quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

JESUSVOLTARÁ / O CONSOLADOR ESPÍIRITO SANTO

Em 1929, Frank Morris embarcou num navio com destino à Suíça. Ele tinha esperado ansiosamente por essa viagem já há algum tempo. Todavia, aquela se transformou numa experiência humilhante. Uma senhora que era responsável por cuidar dele trancava Frank em sua cabine a cada noite. Depois de um rápido desjejum, Frank podia se exercitar um pouco, mas se sentia um tolo por ser conduzido pelo convés do navio como um animal numa coleira. Então, a senhora colocava Frank numa cadeira de sol. Sempre que ele encontrava algum passageiro amistoso, que o convidava para um passeio pelo convés, a senhora objetava, dizendo que tinha que ficar sempre de olho nele.
Frank era um adulto, com curiosidades e desejos normais para um adulto. Mas ele também era cego. A senhora que cuidava dele acreditava que ele não conseguiria tomar conta de si mesmo. Frank era tratado como se fosse um pacote que tinha que ser carregado de um lado para o outro.
No entanto, ao chegar na Suíça, a vida de Frank mudou drasticamente. Enquanto estava ali, ele aprendeu sobre cachorros que eram treinados para guiar cegos. Quando voltou aos Estados Unidos, ele trouxe consigo um pastor alemão chamado Buddy. Depois de algum tempo, Frank fundou uma organização mundial chamada Seeing Eye ("Olho que Vê").
Agora, com Buddy ao seu lado, Frank podia ir a qualquer lugar, em qualquer hora, com qualquer pessoa. Ele finalmente se sentiu livre. Durante uma demonstração para um grupo de repórteres, numa movimentada rua da cidade de Nova Iorque, Buddy guiou seu amigo de maneira muito sábia para cruzar a rua de um lado para o outro, enquanto os carros passavam apressados por eles. Por confiar em Buddy, Frank facilitou muito essa travessia. Os repórteres que tinham visão tiveram uma dificuldade muito maior; um chegou inclusive a pegar um táxi para fazer essa travessia.
Nessa lição, iremos aprender sobre o Espírito Santo, um Guia que deseja que coloquemos nossa vida em Suas mãos. Todos nós somos portadores de necessidades por causa de nossa natureza humana. Somos cegos para o que é realmente importante. A vida passa por nós de maneira tão veloz que freqüentemente nos encontramos apenas sendo levados, ao invés de ativamente irmos para algum lugar. Ainda assim, hesitamos em confiar nossa vida completamente a esse Guia. A descoberta que nos espera nessa lição é: encontraremos verdadeira liberdade e poder caso dependamos inteiramente do Espírito Santo para nos guiar pela vida.
1. O REPRESENTANTE DE CRISTO NO MUNDO
Quando Cristo estava perto de ascender ao céu, Ele prometeu aos Seus discípulos um dom inestimável:
"Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que Eu vou. Se Eu não for, O CONSELHEIRO não virá para vocês; mas se Eu for, Eu O enviarei... Mas, quando o ESPÍRITO DA VERDADE vier, ELE OS GUIARÁ a toda a verdade... ELE ME GLORIFICARÁ, porque receberá do que é Meu e o tornará conhecido a vocês". João 16:7, 13, 14. (A não ser quando indicado, todos os textos bíblicos da série DESCOBERTAS BÍBLICAS são da Nova Versão Internacional da Bíblia [NVI].).
No plano divino, Jesus precisava voltar para o céu como nosso representante diante de Deus, e "se apresentar diante de Deus em nosso favor" (Hebreus 9:24). Enquanto nosso crucificado Senhor nos representa no céu, nós também temos o Espírito Santo como nosso CONSELHEIRO e GUIA aqui na terra. Ele é o representante direto de Jesus.
Enquanto estava aqui, a atuação de Jesus era confinada ao corpo humano, e Ele não conseguia estar presente em todos os lugares. O Espírito Santo não tem tais limitações; Ele pode servir como um Conselheiro e Guia pessoal para incontáveis pessoas, em muitos lugares ao mesmo tempo. Cristo supre nossas necessidades através do Espírito Santo.
2. QUEM É O ESPÍRITO SANTO?
A maioria de nós consegue se relacionar com Deus o Pai se o imaginamos como o pai mais cuidadoso e bondoso que já conhecemos. E podemos imaginar Jesus, o Filho, porque Ele viveu entre nós como uma pessoa. Mas quanto ao Espírito Santo, temos dificuldades de imaginá-lo e nos relacionarmos com ele. Não temos nenhuma comparação humana para facilitar. A Bíblia, contudo, nos dá informações específicas sobre o Espírito Santo:
Uma Pessoa. Jesus se referiu ao Espírito Santo como uma pessoa, um membro da Trindade, juntamente com Deus o Pai e Deus o Filho:
"Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Mateus 28:19
O Espírito tem características pessoais: uma mente (Romanos 8:27); sabedoria (I Coríntios 2:10); sentimentos de amor para conosco (Romanos 15:30); sentimentos de aflição quando pecamos (Efésios 4:30); a habilidade de nos ensinar (Neemias 9:20); e poder para nos guiar.
Envolvimento na Criação. O Espírito Santo participou na formação de nosso mundo com o Pai e o Filho.
"No princípio criou Deus os céus e a terra... e o ESPÍRITO DE DEUS pairava sobre as águas". Gênesis 1:1, 2. Edição Revista Almeida e Atualizada, 2a edição.
3. AS ATIVIDADES DO ESPÍRITO SANTO
(1) TRANSFORMA O CORAÇÃO HUMANO. Em Seu encontro com Nicodemos, Jesus enfatizou o papel do Espírito Santo em transformar o coração humano:
"Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito". João 3:5

"Nascer do Espírito" significa que o Espírito nos dá a chance de recomeçar. É mais do que uma mudança de comportamento. O Espírito nos transforma de dentro para fora, cumprindo a promessa: "Darei a vocês um coração novo" (Ezequiel 36:26).
(2) NOS ALERTA SOBRE O FAZER O MAL E NOS DÁ UM DESEJO DE SANTIDADE:
"Quando Ele [o Espírito Santo] vier, CONVENCERÁ o mundo do PECADO, DA JUSTIÇA e do juízo". João 16:8

Quando você ouve a história da transformação de uma pessoa que deixa um estilo de vida imoral e se volta para Deus, tornando-se assim um cônjuge fiel e um pai provedor, lembre-se de que cada passo dado na direção dessa completa transformação veio como resultado da motivação do Espírito Santo.
(3) NOS GUIA EM NOSSA VIDA CRISTÃ. Cristo fala diretamente a nós através da suave voz do Espírito.
"Quer você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: 'Este é o caminho, siga-o'". Isaías 30:21

Através da transmissão por satélite, nossas TVs regularmente trazem imagens e rostos provenientes de um país estrangeiro até o centro de nossa própria sala de estar. O Espírito Santo age como um pequeno satélite de Deus, trazendo a presença de Cristo do céu à terra, aproximando-O de nós quando mais precisamos dEle. (João 14:15-20).
(4) AJUDA NOSSA VIDA DE ORAÇÃO.
"Não sabemos como orar, MAS O PRÓPRIO ESPÍRITO INTERCEDE POR NÓS com gemidos inexprimíveis". Romanos 8:26, 27

Quando estamos lutando para encontrar as palavras certas, o Espírito está orando em nosso favor. Quando ficamos tão desencorajados que conseguimos apenas murmurar a Deus algumas palavras, o Espírito amplifica nosso débil clamor por ajuda e o transforma numa poderosa oração a ser apresentada diante do trono de Deus, onde Jesus agora ministra.
(5) DESENVOLVE QUALIDADES E CARÁTER CRISTÃOS. O Espírito transforma indivíduos espiritualmente estéreis em pessoas tão férteis como árvores que produzem todos os tipos de frutos:
"MAS O FRUTO DO ESPÍRITO é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio". Gálatas 5:22, 23

Ter o fruto do Espírito demonstra que estamos ligados à videira verdadeira, Jesus (João 15:5). Jesus, na verdade, pode viver Sua vida abundante através de nós pelo poder do Espírito.
(6) NOS PREPARA PARA TESTEMUNHAR. Jesus promete:
"MAS RECERÃO PODER quando o ESPÍRITO SANTO descer sobre vocês, e serão MINHAS TESTEMUNHAS... até os confins da terra". Atos 1:8

