sábado, 30 de outubro de 2010

ESTUDOS DOUTRINÁRIOS / EPÍSTOLAS


EPÍSTOLAS


Romanos


Talvez por essas razões foi colocada em primeiro lugar entre as do apóstolo.
De modo contrário  a  tradição  católica  romana,  a  igreja  romana  não foi  fundada por Pedro, nem por qualquer outro apóstolo. Ela talvez foi iniciada  por convertidos de Paulo provenientes da  Macedônia e da Ásia,  bem como judeus convertidos no dia de Pentecostes ( Atos 2.10). Paulo não tinha Roma  como campo específico de outro apóstolo  (15 .20 ).   Em  Romanos,    Paulo afirma que muitas  vezes planejou  ir até Roma para ali pregar o  evangelho mas que, até então fora impedido ( 1.13;15.22 ).  Reafirma seu  desejo  de  ir até eles ( 15.23-32).  Paulo ao escrever esta epístola, perto do fim de sua terceira viagem missionária ) cf. 15.25,26;  At. 2.3;  I Cor.16.5,6 ), estava em Corinto como hóspede na casa de Gaio ( 16.23; I Cor. 1.14 ).  Enquanto escrevia Romanos através de seu auxiliar Tércio (16.22) planejava voltar  a Jerusalém para o dia de Pentecostes ( At. 20.16; provavelmente na primavera de 57 ou 58 dC.) e entregar pessoalmente uma  oferta de
socorro das igrejas gentias aos crentes pobres de Jerusalém ( 15.25,27 ),  Logo  a  seguir, Paulo  Epístola mais longa, mais teológica e mais influente esperava partir  para  a  Espanha  levando-lhe  o  evangelho,  visitar de passagem  a igreja de Roma e receber ajuda dos crentes ali para prosseguir  em sua companhia para o oeste ( 15.24,38) .

Autor: Paulo, escrita em Corinto na casa de Gaio
Tema: A Revelação da Justiça de Deus
Data: Cerca de 57 d.C.

I aos  Corintios

A primeira epístola aos Corintios foi escrita durante seu ministério de três anos  em Ëfeso ( Atos 20.31), na sua terceira viagem missionária ( Atos18.23-21.16).   Paulo  soube  em  Ëfeso  dos  problemas  de  Corinto  (1. 11) depois  de   uma  delegação da congregação de Corinto(16.17) entregou   a  Paulo  uma  carta,  em que lhe  pediam instruções sobre vários assuntos ( 7.1; cf.8.1; 12.1; 16.1).  Paulo  escreveu  esta  epístola  tendo  em  vista  os  informes  ouvidos  e a  correspondência recebida daquela igreja.

Autor: Paulo: escrita em Éfeso
Tema: Problemas da Igreja e suas soluções
Data: Cerca de 55/56 d.C. (primavera)

II Corintios

Paulo escreveu esta epístola à igreja de Corinto e aos crentes de toda a Acaia(1.1), identificando-se duas vezes pelo nome(1.1;10.1). Tendo Paulo fundado a igreja  em Corinto ,durante a sua segundo viagem missionária, manteve contato freqüente com os corintios a partir de então, por causa dos problemas daquela igreja (ver a introducão de I Corintíos). A seqüência desses contatos em II Coríntios foi escrito são       os seguintes:(1) Depois de alguns contatos e correspondência inicial entre Paulo e       a igreja ( I Cor 1.1;5.9;7.1), ele escreveu I Coríntios em Éfeso,(primavera de 55 ou 56 d.C.). 2 Em seguida, ele fez uma viagem a Corinto, cruzando o mar Egeu, para tratar de problemas surgidos na igreja .  Essa  visita  no período entre  I  e  II  Coríntios (cf.13.12), foi espinhosa para Paulo e para a congregação (2.12).
(3) - Depois dessa  visita afonosa, informes chegaram a Paulo em Éfeso de que seus adversários estavam atacando a sua autoridade apostólica em Corinto, tentando persuadir uma parte    da  igreja a rejeitá-lo.  (4) - Respondendo, Paulo escreveu  II  Coríntios,  na   Macedônia  (outono de 55 ou 56 d.C.)  (5) - Pouco depois, Paulo viajou outra vez a Corinto (13.1), permanecendo ali cerca de três meses ( cf.At 20.-3a). Foi ali que escreveu a Epístola aos Romanos.


