sábado, 24 de setembro de 2011

ESTUDOS DOUTRINÁRIOS / ABRAÃO NO EGITO

ABRÃO NO EGITO

Gn:  12:9 a 20

O SENHOR havia mandado Abrão ir para a terra dos cananeus, e ali prometeu dar a terra aos seus descendentes. Depois de atravessar a terra de norte a sul, peregrinando na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas (Hebreus 11:8-9), Abrão continuou seguindo em direção ao sul, para o Neguebe, uma região sujeita a secas freqüentes. Era o caminho para quem vai ao Egito.
Havia fome naquela terra: por ser uma região semi-árida, as colheitas eram escassas, e as pastagens secavam impedindo a alimentação dos animais.
O Egito, graças ao delta do rio Nilo, tinha água suficiente para sustentar a agricultura e pastagens para os animais. Por isso Abrão seguiu para lá, afastando-se da terra para onde Deus o havia mandado. Na Bíblia, o Egito simboliza o mundo. Assim como Abrão, muitos crentes são tentados pelas atrações do mundo, que parece oferecer um estilo de vida agradável e se esquecem da santificação necessária aos que pertencem a Deus.
A população do Egito ainda era pequena naquele tempo, e a chegada de Abrão com seu séquito de servos, manadas e rebanhos atrairia muita atenção. Mas sua preocupação maior era sua própria segurança, pois sua esposa Sarai era muito formosa, embora tivesse 65 anos de idade (estava ainda no auge de sua beleza, pois viveu 127 anos); os egípcios poderiam cobiçá-la, e matar Abrão para ficar com ela.
Para evitar esse perigo, ele usou de um artifício: mandou Sarai dizer aos egípcios que era apenas irmã dele (o que era verdade, pois também era filha de Terá, mas de outra mulher que a mãe de Abrão - Gênesis 20:12). Assim, se eles se apaixonassem por ela, eles tratariam bem não só a ela, mas também a ele por ser seu irmão.
Este ato de Abrão, nos parece muito censurável, pois não somente ele iria iludir os egípcios faltando com a verdade, mas também parece demonstrar um enfraquecimento de sua fé.
O que ele previa aconteceu: o próprio Faraó recebeu Sarai em sua casa com a intenção de fazê-la sua esposa, e tratou bem a Abraão que ali enriqueceu muito. É provável que a situação de Sarai, separada dele e morando com Faraó, tenha trazido grande amargura para Abrão.
Mas o SENHOR interveio, punindo Faraó e sua família com grandes pragas: não temos sua descrição, mas levaram Faraó a descobrir que Sarai, além de irmã, era também esposa de Abrão.
Faraó repreendeu Abrão por tê-lo iludido, e o expulsou com sua esposa e todos os seus bens.


SERMÃO DE JOHN WESLEY - O QUE É O HOMEM? - PARTE 2

O QUE É O HOMEM?
2a. Parte
John Wesley



'Que é o homem mortal para que te lembres dele?
E o filho do homem, para que o visites?' (Salmos 8:4)


1. Mais do que isto, o que sou eu? Com a ajuda de Deus, eu irei considerar a mim mesmo. Aqui está uma máquina curiosa, 'terrivelmente e maravilhosamente feita'. É uma pequena porção de terra; das partículas da qual aderem, e não sei como, estendidas em incontáveis fibras, milhares de vezes mais finas do que os fios de cabelo. Essas cruzam umas às outras, em todas as direções, e são espantosamente forjadas em membranas; que, por sua vez, são forjadas em artérias, veias, nervos, e glândulas; as quais contêm vários fluídos, circulando, constantemente, através de toda máquina.

2. Para a finalidade desta circulação, uma quantidade considerável de ar é necessária. E isto continuamente, através de um mecanismo adequado para este mesmo propósito. Mas como uma partícula de fogo etéreo é ligada a toda partícula de ar (e uma partícula de água também), assim, tanto o ar, quanto água e fogo são recebidos, juntos, nos pulmões, onde o fogo é separado do ar e água, que são continuamente expelidos; enquanto o fogo, extraído de ambos, é recebido em seu interior e misturado com o sangue. Assim, o corpo humano é composto de todos os quatro elementos, devidamente proporcionados, e misturados; o último do qual constitui a chama vital, de onde flui o calor humano.

 3. Deixe-me considerar isto um pouco mais além... Não é a função primária dos pulmões administrar o fogo para o corpo, o qual é continuamente extraído do ar, através daquela curiosa lareira? Por inspiração, toma-se o ar, água e fogo, juntos. Em suas numerosas células (comumente chamadas de vasos aéreos) separa-se o fogo do ar e água. Este, então, mistura-se com o sangue; uma vez que todo vaso aéreo tem um vaso sanguíneo unidos a ele: E, tão logo o fogo é extraído, o ar e água são expelidos pela expiração.

4. Sem esta fonte de vida; este fogo vital, não poderia haver circulação do sangue; conseqüentemente, nenhum movimento de quaisquer dos fluídos, -- dos fluídos nervosos, em específico, (se não for, mais precisamente, como é altamente provável, que seja deste mesmo fogo que estamos falando a respeito). Portanto, não haveria qualquer sensação, nem qualquer movimento muscular. Eu digo que não haveria circulação, porque a causa usualmente afirmada para isto, ou seja, a força do coração, é completamente inadequada para o efeito suposto. Ninguém supõe que a força do coração, em um homem forte, seja equivalente ao peso de três mil libras. Considerando que ele requer a força igual ao peso de cem mil livras, para propelir o sangue do coração, através de todas as artérias. Isto pode apenas ser levado a efeito, através do fogo etéreo contido no próprio sangue, assistido pela força elástica das artérias, em que ele circula.

5. Mas, além desta estranha composição dos quatro elementos, -- terra, água, ar e fogo, -- eu encontro alguma coisa em mim de uma natureza completamente diferente; nada semelhante a algum desses. Eu encontrei alguma coisa em mim que pensa; que nem a terra, água, ar e fogo; nem alguma mistura deles, pode possivelmente fazer: Tendo percebido objetos, através de alguns desses sentidos, ela forma idéias interiores deles. Ela julga, concernente a eles; ela vê, se eles concordam ou discordam uns com os outros. Ela raciocina concernente a eles: ou seja, infere uma proposição de outra. Ela reflete sobre suas próprias operações; ela é investida de imaginação e memória; e alguma de suas operações, julgamento, em específico, pode ser subdividido em outras.

6. Mas, por quais meios eu poderei aprender em que parte de meu corpo este princípio pensante está situado? Alguns homens eminentes afirmaram que ele é 'tudo em tudo, e está em todas as partes'. Mas, eu não consegui saber nada disto: Estas parecem ser palavras que não têm um significado determinado. Vamos, então, apelar, da melhor maneira que pudermos, para nossa própria experiência. Desta eu aprendi que este princípio pensante não está situado em minhas mãos, pés, pernas ou braços. Não está situado no tronco de meu corpo. Qualquer um pode se assegurar disto, através de uma pequena reflexão. Eu não posso conceber que ele esteja situado em meus ossos, ou em alguma parte de minha carne. Assim sendo, tanto quanto eu posso julgar, parece que ele está situado em alguma parte de minha cabeça; mas se na glândula pineal, ou em qualquer outra parte do cérebro, eu não sou capaz de determinar.

7. Mas, mais além: Este princípio interior, onde quer que este situado, ele é capaz, não apenas de pensar, mas igualmente de mar, odiar, sentir alegria, tristeza, desejo, medo, esperança, e ai por diante, e toda uma série de outras emoções interiores, que são comumente chamadas de paixões ou afeições. Elas são denominadas, por um entendimento geral, de vontade: e são misturas e diversificadas em milhares de maneiras; parecendo ser a única fonte de ação naquele princípio interior que eu chamo de alma.