Todos os que desejam podem se tornar testemunhas pelo Espírito. Talvez não tenhamos todas as respostas, mas o Espírito pode nos dar uma história para contar que toque corações e mentes. Os apóstolos tinham dificuldades de se comunicar antes do Pentecostes, mas depois que o Espírito desceu, eles proclamaram a Cristo com tanto poder que "transtornaram o mundo" (Atos 17:6, Almeida Revista e Atualizada, 2a edição).
4. OS DONS DO ESPÍRITO
As Escrituras fazem distinção entre o dom da presença do Espírito Santo, dado por Deus a todos os crentes para que tenham uma vida cristã vitoriosa, e os vários dons do Espírito distribuídos entre os crentes para que exerçam um ministério eficiente de diferentes maneiras.
"'Quando Ele [Cristo] subiu em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros, e DEU DONS aos homens'... E Ele designou alguns para APÓSTOLOS, outros para PROFETAS, outros para EVANGELISTAS, e outros para PASTORES e MESTRES, com o fim de preparar os SANTOS para a obra do ministério". Efésios 4:8, 11, 12.
Os cristãos não recebem a totalidade dos dons; alguns recebem mais que outros; o Espírito os "distribui individualmente, a cada um, como quer". (I Coríntios 12:11).
O Espírito capacita cada crente para desempenhar de maneira especial sua função no plano de Deus. Deus sabe quando e onde dar os dons para que Seu povo e Sua igreja sejam mais bem abençoados.
Outra lista de dons espirituais encontradas em 1 Coríntios 12:8-10 inclui sabedoria, conhecimento, fé, cura, profecia, falar em línguas diferentes, e a interpretação das línguas (versos 8-10).
Paulo nos aconselha a buscar "com dedicação os melhores dons", e então acrescenta: "Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente". (I Coríntios 12:31). O capítulo do amor (I Coríntios 13) que se segue a esse verso enfatiza que o "caminho mais excelente" é o caminho do amor. E o amor é fruto do Espírito (Gálatas 5:22).
Nossa preocupação deveria ser buscar o fruto do Espírito e então deixar que o Espírito distribua Seus dons entre nós como quiser (I Coríntios 12:11).
5. A ABUNDÂNCIA DO ESPÍRITO NO PENTECOSTES
No dia de Pentecostes, o Espírito foi derramado de maneira ilimitada, cumprindo a promessa de Jesus:
"Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas… até os confins da terra". Atos 1:8
Naquele dia, o Espírito capacitou os apóstolos a comunicarem o evangelho de maneira clara no idioma das pessoas vindas "de todas as nações do mundo" (Atos 2:3-6).
Alguns estudiosos da Bíblia comparam a vinda do Espírito à temporada das chuvas do princípio do outono e no final da primavera na Palestina (Joel 2:23). O Espírito descendo no Pentecostes foi como a "chuva temporã" do outono, que fazia as sementes brotar e proveu nutrição vital para a igreja cristã em seus primórdios.
6. A CHUVA SERÔDIA DO ESPÍRITO
A profecia bíblica fala de um dia vindouro no qual o Espírito de Deus será derramado como abundantemente sobre a igreja, dando poder aos membros da igreja para testemunharem (Joel 2:28, 29). Séculos já se passaram e a história da salvação foi espalhada pela maior parte da terra. Agora é o tempo para a "chuva serôdia", para amadurecer o grão, deixando-o pronto para a colheita.
À medida que a história ruma para o seu clímax, precedendo a segunda vinda de Cristo, Deus preparará cada crente sincero para céu através de um grande derramamento do Seu Espírito. Está você experimentando atualmente a "chuva temporã" que está preparando a igreja para a "chuva serôdia" do Espírito? Está você vivendo uma vida cheia do Espírito? À medida que você for recebendo poder do Espírito, está você disposto a deixar Deus usar você para comunicar as novas do Seu incrível amor e do Seu breve retorno?
7. CONDIÇÕES PARA RECEBER O ESPÍRITO SANTO
No Pentecostes, o Espírito Santo impulsionou aqueles que ouviram o evangelho a clamarem: "Irmãos, que faremos?" (Atos 2:37).
"Pedro respondeu: 'ARREPENDAM-SE E cada um de vocês SEJA BATIZADO em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e RECEBERÃO O DOM DO ESPÍRITO SANTO". Atos 2:38
Arrepender-se - deixar o caminho de uma vida pecaminosa e se voltar para Cristo - é uma condição para receber o dom do Espírito. Para ter o derramamento do Espírito em nossa vida, precisamos primeiramente nos arrepender e comprometer nossas vidas com Cristo. Jesus também enfatizou que o desejo de seguí-lO e obedecê-lO era uma condição para o recebimento do dom do Espírito Santo (João 14:15-17).
8. UMA VIDA CHEIA DO ESPÍRITO
Antes de deixar este mundo, Jesus deu as seguintes instruções a Seus seguidores:
"Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai... Pois João BATIZAVA COM ÁGUA, mas dentro de poucos dias vocês serão BATIZADOS COM O ESPÍRITO SANTO". Atos 1:4, 5
Vez após outra as Escrituras indicam que o cristão deve ser "cheio do Espírito Santo" (Atos 2:4; 4:8; 4:31; 6:3; 7:55; 9:17; 13:9; 13:52; 19:6). O Espírito Santo dá realização e beleza à vida do cristão, pois viver uma vida cheia do Espírito atinge o ideal de Cristo para nós.
Ao descrever a vida cristã cheia do Espírito, Paulo fez a seguinte oração pelos crentes da igreja:
"Oro para que com as Suas gloriosas riquezas, ELE OS FORTALEÇA NO ÍNTIMO DO SEU SER COM PODER, POR MEIO DE SEU ESPÍRITO, para que Cristo habite no coração de vocês mediante a fé... Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, DE ACORDO COM O SEU PODER QUE ATUA EM NÓS". Efésios 3:16, 17, 20.
Da mesma forma que Frank Morris, com seu cão guia Buddy, podemos, com a guia do Espírito Santo em nossa vida, fazer muito mais do que éramos capazes anteriormente. Com novos desejos e novas capacidades, somos capacitados a andar confiantemente para frente ao invés de apenas tentar lidar com os problemas da vida.
Essa experiência de ser cheio do Espírito é renovada a cada dia, através da oração e do estudo da Bíblia. A oração nos mantém em contato íntimo com Cristo, e estudar a Palavra de Deus nos mantém concentrados em Seus recursos. Isso quebra qualquer barreira entre nós e Cristo que possa evitar que Ele derrame sobre nós Seu incomparável dom do Espírito. É assim que crescemos e substituímos hábitos e atitudes maus por qualidades saudáveis.
Romanos 8 oferece uma descrição empolgante da vida cheia do Espírito. Leia esse capítulo quando você puder, e atente para a quantidade de vezes que Paulo aponta para o "Espírito" como a fonte do poder por trás da vida cristã.
Você já descobriu como é maravilhosa a vida cheia do Espírito? Está você consciente da presença do Espírito em sua vida? Está você experimentando Seu poder? Que você possa abrir sua vida ao maior poder do universo hoje mesmo.

Copyright © 2004 The Voice of Prophecy Radio Broadcast
Los Angeles, California, U.S.A.

ESTUDOS DOUTRINÁRIOS / A MENTE DO HOMEM EM CRISTO

O homem espiritual tem a mente de Cristo

O CRISTÃO GENUINO TEM A MENTE DE CRISTO.

Texto bíblico: "v12 Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. v13 As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. v14 Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. v15 Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. v16 Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo?

Mas nós temos a mente de Cristo. 1ª Co 2.12-16

Para se entender bem este assunto, preliminarmente, precisamos entender os três tipos do ser humano que o apóstolo Paulo descreveu nesse texto, a saber:

1. O homem natural, (no grego, psuchixos), que é o indivíduo em estado natural, sem o Espírito Santo de Deus, o homem ainda não regenerado, isto é, que não nasceu de novo da "água e do Espírito", ainda não tem a habitação do Espírito Santo, (Rm 8.9), portanto, sem discernimento espiritual. Só tem o "psíquico" ou a alma humana desligada do Espírito Santo, ou seja, sem "a mente de Cristo".(1ª Co 2.14-16).

2 O homem espiritual, (no grego, pneumatikos), é o homem regenerado, o que nasceu de novo do Espírito, isto é, o que é nova criatura, conforme está escrito em 2ª Co 5.17: "v17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo". Portanto, o espiritual já tem o Espírito Santo habitando nele, e consequentemente, tem "a mente de Cristo", assim: v9 "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele". Rm 8.9 (1ª Co 2.16; Gl 4.6). Paulo fez clara distinção, entre o natural e o espiritual no décimo quarto e no décimo quinto versículo mencionados acima, entre o natural sem entendimento das cousas espirituais, e o "experimentado" ou espiritualmente maduro que discerne bem as cousas do Espírito. (Jo 3.1-7).

3. O crente carnal, (no grego, sarkinos), o qual Paulo menciona em 1ª Co 3.1-4, é o crente que ainda não é maduro, mas, é espiritualmente menino, imaturo. (1ª Co 3.1). Por isto age impulsionado pela natureza carnal ou humana, propiciando uma guerra da carne contra o Espírito, em si mesmo. Então, para resolver esta questão, o apóstolo Paulo indica o caminho certo, ou seja, precisa crucificar a carne com suas concuspiscências, para poder cumprir a vontade de Deus, assim: "(...) v24 E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. v25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito". Gl 5.22-25.