Autor: Paulo: escrita na Macedônia
Tema: Glória através do sofrimento
Data: Cerca de 55/56 d.C. (outono)



Gálatas (1a. epístola que Paulo escreveu)



Paulo escreveu esta epístola (1.1;5.2;6.11)” às igrejas da Galácia”.
As autoridades no assunto declaram que os gálatas eram gauleses oriundos do Norte da Galácia e que, mais tarde, parte deles emigrou para o sul     da Europa, de cujo território a França de hoje faz parte.
É muito mais provável que Paulo haja escrito esta epístola às igrejas   do Sul da província da Galácia ( Antioquia da Prícia, Icônio, Listra, Derbe),onde ele e Barnabé evangelizaram e estabeleceram igrejas durante a primeira viagem missionária ( At.13.14). A data mais provável da carta situa-se logo após o regresso de Paulo à igreja que o enviou  a Antioquia da Síria, e pouco depois do concílio de Jerusalém ( At.15).

O assunto principal de Gálatas é o mesmo debatido e resolvido em Jerusalém (c. de 49 d.C.; cf.At.15). Tal assunto implica numa dupla pergunta: (1) A fé  em Jesus Cristo como Senhor e Salvador é o requisito único para a salvação?.
(2)  É necessário obedecer certas práticas e leis judaicas do AT para se obter a salvação em Cristo? Talvez Paulo haja escrito Gálatas antes da controvérsia das leis, na Assembléia de Jerusalém ( AT. 15), e antes de a igreja comunicar a sua posição afinal. Se assim foi, então Gaálatas é a primeira epístola  que Paulo escreveu.

Autor: Paulo: Antióquia da Síria, pouco antes do concílio de Jerusalém
Tema: Salvação pela graça mediante a fé
Data: Cerca de 49 d.C.


Efésios

Efésios é um dos picos elevados da revelação bíblica, ocupando lugar único entre as epístolas de ¨Paulo. Ela não foi eleborada no árduo trabalho da bigorna da controvérsia doutrinária ou dos problemas pastorais ( como outras epístolas de Paulo). Ao contrário  fésios transmite a impressão de um rico transbordar de revelação divina, brotando da vida de oração de Paulo. Ele escreveu a carta quando estava prisioneiro por amor de Cristo (3.1; 4.1; 6.20), provavelmente em Roma. Efésios tem muita afinidade com Colossenses, e talvez tenha sido escrita logo após esta. As duas cartas podem ter sido levadas simultaneamente ao seu destino por um cooperador de Paulo chamado Tiquico  (6.21; cf Cl 4.7).  É crença geral que Paulo escreveu Efésios também para outras igrejas da região, e que não apenas a Éfeso, Possivelmente ele a escreveu como carta circular a toda a província da Ásia. Muitos crêem que Efésios é a mesma carta aos Laudicenses mencionada por Paulo em Cl 4.16.

Autor: Paulo: na prisão em Roma
Tema: Cristo e sua Igreja
Data: Cerca de 62 d.C.



Filipenses

A cidade de Felipos, na Macedônia oriental, a 16 km do Mar Egeu, foi assim chamada em homenagem a Filipe II da Macedônia, pai de Alexandre Magno. Nos dias de Pauloera uma cidade romana privilegiada, tendo uma guarnição militar.
A  igreja de Filipos foi fundada por Paulo e sua equipe de cooperadores ( Silas, Timóteo Lucas) na sua segunda viagem missionária em obediência a uma visão que Deus lhe dera em Troade ( At 16.9-40). Um forte elo de amizade desenvolveu-se entre o apóstolo e a igreja de Filipos. Várias vezes a igreja enviou ajuda financeira a Paulo ( II Cor.11.9; Fp 4.15,16) e contribuiu generosamente para a coleta que o apóstolo providenciou para os crentes pobres de Jerusalém ( cf.II Cor. 8-9). Parece que Paulo visitou a igreja duas vezes na sua terceira viagem missionária ( At. 20.1,3,6).
Autor: Paulo: na prisão em Roma
Tema: Alegria de viver por Cristo
Data: Cerca de 62/63 d.C.
Colossenses