8. Mas o que é minha alma? Esta é uma questão importante e não é fácil de ser respondida.

Ouve tu submisso, mas de um nascimento humilde,
A algumas partículas separadas da mais fina terra?
Um efeito claro de que a natureza tem de procriar,
quando o movimento ordena, e quando os átomos se encontram?

Eu não posso de maneira alguma acreditar nisto. Minha razão recua diante disto. Eu não posso ficar satisfeito com o pensamento de que a alma é tanto terra, água, ou fogo; ou uma composição de todos eles juntos, fosse apenas por esta razão simples: -- Todos esses, quer separados, ou compostos, de alguma maneira possível, são puramente passivos ainda. Nenhum deles tem o menor poder de automovimento; nenhum deles pode mover-se por si mesmo. 'Mas', diz alguém, 'aquela embarcação não se move?'. Sim; mas não por si mesma; ela é movida pela água na qual ela flutua. 'Mas, então, a água se move'. Verdade; mas a água é movida pelo vento, a corrente de ar. 'Mas o ar se move'. Ele é movido pelo fogo etéreo, que está unido a cada partícula dele; e este mesmo fogo é movido, através do Espírito Todo Poderoso, a fonte de todo movimento no universo. Assim sendo, minha alma tem Dele, um princípio de movimento interior, por meio do qual, ela governa com prazer todas as partes do corpo.

9. Ela governa cada movimento do corpo, apenas com esta exceção, e que é um maravilhoso exemplo da sábia e graciosa providência do grande Criador: Existem alguns movimentos do corpo que são absolutamente necessários para a continuidade da vida; tais como dilatação e contração dos pulmões; a sístole e diástole do coração; a pulsação das artérias; e a circulação do sangue. Esses não são governados, por mim, como me aprouver: eles não esperam a direção de minha vontade. E é bom que não façam isto. É altamente apropriado que todos os movimentos vitais possam ser involuntários; seguindo em frente, quer aludamos a eles ou não. Fosse de outra forma, inconveniências graves poderiam se seguir. Um homem poderia colocar um fim em sua própria vida, quando for que lhe agradasse, interrompendo o movimento de seu coração, ou de seus pulmões; ou ele poderia perder sua vida, por mera desatenção, -- por não se lembrar, e não estar atento à circulação do sangue. Mas, com exceção desses movimentos vitais, eu dirijo o movimento de todo meu corpo.  Embora eu não compreenda como eu faça isto, tanto quanto eu não posso compreender como 'TRÊS que testemunham nos céus são UM'.

10. Mas o que eu sou? Indiscutivelmente, eu sou alguma coisa distinta de meu corpo. Parece evidente que meu corpo não está necessariamente incluído nela.  Porque quando meu corpo morre, eu não devo morrer: eu devo existir tão real quanto anteriormente. E eu não posso deixar de acreditar que este automovimento, princípio pensante - com todas as suas paixões e afeições, irá continuar a existir, embora o corpo esteja emoldurado dentro do pó. Na verdade, no momento, este corpo está tão intimamente ligado com a alma, que eu pareço consistir de ambos. Em meu presente estado de existência, eu indubitavelmente consisto de alma e corpo. E assim, eu devo novamente, depois da ressurreição, para toda a eternidade.

11. Eu estou consciente de uma mais propriedade, comumente chamada de liberdade. Ela é muito freqüentemente confundida com a vontade; mas é de uma natureza muito diferente. Nem se trata de uma propriedade da vontade, mas uma propriedade distinta da alma; capaz de ser manifestada com respeito a todas as faculdades da alma, assim como todos os movimentos do corpo. É um poder de autodeterminação, que, embora ele não se estenda a todos os nossos pensamentos e imaginações, ainda assim, se estende às nossas palavras e ações em geral, e não com muitas exceções. Eu estou completamente certo disto, de que eu sou livre, com respeito a esses, para falar ou não falar; para agir ou não agir; fazer isto ou ao contrário, quanto estou de minha própria existência. Eu não tenho apenas o que é denominado de 'liberdade de contradição', -- o poder de fazer ou não fazer, mas o que é denominado de 'poder da contrariedade', -- um poder de agir de uma maneira, ou de maneira contrária. Negar isto seria negar a experiência constante de toda espécie humana. Cada um sente que ele tem um poder inerente de mover esta ou aquela parte de seu corpo; de mover isto ou não; de mover deste modo ou ao contrário, como lhe aprouver.

Eu posso, quando eu escolho (e assim pode cada um que é nascido da mulher) abrir ou fechar meus olhos, falar; ou ficar em silêncio; levantar-me ou me sentar; esticar minha mão, ou recolhê-la; e usar de algum de meus membros, como me agradar, assim como todo meu corpo. E embora eu não tenha poder absoluto sobre minha própria mente, por causa da corrupção de minha natureza; ainda assim, através da graça de Deus me assistindo, eu tenho o poder de escolher e fazer o bem, tanto quanto o mal. Eu sou livre para escolher a quem servir; e se eu escolho a melhor parte, para continuar nela, até mesmo na morte.

Mas diga-me, trêmula criatura, o que é morte?
O sangue apenas que pára; e a respiração interrompida?
O mais extremo limite de um estreito palmo?
E até mesmo do movimento, que com a vida se inicia?

12. A morte é propriamente a separação da alma do corpo. Disto nós estamos certos. Mas nós não estamos certos (pelo menos em muitos casos) do momento em que esta separação é feita. É quando a respiração cessa? De acordo com uma máxima bem conhecida, 'quando não existe respiração, não existe vida'. Mas nós não podemos absolutamente afirmar tal coisa: porque muitos exemplos têm sido trazidos, daqueles cuja respiração esteve totalmente perdida, e, ainda assim, suas vidas foram recuperadas. É quando o coração não mais bate, ou quando a circulação do sangue cessa? Não exatamente. Porque o coração pode bater novamente; e a circulação do sangue, depois de estar completamente interrompida, começar de novo. Então, a alma é separada do corpo, quando todo o corpo está rijo e frio, como um pedaço de gelo? Mas recentemente existem muitos exemplos de pessoas que estavam assim geladas e rijas, e não tinham sintomas de vida remanescente, que, não obstante, com uma aplicação apropriada, recobraram a vida e a saúde. Portanto, nós não podemos mais dizer que a morte é a separação da alma do corpo; mas em muitos casos, apenas Deus pode dizer o momento daquela separação.

13. Mas o que nós estamos preocupados em saber, e profundamente preocupados em considerar é a finalidade da vida. Mas para que finalidade a vida é concedida a meus filhos? Por que fomos enviados para este mundo? Para uma única finalidade, e nenhuma outra: para que nos preparemos para a eternidade. Para isto tão somente, nós vivemos. Para isto, e nenhum outro propósito, nossa vida nos foi dada ou tem continuidade. Agradou ao Todo sábio Deus, na época em que Ele viu que era bom, levantar-se na grandiosidade de sua força, e criar os céus e terra, e todas as coisas que neles existem. Tendo preparado todas as coisas para ele, Ele 'criou o homem à sua própria imagem, segundo sua própria semelhança'. E qual foi a finalidade de sua criação? Apenas uma, e nenhuma outra, -- para que ele soubesse e amasse, e se regozijasse, e servisse ao seu grande Criador para toda eternidade.

14. Mas 'o homem, estando em honra, não continuou', mas tornou-se inferior, até mesmo, às bestas que perecem. Ele decididamente e abertamente rebelou-se contra Deus, e atirou fora sua submissão à Majestade dos céus. Por este meio, ele instantaneamente perdeu tanto o favor de Deus, quanto a imagem de Deus em que ele foi criado. Quando ele foi, então, incapaz de obter felicidade através da antiga aliança, Deus estabeleceu uma nova aliança com o homem; os termos da qual não foi 'faça isto e viva', mas, 'creia e você será salvo'. Mas, ainda assim, a finalidade do homem é uma só e a mesma; apenas ela se situa em um outro fundamento. Porque o teor claro dela é: 'Creia no Senhor Jesus Cristo, aquele a quem Deus enviou para ser a reparação para seus pecados, e você será salvo'; primeiro, da culpa do pecado, tendo a redenção, através do seu sangue; então, do poder do pecado, que não mais domina sobre você; e então, da raiz do pecado, para a imagem total de Deus. E sendo restaurado, ambos para o favor e imagem de Deus, você deverá conhecer, amar e servir a Ele para toda a eternidade. De modo que a finalidade de sua vida; a vida de todo aquele nascido no mundo é conhecer, amar, e servir ao seu grande Criador.