4. A mente de Cristo. Todo crente genuino tem a "mente de Cristo", porque habita nele o Espírito Santo, que nos faz discenir espiritualmente todas as cousas, "comparando as cousas espirituais com as espirituais", porque o Espírito Santo que habita nele é que dá o discernimento espiritual. É isto que Paulo chama da "mente de Cristo", assim: "(...) v16 Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo". (1ª 2.16). Foi Jesus quem pediu ao Pai que enviasse o Consolador o Espírito Santo da verdade para permacer conosco para sempre e para nos guiar em toda verdade, assim: "v16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, v17 o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós". Jo 14.16-17. Como muito bem disse o apóstolo Paulo: "(...) Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. (1ª Co 6.19-20). (...) Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus". (Rm 8.14). Dai derivou o nome de cristão (no grego "cristós") que quer dizer "ungido" pelo Espírito, assim: (...) Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos". (At 11.26b; 26.28; 1ª Pe 4.16). Desta maneira o nome de cristão identifica o ser humano como racional e espiritual, distinguindo-o de um aninal irracional.

5. Como o homem espiritual deve ocupar a sua mente?. Deve ocupar sua mente, prioritariamente, com as coisas espirituais, asssim:

a) Meditar na Palavra de Deus de dia e de noite: Como está escrito: "v1 Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. v2 Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. v3 Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará". Sl 1.1-3. (Js 1.8).

b) Ensinar os filhos desde criança na doutrina evangélica. Como está escrito no livro de Proverbios: " v6 instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele". Pv 22.6.

c) Vivenciar os mandamentos da Palavra de Deus, em toda maneira de viver. Para ser bem sucedido em seus caminhos: "(...) v104 Pelos teus mandamentos, alcancei entendimento; pelo que aborreço todo falso caminho. v105 Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho". Sl 119.104-105. (Js 1.8).

d) Santificar-se pela Palavra de Deus. Como disse Jesus: "(...) v17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade". Jo 17.17. Como também disse o apóstolo Pedro: "(...) v14 como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; v15 mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, v16 porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo". 1ª Pe 1-15-17. (Ler: Rm 12.1-2; Hb 12.14; ).

e) Ocupar a mente com tudo que é de boa fama e puro. Conforme disse o apóstolo Paulo, assim: "(...)v8 Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai". Fl 4.8

f) Falar de acordo com a Palavra de Deus. Assim se cumprirá o que Jesus disse: "(...) porque a boca fala do que está cheio o coração a ". Lc 6.45b. Conforme está escrito também na epístola de Tiago: "(...) v10 de uma mesma boca procede bênção e maldição? Meus irmãos, não convém que isto se faça assim. v11 Porventura, deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa? v12 Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Assim, tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce". Tg 3.10-12. Portanto, pelas palavras que falamos, revelamos o estado sadio ou patológico de nossas almas ou mentes. (Ler: Mt 5.37; 15.18; Mc 13.11; Lc 21.15; 2ª Pe 1.21)

Conclusão. Todo cristão deve ser como o homem espiritual, pensando, falando, e agindo de acordo com a pureza, a ética, e a moral cristã. Pensando sempe nas coisas que são espirituais, ou celestiais do reino de Deus, como disse o apóstolo Paulo, assim: "v1 Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. v2 Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; v3 porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. v4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória". Cl 3.1-4. Falar da mensagem da cruz que apresenta Jesus Cristo como Redentor e Salvador suficiente e que nos dá a vida eterna. Como disse Jesus: "v15 E disse-lhes: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. v16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado". Mc 16.15-16. (Ler: Jo 3.16; 5.24; 1ª Co 1.18-24). Amém

sábado, 19 de fevereiro de 2011

ESTUDOS DOUTRINÁRIOS / O PROFETA JEREMIAS

O PROFETA JEREMIAS

Em meados do séc. VII a.C., provavelmente entre os anos 650 e 645, nasceu no seio de uma família sacerdotal de Anatote, pequeno lugar próximo a Jerusalém, o menino que, mais tarde, seria conhecido como o profeta Jeremias (1.1). Sendo este ainda muito jovem (1.6), o Senhor o chamou para o seu serviço; corria o ano 626, o décimo terceiro do reinado de Josias (1.2), pouco mais de um século depois da época em que viveu e exerceu o seu ministério o profeta Isaías (ver Is 1.1, n.).
Naquele tempo, o domínio da Assíria estava chegando ao seu fim. O Império Neobabilônico acabara de se impor aos restos da grandeza da Assíria, a nação que, especialmente entre os séculos X e VII a.C., conseguiu ampliar os seus limites invadindo enormes espaços da Mesopotâmia, Síria e Ásia Menor. A decadência da Assíria foi muito rápida. O mesmo séc. VII, testemunha das maiores glórias daquele grande império, o foi também da perda da sua hegemonia e do final da sua história como Estado independente. No seu lugar, entre 610 e 605 a.C., se levantou a Babilônia, poderosa e renovada.
O desaparecimento do invasor assírio representou um curto período de liberdade para os povos que por eles foram dominados, os quais foram caindo depois, paulatinamente, debaixo do domínio dos babilônicos. Mas entre um e outro momento, aproveitando algumas circunstâncias favoráveis, o rei Josias, de Judá, começou a desenvolver uma política de nação independente e a promover a reforma religiosa que deu ao seu reinado um destaque especial (2Rs 22.1—23.27; 2Cr 34.1—35.19). Foi um brilhante processo de restauração que foi interrompido no ano de 609 a.C., quando Josias, aos 39 anos de idade, caiu ferido mortalmente em Megido, na batalha contra o exército do Faraó-Neco (2Rs 23.28-30; 2Cr 35.20-27). Os monarcas sucessores de Josias, ineptos e com conselheiros imprudentes, não souberam evitar a desintegração política e moral do reino de Judá, cuja degradação culminou com a destruição de Jerusalém (586 a.C.) e a deportação em massa dos seus habitantes para a Babilônia.
Jeremias iniciou o seu ministério no tempo de Josias e continuou desenvolvendo a sua atividade profética durante o tempo dos últimos reis de Judá: Jeoacaz (também chamado Salum), Jeoaquim (ou Eliaquim), Joaquim (ou Jeconias) e Zedequias (ou Matanias). Os tempos eram difíceis para o povo, cujos dirigentes mantinham posições políticas conflitantes: uns eram partidários de se submeterem com serenidade ao governo da Babilônia como mal menor; outros defendiam a posição de uma aliança com o Egito contra ela. Jeremias, que se viu obrigado a tomar posição no conflito, tratou de convencer Zedequias de que uma aliança com os egípcios acabaria em desastre (27.6-8). Mas os esforços do profeta, além de causar-lhe não poucos sofrimentos (38.1-13), foram totalmente inúteis, pois o rei, inclinando-se a favor do conselho oposto, decidiu solicitar o apoio do Faraó-Neco. O resultado foi catastrófico para Judá, porque as forças egípcias se encontravam em ampla inferioridade diante das babilônicas, como já se havia visto em 605 a.C., na batalha de Carquemis, junto ao Eufrates, “no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá”. Esse triunfo de Nabucodonosor significou a consolidação da supremacia da Babilônia (cf. 46.2) e o seu domínio sobre os países invadidos.
O LIVRO E A SUA MENSAGEM
O livro de Jeremias (Jr) é uma das coleções mais extensas de escritos proféticos. Pode ser dividido em três seções: a primeira compreende do cap. 2 ao 25; a segunda, do 26 ao 45; e a terceira, do 46 ao 51. O livro é iniciado com o chamamento do profeta (cap. 1) e encerrado com um resumo da narrativa da queda de Jerusalém (cap. 52).
A primeira seção, poética na sua maior parte, corresponde aos dois primeiros decênios do ministério de Jeremias, que dirige a sua pregação especialmente a Judá e à cidade de Jerusalém, a fim de que os seus habitantes tomem consciência dos seus próprios pecados. Propõe ao povo o exemplo da maldade de Israel (caps. 2.1—4.2), exorta-o a mudar de conduta (4.3-4) e insiste em denunciar a mentira, a violência, a injustiça e a obstinação de coração do povo de Judá, males cuja raiz se encontra na infidelidade ao Senhor, no tê-lo abandonado para ir atrás de deuses estranhos (2.13,19,27; 3.1; 7.24; 9.3; 11.9-13; 13.10; 16.11-12). A infidelidade à aliança de Deus haveria de implicar, como inevitável conseqüência, o juízo condenatório contra Judá; e assim, o profeta anuncia sem rodeios a iminência do desastre, e até se atreve a predizer abertamente a destruição do templo de Jerusalém (7.14).
Sobretudo depois da morte de Josias, as acusações e advertências de Jeremias eram dia a dia mal recebidas. Os seus concidadãos as rechaçavam com crescente obstinação, e, com isso, repeliam também a presença do profeta (Cf. 11.18-19). O porquê daquela teimosia o afetava dolorosamente, de tal forma que acabou chegando a conclusões cheias de pessimismo: “este povo é de coração rebelde e contumaz” (5.23); “a cegonha no céu conhece as suas estações; a rola, a andorinha e o grou observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor” (8.7); “pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal” (13.23); “o pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com diamante pontiagudo” (17.1).
A expressão mais comovente dessas dolorosas experiências se encontra nas chamadas “Confissões de Jeremias”, contidas nesta seção: 11.18—12.6; 15.10-21; 17.14-18; 18.18-23; 20.7-18. A leitura destas passagens, semelhantes de alguma maneira aos salmos de lamentação (p. ex.: 22; 32; 39; 143), permite descobrir a sinceridade e a profundidade do diálogo que o profeta, nos seus momentos de crise, manteve com o Senhor. Jeremias demonstra a sua decepção e amargura pelos graves sofrimentos derivados do cumprimento da sua missão profética; mas as respostas que recebe do Senhor são desconcertantes: algumas vezes consistem em perguntas, e outras, em fazê-lo entender que as provações não terminaram, e que serão ainda mais difíceis as que virão. Desse modo, o Senhor, gradualmente, revela a Jeremias que sofrer por fidelidade à palavra de Deus é um elemento inseparável do ministério profético.
Na segunda seção predomina o gênero narrativo; portanto, está quase totalmente escrita em prosa. O autor centra a sua atenção no relato de certos incidentes da sua própria vida, entre os quais introduz alguns resumos das suas mensagens proféticas. Estes caps. (26—45) descrevem os dramáticos ataques que Jeremias sofreu, bem como a forma como os suportou sem se desviar da sua missão. Esta seção também contém dados que permitem reconstruir o processo de redação do texto de Jeremias (36.1-4,27-32); além disso, nela se faz referência a Baruque, filho de Nerias, companheiro do profeta, a quem, conforme Jeremias ditou, escreveu “no rolo... todas as palavras que a este o Senhor havia revelado” (36.4).
Mas Jeremias não foi enviado somente para arrancar, derribar, destruir e arruinar, mas também para edificar e plantar (1.10). Por essa razão, a série de relatos de caráter histórico se interrompe nos caps. 30 a 33, para dar lugar a diversas promessas de esperança e salvação. São discursos consoladores colocados junto aos relatos da queda de Jerusalém e da descrição dos sofrimentos de Jeremias, que apontam para a necessidade de que o povo, mesmo em meio às mais infelizes circunstâncias, mantenha firme a sua confiança no Senhor e na sua misericórdia.
Entre tais promessas de salvação, destaca com luz própria o anúncio de que Deus vai restabelecer com Israel o relacionamento que o povo havia perdido por causa das suas infidelidades. Aquela antiga aliança será substituída por outra, por uma nova aliança, não gravada em tábuas de pedra: “Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (31.33). O anúncio dessa nova aliança encontra um eco preciso nas palavras que Jesus pronunciou na noite da “última ceia” (Mt 26.27-29; Mc 14.23-25; Lc 22.20) e também na epístola aos Hebreus (8.7-13).
A terceira parte do livro de Jeremias (46—51) é formada por um conjunto de mensagens contra as nações pagãs palestinas, mencionadas essencialmente na mesma ordem em que aparecem em 25.15-38, do Egito à Babilônia. Mas também anúncios de salvação são incluídos para algumas dessas nações (cf. 46.26; 48.47; 49.6,39). Certo é que a atividade do profeta tinha Judá e Jerusalém como primeiro marco do seu compromisso, mas, na sua pregação, não podia esquecer a realidade dos povos vizinhos, bem como o importante significado da sua presença no transcurso da história de Israel (27.1-13). Além disso, as mensagens que Jeremias lhes dirige são testemunho da profunda convicção que o anima e com que declara que o Senhor não é Deus só de Israel, mas também de toda a criação; não é Senhor somente de uma história particular, como a do povo eleito, mas também rege a história de todas as nações e de tudo o que é e existe.
O cap. 52, o último do livro, é uma espécie de apêndice histórico que reproduz, com algumas variantes a narrativa de 2Rs 24.18—25.30 sobre a queda de Jerusalém. Essa narração, assim introduzida, demonstra a autenticidade do ministério de Jeremias, confirmado pelo Senhor mediante os fatos que deram pleno cumprimento à palavra do profeta (cf. Dt 18.21-22).
ESBOçO:
Vocação de Jeremias (1.1-19)
1. Mensagens contra Judá e Jerusalém (2.1—25.38)
2. Relatos autobiográficos e anúncios de salvação (26.1—45.5)
3. Mensagens contra as nações pagãs (46.1—51.64)
Apêndice: a queda de Jerusalém (52.1-34)