A  cidade de Colossos estava localizada perto de Laudicéia  ( cf. 4.16 ),  no  sudeste   da Ásia Menor, cerca de 160 km a leste de Éfeso.  A igreja colossense, tudo indica, foi fundada como resultado do grandioso ministério de Paulo em Éfeso, durante três anos(At.3.20: 21 ), gujos efeitos foram poderosos e tão grande alcance que todos os que habitavam  na Ásia ouviram a palavra do “Senhor Jesus” ( At.19.10).  Paulo talvez nunca tenha visitado Colossos pessoalmente (2.1), mas mantivera contatos com a igreja atravé de Epafras ,  um dos seus convertidos e cooperadores naquela cidade ( 1.7;4.12). O motivo desta espístola foi o surgimento de ensinos falsos na igreja colossence , ameaçando o seu futuro espiritual  ( 2.8 ).Quando Epafras, dirigente da igreja colossence e seu provável fundador, viajou com o objetivo  de  visitar  Paulo e  informar - lhe a respeito da situação em Colossos ( 1.8; 4.12 ), Paulo estão escreveu esta epístola.   Nessa ocasião Paulo estava preso ( 4.13;10.18 ), possivelmente em Roma ( At.28.16-31), aguardando comparecer perante César ( At.25, 11.12 ), O cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a carta em Colossos em nome do apóstolo ( 4.7). Não está escrita claramente na carta a heresia surgida em Colos-sos, uma vez que os leitores originais a conheciam bem. No entanto, pelas refutações  de Paulo ao falso ensino deduz-se que era uma mistura estranha de ensinos cristãos, tradições judaicas extra bíblicas e filosofias pagãs ( semelhante ao sincretismo religioso das seitas falsas de hoje. Tal ensino subvertia e substituía a centralidade de Jesus.  
Autor: Paulo: na prisão de Roma
Tema: A supremacia de Cristo
Data: Cerca de 62 d.C.




I Tessalonicenses

Tessalônica, situada há pouco menos de 160 km a sudoeste de Filipos, era a capital, cidade principal e porto da província romana da Macedônia. Entre 200.000 habitantes da cidade, havia ali uma grande comunidade judaica. Quando Paulo fundou a igreja tessalonicense, na sua segunda viagem missionária, seu frutífer ministério ali foi encerrado    prematuramente   devido à intensa hostilidade judaica ( At.17: 1.9).    Forcado  a  sair  de  Tessalônica,  Paulo  foi a Beréia, onde outro ministério breve, porém bem sucedido,  foi  interrompido pela  perseguição movida pelos judeus que o foram desde Tessalônica  (At.17.10-13). A seguir, viajou para Atenas (  At. 17. 15 - 34 ), onde Timóteo se encontrou com ele;  depois  Paulo  enviou  Timóteo  de volta a Tessalônica para verificar a condição da nova igreja ( 3.15); ao mesmo tempo, Paulo seguiu para Corinto ( At. 18.1-17 ). Timóteo,  ao  completar  sua  tarefa, viajou para Corinto levando a Paulo informações sobre a igreja tessalonicense ( 3. 6-8),  o  que  levou   Paulo  a  escrever  esta carta, talvez três a seis meses após fundada a igreja. 
Autor: Paulo: Corinto
Tema: A volta de Cristo
Data: Cerca de 51 d.C.

II Tessalonicenses

Ao escrever Paulo esta epístola,   a situação  na  igreja  de  Tessalônica  era  quase  a  mesma da ocasião  em que ele escreveu a primeira carta . É provável, pois que esta carta tenha   sido escrita apenas poucos meses depois de I Tessalonicenses, quando  Paulo  ainda se encontrava trabalhando em Corinto com Silas e Timóteo ( 1.1; cf. At.18-5 ). Tudo indica que Paulo, ao ser informado ao acolhimento da sua primeira carta e do progresso  dos  crentes   tessalonicenses, foi movido a escrever esta segunda carta.
Autor: Paulo: Corinto
Tema: A volta de Cristo
Data: Cerca de 51 ou 52 d.C.