15. Observe que, como assim é a finalidade, então esta é toda e a única finalidade para a qual todo homem sobre a face da terra, ou cada um de nós, foi trazido para o mundo, e dotado de uma alma vivente. Lembre-se! Nós não nascemos para coisa alguma mais. Nós não vivemos para coisa alguma mais. Sua vida e a minha continuam na terra, para nenhum outro propósito que este, para que possamos conhecer, amar e servir a Deus na terra, e nos regozijarmos nele para toda a eternidade. Considere! Nós não fomos criados para satisfazermos os nossos sentidos, para gratificarmos a nossa imaginação, para ganharmos dinheiro, ou louvarmos a homens; para buscarmos felicidade em algum bem criado, em alguma coisa debaixo do sol. Tudo isto é 'caminhar em sombra vã'; é conduzir uma vida impaciente e miserável, com o objetivo de uma eternidade miserável. Ao contrário, fomos criados para isto, para nenhum outro propósito; para buscarmos e encontramos felicidade em Deus na terra; para afirmarmos a glória de Deus no céu. Portanto, que nossos corações digam continuamente: 'Está é a única coisa a ser feita', -- ter uma coisa em mente, nos lembramos do porquê nós nascemos, e do porquê continuamos a viver, -- 'para atingirmos a marca'. Eu objetivo uma única finalidade para minha existência, Deus; 'Deus em Cristo reconciliando o mundo para si mesmo'. Ele deverá ser meu Deus para sempre e sempre, e meu guia, até mesmo na morte!

Bradford, 02 de Maio de 1788.

John Wesley tinha 85 anos; três anos antes de falecer

[Editado por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ESTUDOS DOUTRINÁRIOS / SEGUNDA VINDA DE CRISTO NA BÍBLIA

Segunda Vinda de Cristo na Bíblia

Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado; porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias. Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis; porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que de antemão vo-lo tenho dito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres. Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados.

os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.
aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus,
E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga a peleja com justiça. Os seus olhos eram como chama de fogo; sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia sabia senão ele mesmo. Estava vestido de um manto salpicado de sangue; e o nome pelo qual se chama é o Verbo de Deus. Seguiam-no os exércitos que estão no céu, em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. No manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores. E vi um anjo em pé no sol; e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, ajuntai-vos para a grande ceia de Deus, para comerdes carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e dos que neles montavam, sim, carnes de todos os homens, livres e escravos, pequenos e grandes. E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos para fazerem guerra àquele que estava montado no cavalo, e ao seu exército. E a besta foi presa, e com ela o falso profeta que fizera diante dela os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e os que adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre. E os demais foram mortos pela espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo; e todas as aves se fartaram das carnes deles.
Outros Versículos encontrados:
Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.

E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
Ora, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, rogamos-vos, irmãos,
a que guardes este mandamento sem mácula e irrepreensível até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo;
Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino;
assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.

Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fôramos testemunhas oculares da sua majestade.

Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos.



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

SERMÃO DE JOHN WESLEY - O QUE É O HOMEM? - PARTE I

O QUE É O HOMEM?
(1a. Parte)
John Wesley

'Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste. Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?' (Salmos 8:3-4)

Quão freqüentemente tem sido observado que o Livro de Salmos é um rico tesouro de devoção; que a sabedoria de Deus supriu as necessidades dos seus filhos em todas as gerações! Em todas as épocas, os Salmos têm sido de uso singular para aqueles que amaram e temeram a Deus; não apenas para os devotos israelitas, mas para os filhos de Deus em todas as nações. E este livro é de uso soberano para a igreja de Deus; não apenas enquanto no seu início (tão maravilhosamente descrito por Paulo, na primeira parte do quarto capítulo aos Gálatas), mas também, desde que, na plenitude do tempo, 'vida e imortalidade foram trazidas à luz pelo Evangelho'. Os cristãos, em todas as épocas e nações têm abastecido a si mesmos deste tesouro divino que tem ricamente suprido as necessidades; não apenas dos 'bebês em Cristo', daqueles que recentemente foram colocados nos caminhos de Deus; mas aqueles que também fizeram grandes progressos nele; sim, de tal que prontamente avançaram em direção 'à medida da estatura da plenitude de Cristo'.

O assunto deste salmo é maravilhosamente proposto no início dele: 'Oh! Senhor, nosso Governador, quão excelente é Teu nome na terra; quem tem estabelecido Tua glória acima dos céus!'. Ele celebra a gloriosa sabedoria e amor de Deus, como o Criador e Governador de todas as coisas. Não é uma conjectura improvável David ter escrito este salmo em uma noite iluminada de estrelas, enquanto ele observava a lua também 'caminhando em seu esplendor', enquanto ele observava: 'Este formoso, semicircular, o amplo céu azulado; terrivelmente largo, e Maravilhosamente claro; com incontáveis estrelas, e incomensurável luz', -- ele irrompeu, com a plenitude de seu coração, para uma exultação natural: 'Quando eu considero Teus céus, o trabalho de Teus dedos, a lua e as estrelas que tu tens ordenado; eu me pergunto, o que é o homem?'. Como é possível que o Criador de tudo isto; dos inumeráveis exércitos do céu e terra, poderia ter alguma consideração, para com esta partícula da criação, cujo tempo 'passa como uma sombra?'.  

Teu esqueleto não passa de pó; tua estatura não é outra, que apenas um palmo. Tua existência um momento, homem tolo!

            'O que é o homem?'. Eu considerarei isto:

I.                   Em Primeiro Lugar, com respeito à sua magnitude;
II.                Em Segundo Lugar, com respeito à sua duração.

I

1. Em Primeiro Lugar, consideraremos o que é o homem, com respeito à sua magnitude. E, neste respeito, quem é qualquer outro indivíduo, comparado com todos os habitantes da Grã Bretanha. Ele não se diminui em coisa alguma na comparação. Quão incompreensivelmente pequeno é alguém comparado com oito ou dez milhões de pessoas! Ele não está tão perdido, quanto uma gota no imenso alto-mar?

2. Mas o que são os habitantes da Grã Bretanha, comparados com todos os habitantes da terra? Supõe-se freqüentemente que estes somam por volta de quatrocentos milhões. Mas este cálculo será justo por aqueles que mantêm que a China sozinha contém cinqüenta e oito milhões? Se isto for verdade, que este império contém pouco menos do que sessenta milhões, nós podemos facilmente supor que os habitantes de todo este globo terrestre somam quatro bilhões de pessoas, preferivelmente a quatrocentos milhões. E o que é algum simples indivíduo, em comparação com este número?

3. Mas o que é a magnitude da própria Terra, comparada com todo o sistema solar?  Incluindo, além daquele vasto corpo celeste, o sol, tão imensamente maior do que a Terra, e toda série de planetas primários e secundários; diversos dos quais (eu quero dizer dos planetas secundários, supondo que satélites ou luas de Júpiter e Saturno) são abundantemente maiores do que toda a Terra?