SERMÃO DE JOHN WESLEY - SERMÃO DO MONTE - PARTE II

Sobre o Sermão do Monte – Parte II
John Wesley

'Bem-aventurados são os mansos: porque eles herdarão a terra. Abençoados serão eles que têm forme e sede de justiça: porque eles serão fartos. Bem-aventurados os que misericordiosos: porque eles obterão misericórdia'. (Mateus 5:5-7)

I.

1. Quando 'o inverno passa', quando 'o tempo de cantar se foi, e a voz da tartaruga marinha é ouvida da terra'; quando Ele que conforto os murmuradores retornar, 'para que possa habitar com eles para sempre'; quando, à luz de sua presença, as nuvens se dispersarem; a nuvens escuras da dúvida e incerteza; as tempestades de medo desaparecerem; as ondas de tristeza diminuírem, e seus espíritos se regozijarem novamente no Deus, seu Salvador; então, esta palavra estará eminentemente cumprida; então, aqueles que ele tem confortado poderão dar testemunho de que 'Bem-aventurado',  ou feliz, 'são os mansos, porque eles herdarão a terra'.

            2. Mas quem são 'os mansos?'. Não aqueles que se angustiam por nada, porque nada sabem; aqueles que não estão transtornados, por causa das maldades que ocorrem, já que não discernem o mal do bem. Não aqueles que estão abrigados dos golpes da vida, por causa da insensibilidade estúpida; que têm, por natureza ou arte, a virtude de mão se deixarem abalar, e não se ressentem de coisa alguma, porque nada sentem. Filósofos brutos estão totalmente despreocupados sobre esse assunto. Apatia está tão longe da mansidão, quanto da benevolência. De modo que alguém não conceberia facilmente, como alguns cristãos das épocas mais inocentes; especialmente, alguns dos Patriarcas da Igreja, puderam confundir-se com estes, e equivocar-se com um dos mais sórdidos erros do Paganismo, como uma ramificação do Cristianismo verdadeiro. 

            3. Nem a mansidão cristã implica em se ser, sem zelo, para com as coisas de Deus, mais do que praticar ignorância ou insensibilidade. Não; ela se mantém distinta de todo extreme, se, por excesso ou falta. Ela não destrói, mas equilibra as afeições, as quais o Deus da natureza nunca designou que pudessem ser extirpadas pela graça, mas apenas traz e mantém debaixo de devidas regras. Ela equilibra a mente. Ela retém uma escala nivelada, com respeito à ira, tristeza, e medo; preservando o significado, em cada circunstância da vida, e não declinando, nem para a direita, nem para a esquerda.

            4. Mansidão, portanto, parece propriamente relatar-se a nós mesmos. Mas pode se referir tanto a Deus quanto ao nosso próximo. Quando esta oportuna compostura da mente faz referência a Deus, ela é usualmente denominada resignação; uma aquiescência calma a qualquer que seja sua vontade, concernente a nós, mesmo que ela não possa ser agradável à natureza; dizendo continuamente: 'É o Senhor; e que ele faça o que lhe pareça bom'. Quando nós a consideramos mais estritamente com respeito a nós mesmos, nós a intitulamos de paciência ou contentamento. Quando é manifesta em direção a outros homens, então, é brandura para com o bom, e gentileza para com o mau.

5. Aqueles que são verdadeiramente mansos, podem claramente discernir o que é mal; e podem também suportá-lo. Eles são sensíveis a todas as coisas desse tipo, mas, ainda assim, a mansidão segura as rédeas. Eles são excessivamente 'zelosos, para com o Senhor das multidões'; mas o zelo deles é sempre dirigido pelo conhecimento, e equilíbrio, em cada pensamento, e palavra, e obra, para com o amor do homem, assim como, para com o amor de Deus. Eles não desejam extinguir alguma das paixões que Deus tem implantado em sua natureza, com objetivos sábios; mas têm o domínio delas: Eles a mantêm em sujeição, e as empregam apenas na subserviência àquelas finalidades. E. assim, mesmo as paixões mais dissonantes e mais desagradáveis são aplicadas para os mais nobres propósitos; até mesmo ódio, ira, medo, quando comprometidos contra o pecado, e regulados pela fé e amor, são os caminhos e baluartes para a alma, de maneira que o perverso não pode aproximar-se para causar dano.

            6. É evidente, que esse temperamento divino não apenas habita, mas cresce em nós, dia a dia. As oportunidades de exercitá-lo, e, por meio disto, melhorá-lo, nunca faltará, enquanto permanecermos sobre a terra. 'Nós necessitamos da paciência, para que, depois que tivermos feito'  e suportado 'a vontade de Deus, possamos receber a promessa'. Nós necessitamos de resignação, para que possamos, em todas as circunstâncias dizer: 'Não como eu quero, mas como Tu queres'. E precisamos 'ser gentis para com todos os homens'; mas, especialmente, em direção ao mal e ingrato: do contrário, seremos dominados pelo mal, em vez de pagarmos o mal com o bem. 

            7. Nem a mansidão se restringe apenas à ação exterior, como os Escribas e Fariseus ensinaram no passado, e os Professores miseráveis, não foram ensinados por Deus, não irão falhar de fazer isto, em todas as épocas. Nosso Senhor guarda contra isto,e mostra a extensão verdadeira dela, nas seguintes palavras, em (Mateus 5:21-22) 'Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu em juízo. Eu, porém, vos digo que, qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e, qualquer que chamar a seu irmão de raca [mentecapto] será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno'.  

