciono a lei perfeita, mais eu sinto quão longe eu estou de alcançá-la; e quanto mais eu sinto isto, mais eu sinto a necessidade de Seu sangue, redentor de todos os meus pecados, e de seu Espírito, para purificar meu coração, e me fazer, 'perfeito e inteiro; faltando nada'.

7. Por esta razão, eu não posso tratar a lei, algum momento, com indulgência; não mais do que eu posso tratar a Cristo; vendo que eu agora a quero, pelo quanto ela me mantém em Cristo; já que eu sempre precisei dela, para me trazer para Ele. Do contrário, esse 'coração mau da descrença' imediatamente 'se afastaria do Deus vivo'.  De fato, uma está continuamente me enviando para o outro, -- a lei para Cristo, e Cristo para a lei. Por um lado, a altura e profundidade da lei me constrangem a voar para o amor de Deus em Cristo; por outro, o amor de Deus em Cristo, faz benquista a lei para mim, 'acima do ouro e pedras preciosas'; vendo que eu sei que cada parte dela é uma promessa graciosa, que meu Senhor irá cumprir no tempo certo.

8. Quem você é, então, Ó, homem, que 'julga a lei, e fala mal da lei?' --  que a coloca no mesmo nível do pecado, que satanás, e que a morte, e os envia todos juntos para o inferno? O Apóstolo Tiago considerou o julgar ou 'falar mal da lei', uma espécie tão grande de maldade, que ele não soube como exacerbar a culpa de julgar nossos irmãos, mais do que mostrá-la incluída nisto. 'Então, agora', diz ele, 'você não é um executor da lei, mas um juiz!'. Um juiz daquilo que Deus tem ordenado, para julgar a você! De forma que você tem colocado a si mesmo na cadeira de julgamento de Cristo, e derrubado a regra, por meio da qual, Ele irá julgar o mundo! Ó, tome conhecimento da vantagem que satanás tem obtido sobre você; e, para o tempo que virá, nunca pense ou fale levianamente a respeito; muito menos, vista, como um espantalho, esse instrumento abençoado da graça de Deus. Sim, ame e valorize a lei, por causa Dele, de quem ela veio; e por Ele, para quem ela conduz.

9. E se você estiver totalmente convencido de que ela é o fruto de Deus; que ela é a cópia de todas as perfeições inimitáveis Dele; e que ela é 'santa, justa e boa', mas, especialmente para aqueles que crêem; então, em vez de desprezá-la como uma coisa contaminada, veja que você se adira a ela mais e mais. Nunca permita que a lei da misericórdia e verdade; do amor a Deus e ao homem; da humildade, mansidão, pureza, renuncie a você. 'Amarre-a em volta do seu pescoço;escreva-a na tábua do seu coração. Fique perto da lei, se você quer se manter perto de Cristo; segure-a, firmemente; não a deixe escapar. Que esta continuamente o conduza ao sangue redentor, e continuamente confirme a sua esperança, até que 'a retidão da lei seja cumprida em você', e você seja 'preenchido com toda a plenitude de Deus'.

10. E, se seu Senhor já tem cumprido sua palavra; se Ele já tem 'escrito sua lei em seu coração', então, 'permaneça firme, na liberdade, em que Cristo o tem feito livre'. Você não foi apenas feito para ser livre das cerimônias judaicas; da culpa do pecado; e do temor do inferno (esses estão, tão longes de serem tudo, que chegam a ser menor e a mais insignificante parte da liberdade cristã); mas, do que é infinitamente maior: do poder do pecado; do servir ao diabo; de ofender a Deus. Ó, fique firme, nessa liberdade; em comparação a que, todo o restante, nem mesmo merece ser mencionado. Fique firme, no amor de Deus, com todo seu coração, e servindo a Ele com todas as suas forças! Esta é a liberdade perfeita; assim, manter esta lei, e caminhar em todos os seus mandamentos, sem culpa. 'Não seja emaranhado novamente pelo jugo da escravidão'. Eu não quero dizer a escravidão judaica; nem ainda  a escravidão do medo inferno: Esses, eu confio, estão muito longe de você. Mas, precavenha-se de ser emaranhado novamente pelo jugo do pecado; por qualquer transgressão interior ou exterior da lei. Abomine o pecado, muito mais do que a morte ou o inferno; abomine o próprio pecado, muito mais do que a punição por causa dele. Fique longe da escravidão do orgulho, do desejo, da ira, de todo temperamento pecaminoso, ou palavra, ou obra. 'Olhe para Jesus'; e com o objetivo disto, observe mais e mais a lei perfeita - 'a lei da liberdade'; e 'continue nisto'; assim, tu deverás, diariamente 'crescer na graça, e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo'.

[Editado por Michael Anderson, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]