I Timóteo

1 e 2 Timóteo e Tito - comumente chamadas “epístolas pastorais” - são cartas escritas por Paulo ( 1.1; 2 Tm 1.1; Tt 1.1) a Timóteo (em Éfeso) e Tito (em Creta) concernente ao cuidado pastoral das igrejas. Alguns críticos questionam a autoria destas cartas por Paulo, mas a igreja primitiva corroborava sua autoria paulina. Embora haja diferenças de estilo e de vocabulário nas epístolas pastorais ao compará-las com as outras cartas de Paulo, estas diferenças podem decorrer da avançada idade de Paulo e sua solicitude pessoal com os ministérios de Timóteo e de Tito.
Paulo escreveu 1 Timóteo depois dos eventos relatados no fim de Atos a primeira prisão de Paulo em Roma (At 28)  terminou, segundo parece,  com a sua libertação ( 2 Tm 4.16,17). Posteriormente, segundo Clemente de Roma (cerca de 96 d. C.) e o Cânon Muratoriano (cerca de 190 d. C.). Paulo viajou de Roma, dirigindo-se para o oeste, até a Espanha, e ministrou a palavra de Deus ali, como era seu desejo a longo tempo (cf. Rm 15.23,24,28). Conforme relatam as Epístolas Pastorais, Paulo, a seguir, voltou à região do mar Egeu (especialmente Creta, Macedônia e Grécia) e aí continuou seu ministério. Durante esse período (cerca de 64,65 d. C.), Paulo comissionou Timóteo como seu representante apostólico para ministrar em Éfeso, e Tito para fazer o mesmo em Creta. Da Macedônia, Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo, e, pouco mais tarde, escreveu a Tito. Posteriormente, Paulo foi preso de novo em Roma, quando então escreveu uma segunda carta a Timóteo pouco antes do seu martírio em 67/68 (ver 2 Tm 4.6-8; ver também introdução a 2 Timóteo).  

Autor: Paulo: Roma após sua libertação
Tema: A sã doutrina e a piedade
Data: Cerca de 65 d.C.

II Timóteo

Esta é a última carta de Paulo. Ela foi escrita quando o Imperador Nero procurava impedir a expansão da fé cristã em Roma, perseguindo severamente os crentes. E Paulo voltara a ser prisioneiro do Imperador em Roma (1.16,17). Estava sofrendo privações como se fosse um criminoso comum (2.9), abandonado pela maioria dos seus amigos  (1.15), e tinha consciência de que o seu ministério chegara ao fim, e que sua morte se aproximava ( 4.6-8,18; ver introdução a 1 Timóteo para um exame mais completo da autoria e do contexto da epístola). Paulo escreve a Timóteo como “amado filho” (1.2) e fiel cooperador (cf. Rm 16.21). Sua intimidade com Timóteo e sua confiança nele percebe-se no fato de o apóstolo mencioná-lo como seu cooperador na escrita de seis epístolas, de Timóteo haver permanecido consigo durante sua primeira prisão (Fp 1.1; Cl 1.1; Fm 1), e de lhe haver escrito duas cartas pessoais. Ante sua execução iminente, Paulo pede duas vezes a Timóteo que venha estar novamente com ele em Roma ( 4.9,21). Timóteo ainda residia em Éfeso quando Paulo lhe enviou esta segunda epístola (1 Tm 1.3; 2 Tm 1.18). Nesta epístola, o apóstola envia saudações a Onesíforo que residia em Éfes (1.16), e igualmente para o casal Áquila e Priscila (4.19)     

Autor: Paulo (última carta) - Nero era o imperador. 2a. prisão em Roma
Tema: Perseverança inabalável na fé
Data: Cerca de 67 d.C.