4. E, ainda assim, o que é toda quantidade de matéria contida no sol, e todas aqueles planetas primários e secundários; com todos os espaços compreendidos no sistema solar, em comparação com aquele que está permeado por aqueles corpos maravilhosos, os cometas? Quem, a não se o próprio Criador pode 'dizer o número desses, e chamá-los por seus nomes?'. Ainda assim, o que é até mesmo a órbita de um cometa, para o espaço que o contém, para o espaço que é ocupado pelas estrelas fixas, e que estão à uma distância imensa da Terra, de modo que apareçam, quando são vistas através dos telescópios mais largos, exatamente como se estivessem a olho nu?

 5. Quer os limites da criação vão ou não, além da região das estrelas fixas, quem poderá dizer? Apenas as estrelas da manhã, as quais cantaram, juntas, quando as fundações da criação foram colocadas. Mas que é contingente que os limites dela foram fixados, nós temos razão para duvidar. Nós não podemos duvidar, mas, quando o Filho de Deus terminou toda o trabalho que ele criou e fez, Ele disse: 'Estes sejam teus limites; esta seja tua exata circunferência, ó mundo!'.

Mas o que é isto?

6. Nós podemos dar um passo, e apenas um passo, mais além ainda: Qual é o espaço de toda criação; qual é todo o espaço finito; ou seja, que pode ser concebido, em comparação com o infinito? O que é ele, a não ser um ponto, uma nulidade, comparada com aquele que é preenchido por Ele que é Tudo em tudo? Pense sobre isto, e, então, pergunte: 'O que é o homem?'.

7. O que é o homem, para que o grande Deus, que preencheu céus e terra, 'o altíssimo e grandioso Deus, que habita a eternidade', pudesse descer tão incompreensivelmente baixo, de modo à 'ser cuidadoso com ele?'.

Não haveria razão para nos sugerir que tão diminuta criatura fosse contemplada por Ele, na imensidão de suas obras? Especialmente quando consideramos:

II

Em Segundo Lugar, o que é homem, com respeito a sua duração?

1. Os dias do homem, desde a última redução da vida humana, que parece ter tomado lugar no tempo de Moisés, (e não improvavelmente foi revelado para o homem de Deus, na época que Ele fez esta declaração) 'são setenta anos'. Este é o padrão geral que Deus agora tem determinado. 'E se os homens forem assim tão fortes', talvez, um em cem, 'chegue aos oitenta anos; ainda, então, a força deles é labuta e tristeza: Tão logo elas passam, nós já teremos ido!'.

2. Agora, que pobre parcela de duração é esta, comparada á vide de Matusalém! 'E Matusalém viveu novecentos e sessenta e nove anos'. Mas o que são esses novecentos e sessenta e nove anos, para a duração de um anjo, que existia, 'ou desde sempre, quando as montanhas surgiram'; ou quando as fundações da terra foram colocadas?   E qual era a duração que passou, desde a criação dos anjos; aquela que passou, antes que eles fossem criados, para a eternidade ainda não criada? -- para aquela metade de eternidade (se alguém pode falar desta forma) que, então, decorreu? E o que significa setenta anos, comparados com isto?

3. De fato, que proporção pode possivelmente existir entre alguma duração finita e infinita? Que proporção existe entre um e dez mil anos; ou dez mil anos; dez mil séculos, e a eternidade? Eu não sei se esta inexprimível desproporção, entre alguma parte do tempo concebível e a eternidade pode ser ilustrada, de uma maneira mais surpreendente, do que ela é na bem conhecida passagem de São Cipriano: 'Supondo-se que exista uma bola de areia, tão larga quanto o globo terrestre; e supondo-se que um grão desta fosse aniquilado em mil anos; ainda assim todo aquele espaço de tempo, em que esta bola pudesse ser aniquilada, na proporção de um grão, em mil anos, significaria menos; sim, inexplicavelmente, e infinitamente menos, em proporção à eternidade, do que um simples grão de areia significaria para toda a imensidão'. O que, então, são setenta anos da vida humana, em comparação com a eternidade? Em quais termos pode a proporção entre esses ser expressa? Em nada; sim, infinitamente menos que nada!

4. Se, então, acrescentarmos a essa pequeneza do homem a inexprimível brevidade de sua duração, será de se admirar que um homem de reflexão possa, algumas vezes, sentir uma espécie de medo, de que o grande, eterno e infinito Governador do universo possa descuidar-se de tão diminuta criatura quanto o homem? – uma criatura, de todas as formas, insignificante, quando comparado tanto com a imensidade quanto com a eternidade? Ambas essas reflexões não reluzem, através do salmista real, ou residem em sua mente? Assim, em contemplação ao primeiro, ele irrompe em fortes palavras do texto: 'Quando eu considero os céus, a obra de Teus dedos, a luz, as estrelas que Tu tens ordenado, o que é o homem, para que tu possas ser cuidadoso; ou o filho do homem, para que Tu possas estimá-lo?'. Ele é, de fato, (para usar as palavras de Agostinho), 'uma porção de Tua criação'; mas 'que porção espantosamente pequena!'.

Quão absolutamente abaixo Tu observas! Parece haver na contemplação do último, que ele clama, no (Salmos 144:3), 'Senhor, que é o homem, para que o conheças, e o filho do homem, para que o estimes?'. 'O homem é como coisa alguma'. Por que? Porque 'seus dias são como a sombra que passa'. Nesta, (embora que em poucos lugares) a nova tradução dos Salmos – que está de acordo com nossas Bíblias – é, talvez, mais apropriada do que a antiga, -- a qual temos no Livro Comum de Oração. Ela diz assim: 'Senhor, o que é o homem, para que Tu tomes conhecimento dele; ou o filho do homem, para que Tu faças conta dele?'. De acordo com a tradução anterior, Davi parece estar surpreso que Deus eterno, considerando a pequenez do homem, pudesse ter tanto respeito para com ele, e pudesse, assim, estimá-lo muito: Mas no último, ele parece se admirar, vendo que a vida do homem 'passa como sombra', que Deus possa tomar algum conhecimento dele, afinal, ou ter alguma consideração para com ele.

5. E é natural para nós fazermos a mesma reflexão, e sentirmos o mesmo medo. Mas como podemos impedir esta reflexão inquietante, e curar efetivamente este medo? Em Primeiro Lugar, considerando que Davi não parece ter tomado levado em consideração, afinal, que o corpo não é o homem; que o homem não é apenas a casa de barro, mas um espírito imortal; um espírito feito à imagem de Deus; uma imagem incorruptível do Deus da glória; um espírito que é infinitamente mais valoroso do que toda a Terra; de muito mais valor que o sol, lua, e estrelas, colocados juntos; sim, que toda a criação material. Considerando que o espírito do homem não é apenas de uma ordem superior, de uma natureza mais excelente, do que qualquer parte do mundo visível, mas também, mais durável; não sujeito à dissolução ou declínio. Nós sabemos que todas as coisas 'que são vistas são temporais'; -- de uma natureza mutável e transitória; -- mas 'as coisas que não são vistas' (tais como a alma do homem em específico) 'são eternas'. 'Elas podem perecer'; mas a alma permanece. 'Todas as coisas podem apodrecer como uma vestimenta'; mas, quando os céus e terra passarem, a alma não se passará.

6. Em Segundo Lugar, aquela declaração que o Pai dos espíritos fez a nós, através do profeta Ozéas: 'Eu sou Deus, e não homem: Portanto minhas compaixões não se extinguem'. Como se Ele tivesse dito: "Se eu fosse apenas um homem, ou um anjo, ou algum ser finito, meu conhecimento poderia admitir limites, e minha misericórdia seria limitada. Mas 'meus pensamentos não são como os seus pensamentos', e minha misericórdia não é como sua misericórdia. 'Assim como os céus estão acima da terra, também os meus pensamentos são superiores aos seus', e, 'minha misericórdia', minha compaixão, meus meios para mostrar isto, 'mais sublimes que seus meios'".