            8. Nosso Senhor aqui classifica, como assassínio, mesmo aquela raiva que tem nenhum outro pai que o coração; que não se mostra, através da indelicadeza exterior; não; não mais, do que uma palavra impetuosa.

            'Quem quer que tenha raiva de seu irmão', de algum homem vivente, vendo que todos somos irmãos; quem quer que sinta alguma indelicadeza, em seu coração; algum temperamento contrário ao amor; quem quer que esteja raivoso, sem uma causa, sem uma causa suficiente, ou mais além do que aquela causa requeira, 'correrá o risco de julgamento', de, naquele momento, ser réu para o juízo justo de Deus.

            Mas quem não se inclinaria a preferir ler aquelas cópias que omitem a palavra que significa 'sem uma causa'?. Ela não é inteiramente supérflua? Já que, se a raiva para com as pessoas é um temperamento contrário ao amor, como pode existir uma causa, uma causa suficiente para ela, -- alguma que irá justificá-la, aos olhos de Deus?

            Esta causa seria a raiva ao pecado. Neste sentido, nós podemos estar raivosos, e ainda assim, não estaremos pecando. Neste sentido, o próprio nosso Senhor uma vez, registrou ter estado raivoso: 'Ele olhou a todos, em sua volta, com raiva, afligido por causa da dureza de seus corações'. Ele estava angustiado, diante dos pecados, e com raiva, por causa dele. E isto é, sem dúvida, correto diante de Deus.

            9. 'E qualquer que diga para seu irmão, raca'; -- quem quer que dê motivo para a raiva, como proferir alguma palavra desdenhosa. Alguns comentaristas observam que raca é uma palavra Siríaca [da língua Aramaica] que significa propriamente: inútil, vão, tolo; de maneira que ela é uma expressão inofensiva que pode ser usada em direção a alguém, com quem estamos insatisfeitos. Mas, ainda assim, quem quer que a use, como nosso Senhor nos assegurou, 'será réu do Concílio'; antes, deverá ser réu nisto: Deverá estar sujeito a uma sentença mais severa do Juiz de toda a terra.

            'Mas quem quer que diga, Tu, tolo';  -- quem quer que dê lugar ao diabo, como irromper injurioso, em uma linguagem intencionalmente vergonhosa e insultante, 'será réu no fogo do inferno'; será, naquele momento, capaz da mais alta condenação. Deverá ser observado que nosso Senhor descreve todos esses, como réus, para a punição capital. A primeira, por estrangulamento, usualmente infligida àqueles que foram condenados em uma das cortes inferiores; a segunda, por apedrejamento, que era freqüentemente infligida àqueles que foram condenados pelo grande Concílio em Jerusalém; a terceira, condenação ao fogo, infligida apenas aos mais altos ofensores, no 'vale dos filhos de Hinnom'; do qual aquela palavra é evidentemente tomada, e que nós traduzimos como 'inferno'.

10. E, considerando que os homens naturalmente imaginem que Deus irá desculpar suas deficiências em alguns deveres, pela precisão deles em outros; nosso Senhor a seguir cuida de arrancar aquele pensamento vão da imaginação comum. Ele mostra que é impossível a algum pecador comutar com Deus; que Ele não aceitará algum dever por outro; nem tomará parte da obediência, como obediência total. Ele nos adverte que realizar nosso dever para com Deus não irá nos desculpar de nossa obrigação para com nosso próximo; aquelas obras de misericórdia, como elas são chamadas, estarão, tão longe, de nos recomendar a Deus, como se estivéssemos em falta com o amor; muito ao contrário, que essa falta de amor fará com que todas essas obras sejam uma abominação para nosso Senhor.

'Por conseguinte, se tu trouxeres tua oferta ao altar, e lá, te lembrares de que teu irmão está contra ti', -- por causa de teu comportamento indelicado, em direção a ele, ou por tê-lo chamado de 'raca', ou 'tu, idiota; não pense que tua oferta irá reparar teu ódio, ou que ela irá encontrar alguma aceitação com Deus, por quanto tempo tua consciência esteja suja com a culpa do pecado do qual tu não te arrependeste. 'Deixa lá tua oferta, diante do altar, e vá, no teu caminho; primeiro, reconciliar –te com teu irmão', (a fim de que tudo que é imposto a ti, seja reconciliado), e, então, vem e oferece a tua oferta'. (Mateus 5:23-24).  

            11. E que não haja demora, no que tão proximamente concerne a tua alma. 'Entra em acordo com teu adversário rapidamente'; -- agora; imediatamente; 'enquanto tu estás indo a ele'; se for possível, antes dele vir até ti; para que o adversário, a qualquer tempo, não te entregue ao juiz'; a fim de que ele não apele a Deus; o Juiz de todos; e o Juiz entregue a ti ao oficial'; para Satanás, o executor da ira de Deus; e 'tu sejas lançado na prisão'; no inferno, para que sejas reservado para o julgamento do grande dia: 'Verdadeiramente, digo a ti, tu não deverás, de modo algum, tornar-te conhecido, por isto, até que tu tenhas pago, até a última moeda'.  Mas isto é impossível de tu fazeres sempre; vendo que tu não tens coisa alguma a pagar. Portanto, se tu já estás na prisão, a fumaça de teu tormento deverá 'elevar-se para sempre e sempre'.

12. Nesse meio tempo, 'os mansos deverão herdar a terra'. Tal é a insensata sabedoria mundana! O sábio do mundo os tem advertido, diversas vezes, -- que, se eles não se ressentirem de tal tratamento; se eles não se submeterem a serem assim maltratados, não haverá vida para eles sobre a terra; que eles nunca serão capazes de procurar as necessidades comuns da vida, nem se alegrarem por coisa alguma.

E o mais verdadeiro, -- supondo-se que não houvesse Deus no mundo; ou supondo-se que ele não se preocupasse com os filhos dos homens: a não ser, 'quando Deus surge ao julgamento, para auxiliar a todos os mansos sobre a terra', o  quanto Ele não iria rir de toda essa sabedoria pagã, que ridiculariza e se transforma na ferocidade do homem em seu louvor!'. Ele toma um cuidado peculiar para provê-los com todas as coisas necessárias para a vida e religiosidade; Ele assegura a eles a provisão que tem feito, a despeito da força, fraude, ou malícia dos homens; e o que Ele assegura, Ele dá a eles abundantemente para desfrutar. É agradável a eles, seja pouco ou muito. Já que eles se conformaram a esperar com paciência; de maneira que eles verdadeiramente se conformaram com o que quer que Deus possa dar a eles. Eles estão sempre contentes; sempre satisfeitos, com o que quer que tenham: e isto agrada a eles, porque agrada a Deus: assim sendo, enquanto seus corações; seus desejos; a alegria deles está nos céus, deles se pode verdadeiramente dizer: 'herdarão a terra'.

            13. Mas, parece haver ainda um significado, mais além, nessas palavras; a de que eles terão uma parte mais eminente na 'nova terra, onde habitará a retidão'; naquela herança, cuja descrição geral (e as particularidades, nós iremos saber, daqui a diante), através do que João nos deu no Capítulo Vigésimo de Apocalipse:

'E vi descer dos céus um anjo que tinha a chave do abismo, -- e ele prendeu o dragão, a velha serpente, -- e os encerrou por mil anos. – E eu vi as almas deles, que foram decapitados, para o testemunho de Jesus, e por causa da palavra de Deus; e daqueles que não adoraram a Besta; nem sua imagem; nem receberam sua marca em suas testas, ou em suas mãos; e eles viveram e reinaram com Cristo mim anos. Mas o restante dos mortos não tornou à vida, até que os mil anos tivessem terminado. Esta é a primeira ressurreição. Abençoado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição: sobre estes, a segunda morte não tem poder; eles serão os sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos'.(Apocalipse 20:1-6).   

II

            1. Nosso Senhor tem, até aqui, estado mais imediatamente ocupado, em remover os obstáculos da religião verdadeira. Tal como o orgulho, que é o primeiro e grande impedimento a toda religião, que é tirado fora, através da pobreza de espírito; tal como a leviandade e negligência, que impede alguma religião de criar raiz na alma, até que eles sejam removidos, através do murmurar santo; tal como a ira, impaciência, descontentamento, que são curados pela mansidão cristã. E, quando, alguma vez, esses empecilhos forem removidos, essas doenças pecaminosas da alma, que, continuamente, erguiam desejos falsos nela, e a preenchiam com apetites doentios, o apetite do espírito nascido dos céus retorna; ele que tem sede e fome de retidão: Assim sendo, 'bem-aventurados sejam aqueles que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados'.

            2. Retidão, como foi observado antes, é a imagem de Deus; a mente que estava em Jesus Cristo. Ela é todo temperamento santo e divino em um; brotando do amor de Deus, e terminando nele, como nosso Pai e Redentor, e o amor de todos os homens por sua causa.