Tito

Tito, como 1 e 2 Timóteo, é uma carta pessoal de Paulo a um dos seus auxiliares mais jovens. É chamada de “epístola pastoral” porque trata de assuntos relacionados com a ordem e o ministério na igreja. Tito, um gentio convertido (Gl 2.3), tornou-se íntimo companheiro de Paulo no ministério apostólico. Embora não mencionado nominalmente em Atos (por ser, talvez, irmão de Lucas), o grande relacionamento entre Tito e o Apóstolo Paulo, vê-se  (1) nas treze referências a Tito nas epístolas de Paulo, (2) no fato de ele ser um dos convertidos e fruto do ministério de Paulo (1.4; como Timóteo), e um cooperador de confiança  (2 Co 8.23),  (3) pela sua missão de representante de Paulo em pelo menos uma missão importante a Corinto durante a terceira viagem missionária do apóstolo ( 2 Co 2.12,13; 7.6-15; 8.6, 16-24), e  (4) pelo seu trabalho como cooperador de Paulo em Creta (1.5).
Paulo e Tito trabalharam juntos por um breve período na Ilha de Creta (a sudoeste da Ásia Menor, no Mar Mediterrâneo), no período entre a primeira e a segunda prisão de Paulo em Roma (ver introdução a 1 Timóteo), Paulo deixou Tito em Creta cuidando da igreja ali (1.5), enquanto ele (Paulo) seguia adiante para a Macedônia (df. 1 Tm 1.3). Algum tempo depois, Paulo escreveu esta carta a Tito, incubindo-o de completar a tarefa em Creta que os dois haviam começado juntos. É provável que Paulo tivesse mandado a carta pelas mãos de Zenas e Apolos, que passaram por Creta, em viagem (3.13).
Nesta carta, Paulo informa sobre seus planos para enviar Ártemas ou Tíquico para substituir Tito dentro em breve. E nessa ocasião Tito devia encontrar-se com Paulo e Nicópolis (Grécia), onde o apóstolo planejava  passar o inverno (3.12). Sabemos que isto aconteceu, já que na ocasião posterior, Paulo designara Tito para a Dalmácia, no litoral oriental do mar Adriático (na ex Iugoslávia), em cuja região ficava Nicópolis, na Grécia (3.12).
Autor: Paulo e Tito (irmão de Lucas) Macedônia (epístola pastoral)
Tema: A sã doutrina e boas obras
Data: Cerca 65/66 d.C.


Filemon


Paulo escreveu esta “epístola da prisão”(vv. 1,9) como uma carta pessoal a um homem chamado Filemom, mais provavelmente durante sua primeira prisão em Roma (At 28.16-31). Os nomes, idênticos mencionados em Filemom (vv. 1,2,10,23,24) e em Colossenses ( Cl 4.9,10,12,14,17), indicam que Filemom morava em Colossos e que as duas cartas foram escritas e entregues juntas.
Filemom era um senhor de escravos (v. 16)  e membro da Igreja de Colossos (compare vv. 1,2 com Cl 4.17), talvez um convertido de Paulo (v. 19). Onésimo era um escravo de Filemom que fugira para Roma; ali, teve contato com Paulo, que o levou a Cristo. Desenvolveu-se um forte vínculo de amizade entre os dois (vv 9-13). Agora, Paulo, um tanto apreensivo, envia Onésimo de volta a Filemom, acompanhado por Tíquico, cooperador de Paulo, levando esta carta  (cf. Cl 4.7-9).
Autor: Paulo (pessoal) epístola da prisão
Tema: Reconciliação
Data: Cerca de 62 d.C.