7. Para que nenhuma sombra de medo pudesse permanecer; nenhuma possibilidade de dúvida; e para mostrar de que maneira o Deus maior e eterno sustenta o homem tão inferior e de vida curta, mas especialmente à sua parte imortal; Deus deu seu Filho, 'seu único Filho, com a finalidade de que, quem quer que Nele creia, não pereça, mas tenha a vida eterna'. Veja como Deus amou o mundo! O Filho de Deus, que era 'Deus de Deus; Luz da Luz; o próprio Deus do próprio Deus', na glória, igual com o Pai, na majestade co-eterna, 'vazio de Si mesmo, tomou sobre si a forma de um servo, e, sendo feito homem, foi obediente à morte, até mesmo, a morte na cruz'. E tudo isto, Ele não sofreu por si mesmo, mas 'por nós, homens, e por nossa salvação'. 'Ele carregou' todos 'os nossos pecados em seu próprio corpo no madeiro', para que 'pelas suas chicotadas' pudéssemos ser 'curados'. Depois desta demonstração de seu amor, será que é possível que duvidemos ainda da ternura de Deus para com o homem; mesmo que ele esteja 'morto nas transgressões e pecados?'. Mesmo quando Ele nos mostra em nossos pecados, e nosso sangue, Ele nos diz: 'Vivam!'. Que não temamos mais! Que não duvidemos mais! 'Ele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por nós todos, não nos dará gratuitamente todas as coisas?'.

8. 'Mais do que isto', diz o filósofo, 'se Deus amou assim o mundo, Ele não amou outros milhares de mundos, assim como Ele amou a este? Hoje se admite que existem milhares, se não milhões de mundos, além deste em que vivemos. E pode algum homem razoável acreditar que o Criador de todos esses, muitos do quais são provavelmente tão largos; sim, muito mais largos do que o nosso, iria mostrar tal consideração, surpreendentemente maior para um do que para todo o restante?'. Eu respondo: Supondo que existam milhões de mundos; sim, Deus pode ver, na profundidade de sua infinita sabedoria, razões para que não pareça a nós, porque ele considerou bom mostrar esta misericórdia a nós, em preferência a milhares ou milhões de outros mundos.

9. Eu falo disto, até mesmo, sobre a suposição comum da pluralidade dos mundos, -- uma noção favorita a todos aqueles que negam o Apocalipse cristão; e, por esta razão, porque fornece a eles um fundamento para tão plausível objeção a ela. Mas, quanto mais eu considero esta suposição, mais eu duvido dela: de maneira que, se fosse admitido por todos os filósofos da Europa, ainda assim, eu não poderia admitir isto, sem uma prova maior do que qualquer uma que eu já encontrei. 

10. "Mais ainda; este argumento do experimentado Huygens não é suficiente para colocá-lo, além de toda dúvida? — 'Quando vemos', diz aquele hábil astrônomo, 'a luz através de um bom telescópio, nós claramente descobrimos rios e montanhas em seu globo manchado. Agora, onde os rios estão, indubitavelmente existem plantas e vegetais de vários tipos: E onde há vegetais, existem, sem dúvida, animais; sim, animais racionais, assim como na Terra. Concluindo-se, então, que a lua tenha seus habitantes, nós podemos facilmente supor que, assim, são todos os planetas secundários; e, em particular, todos os satélites ou luas de Júpiter e Saturno. E se os planetas secundários são habitados, por que não os primários? Por que devemos duvidar que o próprio Júpiter e Saturno, assim como Marte, Vênus e Mercúrio?'".

11. Mas você sabia que o próprio Sr. Huygens, antes de morrer, duvidou de todas essas hipóteses? Porque, depois de uma observação mais profunda, ele encontrou razão para crer que a lua não tem atmosfera. Ele observou que, em um eclipse total do sol, na remoção da sombra de alguma parte da Terra, o sol imediatamente brilha sobre ela; enquanto que, se a lua tivesse atmosfera, apareceria fosca e obscura. Assim sendo, conclui-se que a lua não tem atmosfera. Conseqüentemente, ela não tem nuvens, chuva, nascentes, rios, e, portanto, nenhuma planta ou animais. Não existe prova ou probabilidade de que a lua seja habitada; nem temos alguma prova de que outros planetas sejam. Portanto, o alicerce sendo removido, toda a construção desaba.

12. Mas, você irá dizer: 'Supondo-se que este argumento falhe, nós podemos inferir a mesma conclusão, sobre a pluralidade de mundos, da sabedoria, poder, e bondade, ilimitados do Criador. Teria sido tão plenamente fácil para Ele criar milhares ou milhões de mundos, assim como um só. Pode, então, alguém duvidar que Ele manifestaria todo Seu poder e sabedoria em criar apenas um? Que proporção existe entre esta partícula da criação, e o Grande Deus que preenche céus e Terra, enquanto 'sabemos que o poder de sua mão Onipotente poderia formar outros mundos da mesma areia?'.

13. Para esta prova atordoante; esta obra-prima de argumento dos infiéis doutos, eu respondo: vocês esperam encontrar alguma proporção entre o finito e o infinito? Supondo-se que Deus tenha criado muito mais mundos do que existe de areia no universo; que proporção teria todos esses, juntos, em comparação com o Criador infinito? Em comparação com Ele, eles seriam, não apenas mil vezes, mas infinitamente menos do que uma ninharia, se comparados ao universo. Terminem, então, com esta conversa pueril a respeito da proporção das criaturas, quanto ao seu Criador, e deixe para o Todo-sábio Deus criar o que, e quando lhe agradar. Porque, quem, além dele mesmo, 'conhece a mente do Senhor? Ou quem tem sido Seu conselheiro?'.

14. É suficiente para nós sabermos esta verdade clara e confortável, -- que o Todo-poderoso Criador tem mostrado que cuida dessa pobre criatura de um dia; que Ele não mostrou, nem mesmo aos habitantes dos céus, aqueles que 'não mantiveram seu primeiro estado'. Ele deu seu Filho a nós; seu único Filho, tanto para viver, quanto para morrer por nós! Ó, que vivamos Nele, para que possamos morrer Nele, e viver com Ele para sempre!

[Editado por Cary McGoldrick, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]


sábado, 3 de setembro de 2011

SERMÃO DE JOHN WESLEY - O SERMÃO DO MONTE - PARTE XII

Sobre o Sermão do Monte – Parte XII
John Wesley

'Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis'. (Mateus 7:15-20)


1. É muito difícil expressar ou conceber as multidões de almas que se voltaram para a destruição, porque não foram persuadidas a caminhar pelo caminho estreito, embora ele fosse o caminho para a salvação eterna. E a mesma coisa nós podemos ainda observar diariamente. Tal é a insensatez e loucura da humanidade, que milhares de homens ainda prosseguem no caminho do inferno, porque ele é amplo. Eles mesmos caminham nele, porque outros o fazem: Porque tantos perecem, ele irão se somar a este número. Tal é a espantosa influência do exemplo sobre os fracos e miseráveis filhos dos homens! Ele continuamente povoa as regiões da morte, e arrasta as numerosas almas para a perdição eterna!

            2. Para advertir a humanidade disso; para preservar tantos quantos for possível contra esse contágio, Deus tem ordenado aos seus vigias para gritarem bem alto, e mostrarem às pessoas o risco que elas correm. Para esta finalidade, ele tem enviado seus servos, os Profetas, em suas sucessivas gerações, para indicar o caminho estreito, e exortar todos os homens a não estarem de acordo com esse mundo. Mas o que fazer, se os próprios vigias caem na armadilha, contra a qual eles deveriam advertir a outros? O que fazer, se 'os Profetas profetizam fraudes?'. Se eles 'fazem com que as pessoas errem o caminho?'. O que deve ser feito, se eles indicam, como o caminho da vida eterna, o que, em verdade, é o caminho da morte eterna; e exortam outros a caminhar, como eles mesmos fazem, no caminho largo, e não no estreito?