            3. 'Abençoados são os que têm fome e sede' disto: com o objetivo de entender completamente o que significa essa expressão, devemos observar:

            1o. Que fome e sede são os mais fortes desejos de nossos apetites corpóreos. De igual maneira, é a sede na alma; essa sede, em busca da imagem de Deus, que é o mais forte de todos os apetites espirituais, quando uma vez despertado no coração: Sim. Ela engloba tudo o mais, naquele único desejo, -- sermos renovados na imagem Dele que nos criou.

            2o. Que, do momento em que começamos a sentir fome e sede, esses apetites não cessam, mas são, mais e mais, ardentes e importunos, até que possamos comer e beber, ou morrer. E, mesmo assim, do momento em que começamos a sentir fome e sede, em busca de toda a mente que estava em Cristo, esses apetites espirituais não cessam, mas clamam em busca de seu alimento, com mais e mais importunidade; nem eles podem possivelmente cessar, antes que estejam satisfeitos, enquanto existir alguma vida espiritual restando.

            3o. Que fome e sede só se satisfazem com carne e bebida. Se você der àquele que tem fome, o mundo todo; toda a elegância do vestuário; toda a pompa; todos os tesouros sobre a terra; sim, milhares de ouro e prata; se você pagar a ele com mais honra; -- ele se importará com nada disto. Todas essas coisas não terão, então, consideração com ele. Ele ainda dirá: 'Estas não são as coisas que desejo; dê-me o que comer, ou perecerei'. O mesmo acontece com cada alma que verdadeiramente tem fome e sede de justiça  Ela não encontrará conforto, em coisa alguma, a não ser isto: Ela não estará satisfeita com coisa alguma. O que quer que lhe seja oferecido além, é pouco considerado: sejam riquezas, honra, prazer, ela ainda dirá: 'Não é isto que quero! Dê-me amor, ou perecerei!'.

4. E é impossível satisfazer tal alma; uma alma que está sedenta de Deus; do Deus vivo; com o que o mundo relaciona religião; com o que eles consideram felicidade. A religião do mundo implica em três coisas:

(1)      Não causar dano; abster-se do pecado exterior; pelo menos, de tais como escândalo, roubo, furto, praguejamento comum, bebedeira:
(2)      Fazer o bem; aliviar o pobre; ser caridoso – como isto é chamado:
(3)      Usar os meios da graça; pelo menos, indo à igreja, e comparecendo à Ceia do Senhor.

Aqueles, nos quais estas três marcas são encontradas, são denominados, através do entendimento do mundo, homens religiosos. Mas isto tudo irá satisfazer aquele que tem sede de Deus? Não! Isto tudo não significa alimento para sua alma. Ele necessita de uma religião de um tipo mais nobre; uma religião mais elevada e mais profunda do que esta. Ele não mais se alimenta dessa coisa formal, pobre e superficial, do que ele poderia 'preencher seu estômago com o vento leste'.A verdade é que ele está cuidadoso, em abster-se da mesma aparência do mal; ele está zeloso das boas obras; ele atende a todas as ordenanças de Deus: Mas tudo isto não é o que ele almeja. Esta é apenas o exterior daquela religião, da qual ele tem fome. O conhecimento de Deus, em Jesus Cristo; 'a vida que está oculta com Cristo em Deus'; o estar 'uno com o Senhor, em um só Espírito';  o ter 'camaradagem com o Pai e o Filho'; o 'caminhar, na luz, como Deus está na luz';  o estar 'purificado, assim como Ele é puro'; -- esta é a religião, a retidão, dos quais ele tem sede; e ele não poderá descansar, até que ele possa assim descansar em Deus.

5. 'Bem-aventurados são eles que' assim 'têm sede de justiça; porque serão saciados'. Eles serão preenchidos com as coisas que eles almejam; mesmo com retidão e santidade verdadeira. Deus irá satisfazê-los com as bênçãos de sua excelência, com a felicidade de sua escolha. Ele os alimentará com o pão dos céus. Com o maná de seu amor. Ele dará a eles de beber do seu prazer, de um rio em que eles nunca mais terão sede, a não ser, mais e mais da água da vida. E essa sede permanecerá para sempre.

            6. Quem quer que tu sejas; a quem Deus tem dado 'a fome e sede de retidão', clame a ele, para que nunca mais tu percas este dom inestimável; -- para que este apetite divino nunca possa cessar de ti. Mesmo que muitos te repreendam, e ofereçam a ti reter tua paz, não te preocupes com eles; sim; clama ainda mais: 'Jesus, Mestre, tenha misericórdia de mim. Que eu não possa viver; a não ser, sendo santo, como tu és santo!'. Não mais, 'gasta teu dinheiro, com aquilo que não é pão; teu trabalho, com o que não te satisfaz'. Tu esperas encontrar a felicidade na terra; -- encontrá-la, nas coisas do mundo? Ó, pisa em todos os teus prazeres, a despeito de tuas honras, considerando-nos esterco e refugo; -- todas as coisas que estão debaixo do sol; -- 'pela excelência do conhecimento de Jesus Cristo', para a completa renovação de tua alma, na imagem de Deus, de onde ela foi originalmente criada. Cuida de não extinguir essa fome e sede abençoada, por causa daquilo que o mundo chama de religião; a religião da forma, do espetáculo exterior, que deixa o coração ainda mais mundano e sensual do que nunca. Que ninguém possa satisfazer a ti, a não ser o poder da santidade; a não ser uma religião, que é espírito e vida; tu vivendo em Deus, e Deus em ti; -- o ser um habitante da eternidade; o entrar, através do sangue derramado, 'tirando o véu',  e sentando-te 'em lugares celestiais com Jesus Cristo'.   

III

 1. E, quanto mais eles são preenchidos com o amor de Deus, mais ternamente eles irão se preocupar com aqueles que ainda estão sem Deus no mundo; ainda mortos, em transgressões e pecados. Nem deve interessá-los que os outros percam sua recompensa. 'Bem-aventurados os misericordiosos; porque eles obterão misericórdia'.

            A palavra usada por nosso Senhor implica mais imediatamente no compassivo; no bondoso de coração; naqueles que, muito longe de desprezar, sinceramente se afligem por aqueles que não estão famintos de Deus.

            Esta eminente parte do amor fraternal está aqui, através de uma figura comum, colocada para o todo; de modo que 'os misericordiosos, em seu sentido completo do termo, são aqueles que 'amam seus próximos como a si mesmos'.

2. Por causa da vasta importância desse amor, -- sem o que, 'embora falemos com a língua de homens e anjos; embora tenhamos o dom da profecia, e entendamos todos os mistérios, e todo o conhecimento; embora tenhamos toda a fé, capaz de remover montanhas; mesmo que demos todos os nossos bens para alimentar o pobre; e nossos corpos sejam queimados, de nada aproveitaria em nós', --  a sabedoria que Deus tem nos dado, através de Paulo; um completo e particular relato dela; no que nós devemos mais claramente discernir quem são os misericordiosos, que deverão obter misericórdia. 

3. 'Caridade', ou amor (como seria de se esperar, tivesse sido ela reproduzida, em seu sentido completo, já que se trata de uma palavra muito mais clara e menos ambígua); o amor ao nosso próximo, como Cristo nos tem amado, 'nos suportado'; é paciente, para com todos os homens. Ele suporta toda a fraqueza, ignorância, erros, enfermidades; toda a obstinação e insignificância da fé dos filhos de Deus; toda a malícia e maldade dos filhos do mundo. E sofre tudo isto, não apenas por um tempo, por um breve período, mas até o fim; ainda alimentando nosso inimigo, quando ele tem fome; se ele tem sede; ainda, dando-lhe água; assim, continuamente, 'empilhando carvões no fogo'; despejando amor, 'sobre sua cabeça'.

            4. E, em cada passo, em direção a esse objetivo desejável; o 'domínio do mal pelo bem'; o amor é  'crhsteuetai' (uma palavra difícil de ser traduzida). Ele é leve, moderado benigno. Ele se coloca muito distante da melancolia; de toda aspereza e acidez do espírito; e inspira imediatamente  o sofredor, com a delicadeza mais amável, e a mais fervorosa e terna afeição.

5. Conseqüentemente, 'o amor não sente inveja': É impossível que ele possa sentir; ele é diretamente oposto àquele temperamento pernicioso. Aquele que tem essa afeição terna por todos, que sinceramente deseja todas as bênçãos temporais e espirituais; todas as coisas boas deste mundo, e do mundo que há de vir, a todas as almas que Deus fez, não pode se afligir que Ele conceda algum bom dom a algum filho do homem. Se ele próprio recebeu o mesmo, ele não se aflige, mas regozija-se, que outro compartilhe do benefício comum. Se ele não recebeu, ele dá graças a Deus que seu irmão, pelo menos, o tenha; e nisto, ele está mais feliz do que estaria se fosse consigo. E quanto maior é seu amor, mais ele se regozija pelas bênçãos a toda a humanidade; e mais ele remove todo tipo e grau de inveja, em direção a qualquer criatura.