                                               Aos Hebreus

Este Livro foi destinado originalmente aos cristãos de Roma. O seu título, nos manuscritos gregos mais antigos, diz apenas “ Aos Hebreus”. Seu conteúdo, no entanto revela que foi escrito a cristão judeus. O emprego que o autor fez da Septuaginta ( versão grega do AT. ), mais citações do AT, indica que os primeiros leitores foram provavelmente judeus de idioma grego que viviam fora da Palestina. A expressão “ Os da Itália vos saúdem “ ( 13,24 ) significa provavelmente que o autor  escrevia para Roma, e que na ocasião incluiu saudações de crentes italianos que viviam longe da pátria. Os destinatários podem ter sido igrejas em lares, da comunidade cristã de Roma, das quais algumas estavam a ponto de abandonar a fé em Jesus e voltar para a antiga fé judaica por causa da perseguição e do desânimo.
O escritor não se identifica no título original, nem através do livro, embora fosse bem conhecido dos seus leitores ( 13. 18 a 24 ). Por alguma razão, perdeu-se a sua identidade ao findar-se o século I.
Posteriormente, na tradição da igreja primitiva ( séculos II ao IV ), surgiram muitas opiniões diferentes sobre o possível escritor dos Hebreus. A opinião de que Paulo havia sido escritor não tinha aceitação até o século V.
Muitos eruditos  conservadores descartam a autoria a Paulo, uma vês que que o estilo esmerado e alexandrino do autor, seu embasamento na Septuaginta, sua maneira de introduzir as citações do AT, seu método de argumentar e ensinar, a estrutura na argumentação e a omissão da sua identificação pessoal são características muitos diferente das de Paulo. Além disso, enquanto Paulo sempre apela a sua revelação diretamente recebida de Cristo ( cf. Gl 1. ll, ,l2 ), esse escritor demonstra um dos cristãos da segunda geração aos quais o evangelho fora confirmado por testemunhas oculares do ministério de Jesus ) 2.3 ). Entre os homens mencionados nominalmente do NT, a descrição de Lucas oferece de Apolo, em /at. 18. 24-28, ajusta-se melhor ao perfil do escritor de Hebreus.
Deixando de lado o nome do escritor de Hebreus, uma coisa é certa: ele escreveu a plenitude do Espírito, e com entendimento, revelação e autoridade apostólicos. A ausência de qualquer referência, em Hebreus à destruição do templo de Jesusalém e do seu culto levítico é um forte indício que o autor escreveu antes de 70dC.

Autor: Desconhecido
Tema: Um melhor concerto
Data  Cerca de 67 e 69 dC.


Tiago

Tiago é classificada como “epístola universal” porque foi originalmente escrita para uma comunidade maior que uma igreja local. A saudação: “Às doze tribos que andam dispersas” (1.1), juntamente com outras referências (2.19,21), indicam que a epístola foi escrita inicialmente a cristãos judeus que viviam fora da Palestina. É possível que os destinatários fossem os primeiros convertido em Jerusalém, que,  após a morte de Estêvão, foram dispersos pela perseguição (At 8.1) até a Fenícia, Chipre, Antioquia da Síria e além (At 11.19). Isso explicaria  (1) a ênfase inicial da carta quanto ao sofrer com alegria as provações que testam a fé e que demandam perseverança (1.2-12), (2) o conhecimento pessoal que Tiago demonstra ter pelos crentes “dispersos”, e (3) o tom de autoridade da carta. Como pastor da igreja de Jerusalém, Tiago escreve às suas ovelhas dispersas.
A maneira do autor se identificar simplesmente como “Tiago” (1.1), revela sua posição de destaque na obra. Tiago, meio-irmão de Jesus e dirigente da igreja de Jerusalém, é geralmente tido como o autor. Seu discurso no Concílio de Jerusalém (At 15.13-21), bem como as descrições dele noutras partes do NT (e. g., At 12.17; 21.18; Gl 1.19; 2.9,12; 1 Co 15.7) correspondem perfeitamente com o que se sabe dele como autor desta epístola. O mais provável é que Tiago tenha escrito esta epístola durante a década dos 40 d. C.. A data tão remota para a escrita provém de vários fatores, e.g., Tiago emprega a palavra grega synagoge (lit. sinagoga) para referir-se ao local de reunião dos cristãos (2.2). Segundo o historiador judaico Josefo, Tiago, irmão do Senhor, foi martirizado em Jerusalém, em 62 d. C.      
Autor: Tiago (meio irmão de Jesus), martirizado em Jerusalém em 62 d.C.
Tema: A fé manifesta-se pelas obras
Data: Cerca de 45/49 d.C.