            3. Mas será que esta é uma coisa sem precedente; uma coisa incomum? Não; Deus sabe que não. Os exemplos dela são quase incalculáveis. Nós podemos encontrá-la em todas as épocas e nações. Mas quão terrível é isto! – quando os embaixadores de Deus tornam-se agentes do diabo! –quando eles que são comissionados para ensinar o caminho para o céu aos homens, de fato, ensinam a eles o caminho para o inferno! Estes são como os gafanhotos do Egito, 'que comeram o resíduo que tinha escapado; que permaneceu depois do granizo'. Eles devoram até mesmo o restante dos homens que tem escapado; que não foi destruído pelo exemplo maléfico. Não é, portanto, sem motivo, que nosso sábio e gracioso Mestre, tão solenemente, nos acautela contra eles, 'Acautelem-se, diz Ele, 'dos falsos profetas, que vêm até vocês com roupas de cordeiro, mas interiormente são como lobos vorazes'.

            4. Vamos inquirir uma advertência da mais extrema importância – que possa mais efetivamente mergulhar em nossos corações:

I.              Primeiro, quais são esses falsos profetas?
II.           Em Segundo Lugar, que aparência eles têm?
III.        Em Terceiro Lugar, como nós podemos saber quem eles são realmente, não obstante a aparência honesta?

I

1. Nós vamos, primeiro, inquirir quais são os falsos profetas. E isto é necessário fazer mais diligentemente, porque esses mesmos homens têm trabalhado 'para deturpar o sentido dessa Escritura, para si próprios', mesmo que não apenas para a própria 'destruição'. Com o objetivo, portanto, de eliminar toda disputa, eu não devo fazer alarde (como é costume de alguns desses); nem usar de quaisquer exclamações incorretas e retóricas, para ludibriar os corações dos simples; mas falar duramente, as verdades claras, tais que, aquele que tiver algum entendimento ou modéstia restante, não poderá negar; e tais verdades que têm a mais íntima conexão com o teor do discurso precedente: Considerando que muitos têm interpretado essas palavras, sem qualquer atenção ao que veio anteriormente; como se elas não tivessem nada a ver com o sermão, em que se situam.

            2. Aqui, a palavra profetas (como em muitas outras passagens das Escrituras; particularmente, no Novo Testamento) não significa aqueles que predizem as coisas que estão por vir, mas aqueles que falam em nome de Deus; aqueles homens que professam ser enviados de Deus, para ensinarem a outros o caminho do céu.

            Esses são os falsos profetas, que ensinam o caminho falso para o céu; um caminho que não conduz a ele; ou, (o que vem para o mesmo ponto), aqueles que não ensinam a verdade.

            3. Todo caminho largo é infalivelmente um falso caminho. Portanto, a regra clara e certa é que 'eles que ensinam os homens a caminharem no caminho largo, em que muitos caminham, são os falsos profetas'.

            Novamente: O caminho verdadeiro para o céu é o caminho estreito. Por conseguinte, esta é uma outra regra clara e certa que, 'aqueles que não instruem os homens a caminharem no caminho estreito, para serem singulares, são os falsos profetas'.

            4. Para ser mais específico: O único caminho para o céu é aquele indicado no sermão precedente. Portanto, são falsos os profetas que não ensinam os homens a caminharem por ele.

            Agora, o caminho para o céu indicado no sermão precedente, é o caminho da humildade, do murmurar, da submissão, do desejo santo, do amor a Deus e ao próximo, do fazer o bem, tudo suportando pela causa de Deus. Na verdade, os falsos profetas são os que ensinam, como caminho que conduz ao céu, qualquer outro que não este.

5. Não importa como eles chamam este outro caminho. Eles podem chamá-lo de fé; ou de boas obras; ou fé e obras; ou arrependimento; ou arrependimento, fé, e nova obediência. Todas essas são palavras boas: Mas, se sob esses, ou quaisquer outros termos que forem, eles ensinam aos homens algum caminho distinto desse, eles são propriamente falsos profetas.

            6. Quanto mais incorrem naquela condenação, os que falam mal desse bom caminho; -- acima de tudo, aqueles que ensinam o caminho diretamente oposto: o caminho do orgulho, da leviandade, da paixão, dos desejos mundanos, do amor ao prazer, mais do que o amor a Deus, da indelicadeza para com nosso próximo, da despreocupação pelas boas obras, enfrentando o mal, e não sendo perseguidos por causa da retidão!

7. Se for perguntado: 'Quem são os que sempre ensinaram, e ensinam que este é o caminho para o céu?'. Eu respondo que são os milhares de homens sábios e honrados; mesmo todos aqueles de qualquer denominação, que encorajam o orgulho; o frívolo; o passional; o amante do mundo; o homem de prazer; o injusto ou indelicado; o vulgar; o negligente; o inofensivo; a criatura inútil; o homem que não sofre reprovação por causa da retidão, por imaginar que ele está no caminho do céu. Esses são os falsos profetas, no mais alto sentido da palavra. Esses são os traidores tanto de Deus quanto do homem. Esses não são outros do que os primogênitos de satanás; os filhos mais velhos de Apollyon, o Destruidor. Esses estão muito acima da categoria dos degoladores comuns; já que eles são assassinos das almas dos homens. Eles estão continuamente povoando os reinos da noite; e quando eles seguirem as pobres almas que eles destruíram, 'o inferno se moverá nas profundezas para encontrá-los na sua vinda!'.


II

1. Mas eles vêm agora em sua forma própria? De modo algum. Se fosse assim, eles não poderiam destruir. Vocês poderiam ficar alertas, e tentariam salvar suas vidas. Entretanto, eles se revestem de uma aparência completamente diferente: (o que será a segunda coisa a ser considerada) 'Eles vêm até você, em roupas de ovelhas, embora interiormente, sejam lobos ferozes'.

            2. 'Eles vêm até você, em roupas de ovelhas'; ou seja, com uma aparência benéfica. Eles vêm de uma maneira mansa e inocente, sem qualquer marca ou sinal de animosidade. Quem poderia imaginar que essas criaturas quietas causariam algum dano a quem quer que fosse? Talvez, eles não possam ser tão zelosos e ativos em fazerem o bem, como alguém poderia esperar que eles fossem. Entretanto, vocês não vêem motivos para suspeitarem que eles tenham mesmo o desejo de causarem algum dano. Mas isto não é tudo.

            3. Eles vêm, em Segundo Lugar, com uma aparência benéfica. Realmente, para isto, para fazerem o bem, eles são particularmente chamados. Eles são colocados aparte para essa mesma coisa. Eles são particularmente comissionados para vigiarem as suas almas, para instrui-los para a vida eterna. É toda tarefa deles, 'fazerem o bem, e curarem aqueles que estão oprimidos pelo diabo'. E vocês têm estado sempre acostumados a vê-los sob esse prisma; como mensageiros de Deus; enviados para trazerem a vocês uma bênção.

4. Eles vêm, em Terceiro Lugar, com uma aparência de religião. Tudo o que eles fazem é por causa da consciência! Eles asseguram a vocês, que não é pelo mero zelo por Deus, que eles estão fazendo Dele um mentiroso. Não é pela pura preocupação com a religião, que eles destruiriam a raiz e ramificações dela. Tudo o que eles falam, é apenas de um amor à verdade, e um temor, a fim de que ela não venha a  sofrer; e, pode ser por uma preocupação pela igreja, e um desejo de defendê-la de todos os seus inimigos.


5. Acima de tudo, eles vêm com uma aparência de amor. Eles tomam todas essas dores, apenas para o bem de vocês. Eles não deveriam se preocupar com respeito a vocês, a não ser em benefício de vocês. Eles farão grandes declarações, de bom grado; com respeito ao perigo em que vocês se encontram; e do sincero desejo de preservarem vocês do erro, e de que sejam envolvidos nas novas e prejudiciais doutrinas. Eles sentiriam muito de ver alguém que estivesse bem, apressar-se para algum extremo, perplexo com noções estranhas e ininteligíveis, ou iludido pelo entusiasmo. É por este motivo que eles aconselham a vocês a se manterem quietos, no meio termo, e para se precaverem de 'serem demasiadamente retos', a fim de que não possam 'destruir a si mesmos'.