            6.  'O amor não trata com leviandade'; o que coincide com as palavras seguintes; mas, preferivelmente, (como a palavra propriamente significa), não é imprudente ou precipitado no julgamento; ele não irá precipitadamente condenar quem quer que seja. Ele não dará uma sentença severa, devido a visão superficial ou apressada das coisas: Ele primeiro pesa todas as evidências; particularmente aquelas que são trazidas em favor do acusado. Aquele que verdadeiramente ama seu próximo não é como a generalidade dos homens, que, mesmo nos casos de natureza mais precisa, 'vê pouco, presume muito, e precipita-se na conclusão'.  Não: Ele procede com prudência e circunspeção; dando atenção a cada passo; concordando de boa-vontade com aquela regra dos antigos pagãos, (Ó, aonde os modernos cristãos irão se mostrar!) 'Eu estou tão longe de acreditar superficialmente, no que um homem diz contra outro, que não facilmente eu irei acreditar no que um homem diz contra si mesmo. Eu sempre permitirei a ele uma segunda opinião, e muitas vezes, mudar de idéia também'.   

            7. Segue-se que 'o amor não se envaidece'. Ele não se inclina ou faz com que algum homem 'pense mais altamente sobre si mesmo, do que deveria pensar', mas, antes, pondera com juízo: Sim. Ele reduz a alma ao pó. Ele destrói todos os altos conceitos; orgulho engendrado; e faz com que nos regozijemos de sermos nada; sermos poucos e vis; os mais desprezíveis dos homens; os servos de todos. Aqueles que estão 'cordialmente afeiçoados ao outro com amor fraternal', não pode, a não ser 'pela honra, preferir ao outro'. Aqueles que têm o mesmo amor estão em harmonia, e fazem, na humildade da mente, 'com que cada um estime ao outro, mais do que a si mesmos'.

            8. 'Ele não se porta com indecência': Ele não é rude, ou de boa-vontade ofensivo a algum outro. Ele 'retribui a todos o que é justo; respeito a quem respeita; honra a quem honra'; cortesia, civilidade, humanidade a todo o mundo; em seus diversos níveis, 'reverenciando a todos os homens'. Um escritor recente define como boas maneiras; mais ainda, o mais alto nível dela, como cortesia, 'um desejo contínuo de agradar, aparecendo em todo o comportamento'. Mas se for assim, não existe alguém tão educado como um cristão, um amante de toda a humanidade; já que ele não pode deixar de almejar 'agradar a todos os homens, pelo bem de sua edificação': E esse desejo não pode ser oculto; ele necessariamente aparece, em todo o seu intercurso com outros homens. Já que seu 'amor não é hipócrita': Ele surge, em todas as suas ações e conversas; sim, e o constrange, embora sem fraude, 'a se tornar todas as coisas a todos os homens, se através de algum desses meios, ele pode salvar alguns'.  

9. E, em se tornando todas as coisas a todos os homens, 'o amor não busca seus próprios interesses'. Em empenhar-se a agradar a todos os homens, o amante da humanidade não tem olho para suas vantagens temporais. Ele não almeja ao homem prata, ouro ou vestuário: Ele não deseja coisa alguma, a não ser a salvação de suas almas: Sim, em um sentido, pode-se dizer que ele não busca sua vantagem espiritual, mais do que a temporal; enquanto ele se dedica a salvar suas almas da morte, ele, como se diz, se esquece de si mesmo. Ele não pensa em si mesmo, por quanto tempo aquele zelo pela glória de Deus o consome. Mais ainda; algumas vezes, devido ao seu muito amor, ele pode quase parecer desistir de si mesmo, da sua alma e do seu corpo; enquanto ele clama como Moisés, em (Êxodo 32:31-32): 'Ora, este povo pecou pecado grande, fazendo para si deuses de ouro; agora, pois, perdoa o pecado deles; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito'. Ou, como Paulo, em (Romanos 9:3) 'Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes, segundo a carne'.

            10. Não é de se admirar que tal 'amor não se irrita' ou paroxunetai: Que se observe que a palavra, facilmente inserida de modo singular na tradução, não está no original: As palavras de Paulo são perfeitas. 'O amor não se irrita': Ele não se ofende à descortesia, em direção a quem quer que seja. De fato, oportunidades para isto irão freqüentemente ocorrer; provocações exteriores de vários tipos; mas o amor não se rende à provocação; ele triunfa sobre tudo. Em todas as tentativas, ele olha para Jesus, e é mais que vencedor em seu amor.  

Não é improvável que nossos tradutores inseriram aquela palavra, como se ela fosse, para desculpar o Apóstolo; que, como eles supuseram, poderia, do contrário, pareceria estar em falta com o mesmo amor que ele tão belamente descreve. Eles parecem ter suposto isto da frase em Atos dos Apóstolos; que está igualmente muito inadequadamente traduzida. Quando Paulo e Barnabé discordaram, com respeito a João, a tradução seguiu-se dessa forma: 'E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus.e passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas' (Atos 15:39).

Isto naturalmente induz o leitor a supor que eles estavam igualmente mordazes nisto; que Paulo, que está indubitavelmente certo, com respeito ao ponto em questão, (sendo completamente impróprio levar João com seles novamente, quem tinha desertado deles anteriormente), estava tão alterado quanto Barnabé, que deu tal prova de sua ira, que deixou a obra, pela qual ele tinha sido separado pelo Espírito Santo. Mas o original não importa tal coisa; nem afirma que Paulo estava alterado afinal. Ele simplesmente diz, 'E houve uma veemência', um paroxismo de raiva; em conseqüência do que Barnabé deixou Paulo, pegou a João e seguiu seu caminho. Paulo, então, 'escolhe a Silas, e parte, sendo recomendado pelos irmãos para a graça de Deus'; (o que não é dito com respeito a Barnabé); 'e segue através da Síria e Cilícia',  como ele tinha proposto, 'confirmando as igrejas' . (Atos 15:39-41).

Mas, retornando....

11. O amor impede milhares de provocações que, do contrário, se ergueriam, porque ele não 'suspeita mal'. Realmente, o homem misericordioso não pode evitar saber muitas coisas que são ruins; ele não pode deixar de vê-las, por si mesmo, e ouvir delas, ele mesmo. Já que o amor não tira fora seus olhos, é impossível a ele não ver que tais coisas são feitas; nem tira fora seu entendimento, não mais do que seus sentidos, de maneira que ele não pode deixar de saber que elas são más. Por exemplo: quando ele vê um homem golpear seu próximo, ou o ouve blasfemar contra Deus, ele não pode questionar a coisa feita, ou as palavras faladas, ou duvidar de que sejam pecaminosas. A palavra 'suspeitar' não se refere ao nosso ver e ouvir, ou aos primeiros e involuntários atos de nosso entendimento; mas à nossa disposição em pensar o que não precisamos; nossa dedução do mal, onde ele não aparece; ao nosso raciocínio concernente às coisas que não vemos; nossa suposição ao que nós não vemos, nem ouvimos. Isto é o que o amor verdadeiro absolutamente destrói. Ele rasga em pedaços; completamente, toda a idéia do desconhecido. Ele atira fora toda desconfiança; toda a maldade presumível; toda prontidão a acreditar no mal. Ele é franco, aberto, sem malícia; e, como ele não pode ocasionar, então, ele nem teme o mal.

            12. 'Ele não folga com a iniqüidade'; tão comum quanto isto seja, mesmo entre aqueles que testemunham o nome de Cristo, e que têm escrúpulos, em não se regozijarem sobre seus inimigos, quando eles caem seja na desgraça, no erro, ou no pecado. De fato, quão dificilmente podem evitar isto, os que estão tão zelosamente atados a alguma parte! Quão difícil é para eles não se agradarem com qualquer falta que eles descobrem, naqueles da parte oposta, -- com alguma mancha real ou suposta, tanto em seus princípios, quanto em sua prática! Que defensor fervoroso de alguma causa é mais perspicaz do que esses? Sim; quem está tão sereno, para ser completamente livre? Quem não se regozija, quando seu adversário dá um passo em falso, o que ele pensa irá trazer vantagem a sua própria causa? Apenas o homem que verdadeiramente ama. Apenas ele chora, tanto sobre o pecado, quanto sobre a tolice de seu inimigo; não tendo prazer em ouvir, ou em repetir isto, mas, preferivelmente, deseja que ele possa ser esquecido para sempre.

            13. Mas ele 'se regozija na verdade', onde quer que ela se encontre; na 'verdade que busca a santidade', que produz seus frutos próprios, santidade de coração e santidade de conversa. Ele se regozija se certificar que mesmos esses que se opõem a ele, se com respeito às opiniões, ou alguns pontos da prática, são, não obstante, amantes de Deus, e em outros aspectos, irrepreensíveis. Ele fica feliz em ouvir falar bem deles, e fala tudo o que ele pode consistentemente com a verdade e a justiça. Realmente, o bem, em geral, é sua glória e alegria, em qualquer parte, espalhado, através da raça humana. Como um cidadão do mundo, ele clama por uma porção na felicidade de todos os habitantes dele. Porque ele é um homem, ele não está despreocupado com o bem-estar de qualquer homem; mas se alegra com o que quer que traga glória a Deus, e promove a paz e boa-vontade entre os homens.