I Pedro

Esta é a primeira de duas cartas no Nt escritas pelo apóstolo Pedro ( 1.1; 2 Pe 1.1). Ele testifica que escreve sua primeira carta com a ajuda de Silvano (cuja forma contracta em grego é Silas), como seu escriba (5.12). O grego fluente de Silvano e seu estilo literário aparecem aqui, enquanto que, possivelmente, o grego menos esmerado de Pedro apareça na sua segunda epístola. O tom e o conteúdo  de 1 Pedro combinam com o que sabemos a respeito de Simão Pedro. Os anos que viveu em estreito convívio com o Senhor Jesus estão implícitos nas suas referências à morte de Jesus ( 1.11,19; 2.21-24; 3.18; 5.1) e à sua ressurreição ( 1.3,21; 3.21). Indiretamente, ele parece referir-se, inclusive, às ocasiões em que Jesus lhe apareceu na Galiléia, depois da ressurreição ( 2.25; 5.2a; cf. Jo 21.15-23). Além disso, muitas semelhanças ocorrem entre esta carta e os sermões de Pedro registrados em Atos.
Pedro dirige esta carta aos “estrangeiros dispersos” nas províncias romanas da Ásia Menor (1.1). Alguns destes, talvez hajam se convertido no dia de Pentecoste, ao ouvirem a mensagem de Pedro, e retornaram às suas respectivas cidades levando a fé que acabavam de conhecer (cf. At 2.9,10). Estes crentes são chamados “peregrinos e forasteiros” (2.11), relebrando-lhes, assim, que a peregrinação cristã ocorre num mundo hostil a Jesus Cristo; mundo este, do qual só podem esperar perseguição. É provável que Pedro escreveu esta carta em resposta a informes dos crentes da Ásia Menor sobre a crescente oposição a eles ( 4.12-16), ainda sem consentimento do governo ( 2.12-17).
Pedro escreveu de “Babilônia” ( 5.13). Isto pode referir-se literalmente à cidade de Babilônia, na Mesopotâmia, ou pode ser uma expressão figurada referente a Roma, o centro principal de oposição a Deus, no século primeiro. Embora Pedro possa ter visitado alguma vez a grande colônia de judeus ortodoxos em Babilônia, é mais consentânio entender, aqui, a presença de Pedro, Silas (5.12) e Marcos (5.13), juntos em Roma ( Cl 4.10; cf. os comentários de Pápias a respeito de Pedro e Marcos em Roma), no começo da década de 60, do que em Babilônia. Pedro escreveu mais provavelmente entre 60 e 63 d. C., certamente antes do terrível banho de sangue em Roma, ordenado por Nero (64 d. C.).

Autor: Pedro: na cidade de Babilônia
Tema: Sofrimento por amor de Cristo
Data: Cerca de 60-63 d.C.


II Pedro

Na saudação, Simão Pedro identifica-se como o autor da carta. Mais adiante ele declara aos seus leitores que esta é a sua segunda epístola (3.1), indicando assim que está escrevendo aos mesmos crentes da Ásia Menor, a quem dirigira a primeira epístola ( 1 Pe 1.1). Visto que Pedro, assim como Paulo, foi executado por decreto do perverso Nero (que, por sua vez, morreu em Junho de 68 d. C), é mais provável que Pedro escreveu esta epístola entre 66 e 68 d. C., pouco antes do seu martírio em Roma (1.13-15).
Alguns estudiosos do passado e do presente, ignorando certas notáveis semelhanças entre 1 e 2 Pedro e destacando, ao invés disso, as diferenças entre elas, supõem que não é de Pedro a autoria da carta. Essas diferenças de conteúdo, vocabulário, ênfases e estilo literário podem ser uma decorrência das diferentes circunstâncias de Pedro e de seus leitores, nas duas cartas. (1) As circunstâncias originais dos endereçados haviam mudado. Antes, ardia o fogo da perseguição movida  pela sociedade em derredor; agora, eram ataques vindos de dentro, através dos falsos mestres que ameaçavam os fundamentos da igreja: a verdade e a santidade. (2) As circunstâncias de Pedro também eram outras. Enquanto na primeira carta ele contou com a cooperação eficiente de Silvano na escrita ( 1Pe 5.12), parece que agora este último não estava disponível ao ser escrita esta segunda epístola. Talvez, Pedro tenha empregado seu próprio grego galileu singelo, ou serviu-se de um escriba menos hábil do que Silvano.      