III


1. Mas como nós podemos saber o que eles realmente são, apesar da aparência honesta deles? Esta é a Terceira coisa, na qual foi proposto inquirir. Nosso abençoado Senhor viu quão necessário foi para todos os homens conhecerem os falsos profetas, mesmo que, disfarçados. Ele viu, igualmente, quão incapaz a maioria dos homens foi de deduzir a verdade, através de uma longa sucessão de conseqüências. Ele, por conseguinte, nos forneceu uma regra breve e clara, fácil de ser entendida pelos homens das mais inferiores capacidades, e fácil de ser aplicada a todas as ocasiões: 'Nós podemos conhecê-los, através dos seus frutos'.

2. Para todas as ocasiões vocês podem facilmente aplicar essa regra. Com o objetivo de saber, se os que falam em nome de Deus são falsos ou verdadeiros profetas, é fácil observar:

Primeiro: Quais são os frutos sobre a doutrina deles, sobre eles mesmos? Que efeito ela tem sobre suas vidas? Eles são santos e sem culpa, em todas as coisas? Que efeito ela tem sobre seus corações? Aparece através do teor geral de suas conversas, que o temperamento deles é santo, sagrado e divino? Que a mente que está neles, é a que estava em Jesus Cristo? Eles são meigos, humildes, pacientes, e amantes de Deus e homem, e zelosos das boas obras? 

3. Vocês podem facilmente observar:

Em Segundo Lugar: Quais são os frutos da doutrina deles, sobre aqueles que os ouvem; em muitos, pelo menos, embora não em todos; já que nem mesmo os Apóstolos converteram todos os que os ouviram. Esses têm a mente que estava em Cristo? E eles caminham como Ele também caminhou? E foi por ouvir esses homens que eles começaram a assim proceder? Eles eram interiormente e exteriormente pecaminosos, até que eles os ouviram? Se assim for, é uma prova manifesta de que eles são verdadeiros profetas, professores enviados de Deus. Mas, se não for assim, se eles efetivamente não ensinam nem a si mesmos ou aos outros a amarem e servirem a Deus, é uma prova manifesta de que eles são falsos profetas; de que Deus não os enviou. 
4. Uma declaração dura esta! Quão poucos podem suportá-la! Disto nosso Senhor era sensível, e, por esta razão, dignou-se a provar, amplamente, através de argumentos claros e convincentes. 'Os homens', diz Ele, 'porventura, colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?' (Mateus 7:16). Será que eles esperam que esses homens pecaminosos possam trazer bons frutos? Igualmente, vocês poderiam esperar que espinheiros produzissem uvas, ou que os figos pudessem crescer em abrolhos! 'Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus' (Mateus 7:17). Todo profeta verdadeiro, todo professor que eu tenho enviado, produz os bons frutos da santidade. Mas um falso profeta, um professor que eu não tenho enviado, produz apenas pecado e maldade. 'Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons'. Um falso profeta, um professor enviado de Deus, não apenas produz bons frutos, algumas vezes apenas, mas sempre; não acidentalmente, mas através de um tipo de necessidade. De igual maneira, um falso profeta, alguém a quem Deus não enviou, não pode produzir frutos maus acidentalmente, ou algumas vezes apenas, mas sempre, e da necessidade. 'Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo' (Verso 19). Tal infalivelmente acontecerá a uma grande quantidade de profetas que não produz bons frutos; que não salva almas do pecado; que não traz os pecadores ao arrependimento.

'Portanto', que esta seja uma regra eterna, 'pelos seus frutos os conhecereis'. (Mateus 7:20). Eles que, de fato, fazem com que os amantes do mundo, orgulhosos, passionais, e cruéis, se tornem humildes, gentis, amantes de Deus e homem, - são os verdadeiros profetas; são os enviados por Deus, que, por conseguinte, confirma a palavra deles. Por outro lado, eles, cujos ouvintes, se pecaminosos antes, permanecem pecaminosos ainda, ou, pelo menos, invalidam qualquer retidão que 'exceda a retidão dos escribas e fariseus', --  são os falsos profetas; eles não foram enviados de Deus; portanto, a palavra deles cai ao chão: E, sem o milagre da graça, eles e seus ouvintes caem no abismo sem fim!

            5. Ó, 'que vocês se acautelem desses falsos profetas!'. Porque, embora eles 'venham vestidos como ovelhas, ainda assim, interiormente são como lobos ferozes'. Eles apenas destroem e devoram o rebanho: Eles os rasgam em pedaços, se não existe quem os ajude. Eles não irão, não podem, conduzir vocês ao caminho do céu. Como eles poderiam, quando não conhecem isto em si mesmos? Ó, cuidem que eles não os tirem do caminho, e façam com que vocês 'percam o que já conseguiram!'.

6. Mas , talvez, vocês perguntem: 'Se existe tal perigo de ouvi-los, eu devo ouvi-los, afinal?. Esta é uma questão importante, tal que merece a mais profunda consideração, e não deve ser respondida, a não ser com o pensamento mais sereno, a reflexão mais deliberada. Por muitos anos, eu tenho estado temeroso de falar, afinal, concernente a ela; estando incapaz de determinar um caminho ou o outro; ou fazer qualquer julgamento sobre ele. Muitas razões existem que prontamente ocorrem, e inclinam-me a dizer, 'Não os ouçam'. E, ainda assim, o que nosso Senhor fala concernente aos falsos profetas de seu próprio tempo, parece deduzir o contrário. 'Então Jesus, falou à multidão, e para seus discípulos dizendo, Os escribas e fariseus  que se sentam no trono de Moisés' -- são os professores comuns, mencionados em sua igreja: Tudo, por conseguinte, o que quer que eles ordenem vocês observarem, que observem e façam. Mas não façam segundo suas obras; 'porque eles dizem e não fazem'. Agora, que esses foram falsos profetas, no mais alto sentido, nosso Senhor tem mostrado durante todo o curso de seu ministério; como, realmente, eles fazem nessas mesmas palavras, 'Eles dizem e não fazem'. Portanto, por seus frutos seus discípulos não podem deixar de conhecê-los, vendo que eles foram revelados aos olhos de todos os homens. Portanto, Ele os adverte, várias vezes, para se precaverem desses falsos profetas. Mas, ainda assim, não os proíbe de ouvirem, até mesmos esses: Mais do que isto, Ele, em efeito, ordena a eles para assim o fazerem, nessas palavras: 'Tudo, por conseguinte, que eles ordenem vocês observarem e fazerem': Porque, a menos que eles os ouçam, eles não poderiam saber, muito menos observar, o que eles têm ordenado fazer. Aqui, então, o próprio nosso Senhor oferece uma direção clara, a ambos os seus Apóstolos, e toda multidão, em algumas circunstâncias, para ouvirem, até mesmo, os falsos profetas, conhecidos e reconhecidos por serem assim.

            7. Mas, talvez, seja dito: 'Ele apenas direciona ouvi-los, quando eles lêem as Escrituras na congregação'. Eu respondo que, ao mesmo tempo, em que eles assim lêem as Escrituras, eles geralmente as expõem também. E aqui não é uma espécie de sugestão que eles devam ouvir aquele, e não o outro também. Mais ainda, os mesmos termos, 'Todas as coisas que eles os ordenam observar', excetua qualquer tal limitação.  