14. Este 'amor encobre todas as coisas': (assim, sem dúvida, 'suporta todas as coisas'): Porque um homem misericordioso não se regozija na iniqüidade; nem de boa vontade faz menção disto. O que quer de mal que ele veja, ouça, ou saiba, ele, porém, se cala. Tanto quanto ele pode, sem tornar-se 'parceiro no pecado de outrem'. Onde quer, ou com quem quer que ele esteja, se ele vê alguma coisa que ele não aprova, isto não sai de sua boca; exceto para a pessoa a quem diz respeito, se, por acaso, ele pode ganhar um irmão. Ele está, muito longe, de fazer, das faltas ou falhas de outros, o assunto de sua conversa, já que do ausente ele nunca fala, afinal; a não ser, se ele puder falar bem. O fofoqueiro, o caluniador, o murmurador, o maledicente, é para ele como um assassino. Assim como ele cortaria a garganta de seu próximo, ele mataria sua reputação. Assim como ele pensaria em se divertir, ateando fogo na casa de seu próximo, ele 'distribuiria flechas a sua volta; tição e morte', dizendo, 'eu não estou praticando esporte?'.

Ele faz apenas uma exceção; algumas vezes, ele está convencido de que é para a glória de Deus, ou (o que vem a ser o mesmo) o bem de seu próximo, que um mal não deva ser encoberto. Nesse caso, para o benefício do inocente, ele é constrangido a declarar o culpado. Mas, mesmo aqui:

1o. Ele não falará, afinal, até que o amor; o amor superior, o obrigue;

2o. Ele não fará isto, de uma visão geral confusa em fazer o bem, ou promover a glória de Deus, mas de um sinal claro de alguma finalidade pessoal; algum bem determinado que ele persiga;

3o. Ainda assim, ele não pode falar, a menos que ele esteja completamente convencido de que esse mesmo meio é necessário para aquela finalidade; que a finalidade não pode ser respondida; pelo menos, não tão efetivamente, através de algum outro caminho;

4o. Ele, então, o faz, com a mais extrema tristeza e relutância; usando isto como um último e pior remédio; um remédio extremo, em um caso extremo; uma espécie de veneno, que nunca deverá ser usado, a não ser para expelir o veneno;

5o. Conseqüentemente, ele usa isto tão frugalmente quanto possível. E o faz com temor e tremor, a fim de que não transgrida a lei do amor, por falar demais; mais do que ele poderia ter feito, não falando, afinal. 

15.  O amor 'acredita em todas as coisas'. Ele está sempre disposto a pensar o melhor; a colocar a mais favorável construção sobre tudo. Ele está sempre pronto a acreditar, no que quer que possa tender ao proveito do caráter de alguém. Ele é facilmente convencido da inocência (o que ele sinceramente deseja), ou integridade de qualquer homem; ou, pelo menos, da sinceridade de seu arrependimento; se ele, uma vez, errou no seu caminho. Ele fica feliz em desculpar o que quer que seja inoportuno; a condenar o ofensor, tão pouco quanto possível; e a dar toda permissão para a fraqueza humana, que possa ser feita, sem trair a verdade de Deus.

16. E quando ele não puder acreditar mais, então, o amor 'terá esperança, em todas as coisas'. Algum mal está relacionado a algum homem? O amor espera que a relação não seja verdadeira; que a coisa relacionada nunca tenha sido feita. É certo que ela foi? – 'Mas, talvez, não tenha sido feita, em tais circunstâncias, como está relatada; de maneira que, aceitando o fato, existe uma oportunidade de esperar que ela não seja tão ruim quanto está reproduzida'. A ação foi inegavelmente pecaminosa?  O amor espera que a intenção não tenha sido tanto. Está claro que o objetivo foi pecaminoso também? – 'Ainda assim, ele não deveria brotar de um temperamento firme do coração, mas de um ímpeto de paixão, ou de alguma tentação veemente, que precipita o homem fora da compreensão de si mesmo'. E, mesmo quando não houver dúvida de que todas as ações, objetivos, e temperamentos são igualmente maus; ainda assim, o amor espera que Deus estenda seu braço, e leve a si mesmo à vitória; e haverá 'alegria nos céus, por conta', deste 'único pecador que se arrepende, do que por causa de noventa e nove pessoas que não precisam de arrependimento'.

            17.  Por fim: Ele 'suporta todas as coisas'. Isto completa o caráter daquele que é verdadeiramente misericordioso. Ele não suporta apenas algumas; não muitas coisas apenas; nem a maioria; mas, absolutamente todas as coisas. O que quer que a injustiça, malícia, crueldade dos homens podem infligir, ele será capaz de suportar. Ele não considera coisa alguma intolerável; ele nunca diz de alguma coisa, 'Isto não pode ser suportado'. Não; ele não apenas faz, mas suporta todas as coisas, através de Cristo, que o fortalece. E tudo o que ele suporta não destrói seu amor; não o enfraquece, por fim. É evidência contra tudo. É a chama que queima, mesmo no meio do grande abismo. 'Muitas águas não podem extinguir' o seu 'amor; nem pode a inundação sucumbi-lo'. Ele triunfa sobre tudo. Ele 'nunca falha', tanto no tempo, quanto na eternidade.


Em obediência ao que o céu decreta
o conhecimento pode falhar, e a profecia cessar;
Mas a maior influência do amor eterno,
não limitado pelo tempo, nem sujeito à decadência,
em triunfo feliz viverá para sempre;
e o bem infinito espalhará, e o louvor infinito receberá.

                Assim deverá 'o misericordioso obter misericórdia'; não apenas, pela bênção de Deus sobre todos os seus caminhos; por retribuir agora o amor que eles suportaram, por seus irmãos, milhares de vezes, em seus próprios peitos; mas, igualmente, pelo 'peso excessivo e eterno da glória', no 'reino preparado para eles, desde o começo do mundo'.

18. Por enquanto, você pode dizer, 'Ai de mim, que' estou constrangido 'a  habitar com Mesech, e ter minha morada entre as tendas de Kedar!'. Você pode verter sua alma, e  lamentar a perda do amor verdadeiro e genuíno na terra: Perdido, realmente! Você bem pode dizer, (mas não, em um sentido remoto): 'Veja como esses cristãos amam uns aos outros!'. Esses reinos cristãos, que estão dilacerando suas entranhas mutuamente; devastando uns aos outros, com o fogo e a espada! Esses exércitos cristãos que estão sendo enviados, aos milhares, rapidamente para o inferno! Essas nações cristãs que estão sendo tomadas pelo fogo; pelas contendas; partido contra partido; facção contra facção!

Essas cidades cristãs, onde o dolo e a fraude; opressão e iniqüidade; sim, roubo e assassinato, não saem de suas ruas! Essas famílias cristãs, feitas em pedaços, pela cobiça, ciúme, ira, disputa doméstica, inumerável, interminável! Sim. E o que é mais terrível; o mais lamentável de tudo, essas igrejas cristãs! – Igrejas ('não diga isto, em Gath' -- mas, meu Deus, como nós poderemos ocultar isto dos judeus, turcos ou dos pagãos?); que testemunhamos o nome de Cristo, o Príncipe da Paz, promovendo guerra contínua uns com os outros! Que os pecadores convertidos, os queimam vivos! Que estão 'embriagados pelo sangue dos santos!'

Será que essa glória pertence apenas à grande Babilônia, 'a mãe das meretrizes e abominações da terra?'. Mais do que isto; as Igrejas Reformadas (assim chamadas) têm sinceramente aprendido a trilhar em seus passos. As Igrejas Protestantes também sabem oprimir, quando elas têm poder, em suas mãos; mesmo com sangue. E, nesse meio tempo, como elas também anatematizam umas às outras! Consagram umas às outras, ao mais baixo inferno! Que ira; que contenda; que malícia; que amargura está em todos os lugares, encontradas, em meio delas; mesmo quando elas concordam nos princípios básicos, e apenas diferem em opiniões, ou em pormenores da religião! Quem segue em busca apenas das 'coisas que trazem paz; e das coisas onde nós podemos edificar o outro?'. Ó Deus! Por quanto tempo ainda? Será que tua promessa irá falhar?

Não a tema, pequeno rebanho! Contra a esperança, acredite na esperança! É o bom prazer de seu Pai ainda renovar a face da terra. Certamente, todas as coisas chegarão ao fim, e os habitantes da terra deverão aprender a retidão. 'Nações não erguerão espadas contra nação; nem elas conhecerão a guerra mais'. 'As montanhas da casa do Senhor serão edificadas, no topo das montanhas'; e 'todos os reinos da terra tornar-se-ão os reinos de nosso Deus'. 'Eles', então, 'não causarão dano, ou destruição, em todas as suas santas montanhas'; mas chamarão os 'seus muros de salvação, e seus portões de louvor'. Eles todos serão, sem mácula ou mancha; amando uns aos outros, como Cristo nos tem amado –  Sê tu parte dos primeiros frutos, se o tempo da colheita ainda não chegou. Tu amas a teu próximo como a ti mesmo? O Senhor Deus preencherá teu coração com tal amor por cada alma, que tu estarás pronto a entregar tua vida, pela causa dele! A tua alma pode continuamente ser dominada pelo amor, consumindo cada temperamento indelicado e impuro, até que Ele te chame para a região do amor, para que reines com ele para sempre e sempre!

Editado por William A. Buckholdt III com correções de Ryan Danker and George Lyons para o  Wesley Center for Applied Theology.

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