            8. Novamente: A eles, aos falsos profetas, inegavelmente, é freqüentemente confiada (Ó, que tristeza falar! Porque certamente essas coisas não deveriam ser assim) a administração do sacramento também. Direcionar, portanto, os homens a não os ouvirem, poderia ser, em efeito, tirá-los das ordenanças de Deus. Mas isso nós não ousamos fazer, considerando que a validade da ordenança não depende da santidade daquele que a administra, mas da fidelidade Dele que a ordenou; quem nos fará e nos faz conhecer seus desígnios. Por conseguinte, sobre esse relato, igualmente, eu receio dizer, 'não ouçam, certamente, os falsos profetas'. Até mesmo, através desses que estão sob uma maldição, Deus pode e nos dá sua benção. Porque o pão que eles repartem, nós sabemos experimentalmente ser 'a comunhão do corpo de Cristo': E o cálice que Deus abençoou, até mesmo, através dos lábios profanos deles, tem sido para nós a comunhão do sangue de Cristo.   

            9. Tudo, portanto, que eu posso dizer, é isto: em quaisquer circunstâncias, esperem em Deus, através de oração humilde e sincera, e, então, ajam de acordo com a melhor compreensão que vocês tiverem: Sobre tudo, ajam de acordo com o que vocês estão persuadidos ser o melhor para o proveito espiritual de vocês. Tomem grande precaução para que não julguem precipitadamente; para que vocês não pensem levianamente que alguém seja falso profeta: E, quando vocês tiverem uma prova completa, vejam que a raiva ou a contenda não tenha lugar em seu coração. Depois disso, na presença e no temor de Deus, concluam para si mesmos. Eu apenas posso dizer que, se, pela experiência, vocês acharem que ouvi-los machuca suas almas, então, não os ouçam; então, calmamente abstenham-se, e ouçam aqueles que trazem proveito a vocês. Se, por outro lado, vocês acham que isto não causa dano às suas almas, então, vocês podem ouvi-los ainda. Apenas 'dêem atenção ao que ouvem': Afastem-se deles e de suas doutrinas. Ouçam com temor e tremor, a fim que não possam se enganar, e se entreguem, como eles, a uma forte desilusão. Como eles continuamente misturam verdade e mentiras, facilmente, vocês podem se enganar com ambas! Ouçam com oração fervorosa e contínua a Ele que tão somente ensina ao homem sabedoria. E vejam que vocês tragam tudo o que ouvirem 'para o discernimento da lei e do testemunho'. Recebam nada que não esteja provado; não receba coisa alguma, até que seja pesado na balança do santuário: Acreditem em nada do que eles dizem, a menos que seja claramente confirmado pelas passagens dos santos escritos. Rejeitem completamente o que quer que difira dela, o que quer que não seja confirmado por ela. E, em particular, rejeitem com a mais extrema abominação, o que quer que seja descrito como o caminho da salvação, que seja tanto diferente, quanto completamente contrário ao caminho que nosso Senhor tem apontado no discurso precedente.

            10. Eu não posso concluir, sem endereçar algumas poucas palavras àqueles de quem eu tenho falado ultimamente. Ó, vocês, falsos profetas! Ó, vocês, de ossos secos! Ouçam, pelo menos uma vez, a palavra do Senhor! Por quanto tempo, vocês continuarão mentindo, em nome de Deus, dizendo: 'Deus tem falado'; e Deus não tem falado através de vocês? Por quanto tempo, vocês irão perverter os caminhos certos do Senhor, irão trocar as trevas pela luz, e a luz pelas trevas? Por quanto tempo, vocês irão ensinar o caminho da morte, e chamar a isto de caminho da vida? Por quanto tempo, vocês irão entregar a satanás as almas às quais vocês professam trazer para Deus?

            11. 'Ai de vocês, líderes cegos de cegos! Porque vocês fecham os reinos dos céus para os homens. Nem vocês mesmos entram, nem permitem que aqueles que estão entrando, entrem'. Aqueles que 'estão se esforçando para entrarem pelo portão estreito', vocês chamam de volta para o portão largo. Aqueles que, com dificuldade, têm dado um passo nos caminhos de Deus, vocês diabolicamente advertem para não irem mais longe. Aqueles que mal começaram ' a sentir fome e sede de justiça',  vocês avisam para não 'serem demasiados retos'. Assim, vocês fazem com que eles tropecem no mesmo limiar; sim, com que venham a cair, e não mais se ergam. Ó, por que motivo, vocês fazem isto? Que proveito existe no sangue deles, quando eles caem no precipício? Proveito miserável a vocês! 'Eles devem perecer em suas iniqüidades; mas o sangue deles, Deus irá requerer das tuas mãos!'.

12. Onde estão seus olhos? Onde está o entendimento de vocês? Vocês irão enganar os outros, até que enganem a si mesmos também? Quem tem requerido de suas mãos, para que ensinem o caminho que vocês nunca conheceram? Vocês não estarão se entregando a tão 'forte desilusão', de maneira que vocês não apenas ensinam, mas 'acreditam na mentira?'. E como é possível acreditarem que Deus os tem enviado? Que vocês são Seus mensageiros? Mais ainda, se foi o Senhor quem os enviou, a Sua obra iria prosperar em suas mãos. Assim como o Senhor vive, se vocês forem os mensageiros de Deus, ele iria 'confirmar a palavra de seus mensageiros'. Mas a obra do Senhor não prospera nas mãos de vocês. Vocês não trazem os pecadores ao arrependimento. O Senhor não confirma a palavra de vocês; porque vocês não salvam as almas da morte.

13. Como vocês podem se evadir da força das palavras de nosso Senhor,  -- tão completas, tão  fortes, tão claras? Como vocês podem se esquivar de se conhecerem por seus frutos, -- os frutos maus, de árvores más? E como pode ser mostrado o contrário? 'Porventura se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?'. Tomem isto para si mesmos, vocês a quem isto pertence! Ó, vocês árvores estéreis, por que vocês obstruem o solo? 'Toda árvore boa, produz bons frutos'. Vocês vêem que vocês não, e que aqui não existe exceção? Reconheçam, então, que vocês não são boas árvores; porque vocês não produzem bons frutos. 'Mas uma árvore corrupta produz maus frutos'; e assim vocês têm feito, desde o início. A conversa de vocês, como sendo de Deus, tem apenas confirmado aqueles que a ouvem, nos temperamentos, se não, nas obras, do diabo. Ó tomem a advertência Daquele, em cujo nome vocês falam, antes que a sentença que ele tem pronunciado tome seu lugar: 'Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo'.

           
            14.  Meus queridos irmãos, não endureçam seus corações! Vocês têm, há tanto tempo, fechado seus olhos para a luz. Abram-nos, antes que seja muito tarde; antes que vocês sejam lançados para a mais distante escuridão! Não permitam que alguma consideração temporal tenha influência sobre vocês; porque a eternidade está em jogo! Vocês têm participado, antes de terem sido enviados. Ó, não vão mais longe! Não persistam em condenar a si mesmos e a eles que os ouvem! Vocês não têm os frutos de seu trabalho. E por que é isto? É porque o Senhor não está com vocês. Vocês podem ir à luta às suas próprias custas? Não podem. Então, humilhem-se diante Dele. Clamem junto a Ele, como pó, para que Ele possa, primeiro, vivificar suas almas; e fornecer a fé que é operada pelo amor; que é humilde e mansa; pura e misericordiosa, zelosa das boas obras, regozijando-se na tribulação, na reprovação, na aflição, na perseguição por causa da retidão! Assim, 'O Espírito da glória e de Cristo repousarão sobre vocês', e parecerá que Deus os tem enviado. Desse modo, vocês, realmente, 'farão a obra de um Evangelista, e produzirão a prova completa de seus ministérios'. Dessa forma, a palavra de Deus, na boca de vocês, será 'um martelo que quebra as rochas em pedaços!'. E, então, pelos frutos de vocês, vocês serão conhecidos como os profetas do Senhor, até mesmo, pelos filhos que Deus tem dado a vocês. E tendo 'transformado a muitos para a retidão', vocês deverão 'brilhar como estrelas, para todo o sempre!'.


Editado por Kristen Chamberlain, estudante da  Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons for the Wesley Center for Applied Theology.]