Autor: Pedro: Roma (executado por Nero em Junho de 68 d.C.)
Tema: A verdade de Deus e o falso ensino dos homens
Data: Cerca de 66-68 d.C.



I João

Cinco livros do NT levam o nome de João: um Evangelho, três Epístolas e o Apocalipse. Embora João não se identifique pelo nome nesta Epístola, testemunhas do século II (e.g., Papais, Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria) afirmam que ela foi escrita pelo apóstolo João, um dos doze primeiros discípulos de Jesus. Fortes semelhanças no estilo, no vocabulário e nos temas, entre I João e o Evangelho segundo João, sancionam o testemunho fidedigno dos cristãos primitivos, afirmando que os dois livros foram escritos pelo apóstolo João (ver introdução ao Evangelho segundo João).
Não há indicação dos destinatários desta carta, como também não há saudações, nem menção de pessoas, lugares ou eventos. A explicação mais provável dessa forma rara epistolar é que João escreveu de onde residia, em Éfeso, a certo número de Igrejas da província da Ásia, que estavam sob sua responsabilidade apostólica (cf. Ap 1.11).
Visto que as congregações tinham um problema comum e necessidade semelhantes, João escreveu esta Epístola como carta circular, enviando-a por um emissário pessoal, juntamente com suas saudações pessoais.
O assunto principal desta epístola é o problema dos falsos ensinos a respeito da salvação em Cristo e seu processo no crente, Certas pessoas, que anteriormente conviveram com os leitores da epístola, deixaram as congregações (2.19), mas os resultados dos seus falsos ensinos continuavam a distorcer o evangelho, quando a “saber” que tinham a vida eterna. Doutrinariamente, a sua heresia negava que Jesus é o Cristo (2.22; cf. 5.1) ou que Jesus veio em carne (4.2,3). Na área moral, ensinavam que não era necessário  à fé salvífica (cf. 1.6;5.4,5), a obediência aos mandamentos de Jesus (2.3-4; 5.3) e uma vida santa, separada ao pecado (3.7-12) e do mundo (2.15-17).
Autor: João em Éfeso
Tema: Verdade e Justiça
Data: Cerca de 85-95 d.C.

II João

O autor se identifica como o “ancião” (v. 1). Provavelmente, um título honroso atribuído ao apóstolo João nas duas décadas finais do século I, devido a sua idade avançada e sua respeitável posição de autoridade espiritual como o único dos doze apóstolos ainda vivo.
João dirige esta carta “à senhora eleita e a seus filhos” (v. 1). Alguns interpretam “a senhora eleita”, figuradamente, como uma Igreja local, sendo “seus filhos” os membros dessa igreja e sua “irmã, a eleita”(v. 13), como uma congregação idêntica. Outros interpretam a endereçada, literalmente, como uma viúva cristã de destaque, conhecida de João, numa das igrejas da Ásia Menor, sob seus cuidados pastorais. A família dessa senhora (v. 1), bem como os filhos da sua irmã (v.13) são pessoas de destaque entre as igrejas daquela região. Como as outras epístolas de João, 2 Jo provavelmente foi escrita de Éfeso, em fins da década de 80 ou no começo da década de 90 d. C..
Autor: João: escrita em Éfeso
Tema: Andando na verdade
Data: cerca de 85-95 d.C.


III João

João, o apóstolo amado, apresenta-se novamente como o “presbítero” (v. 1; ver introdução de 2 Jo). Esta carta pessoal é endereçada a um fiel cristão chamado Gaio (v. 1), talvez pertencente a uma das igrejas da Ásia Menor. Assim como as demais epístolas de João, 3 João foi certamente escrita em Éfeso, em fins da década de 80 d. C. ou início da década de 90 d. C..
Em fins do primeiro século, ministros itinerantes da igreja viajavam de cidade em cidade, sendo comumente sustentados pelos crentes que os acolhiam em casa e os ajudavam nas despesas de viagem (vv. 5-8; cf. 2 Jo 10). Gaio era um dos muitos cristãos dedicados que graciosamente acolhiam e auxiliavam ministros viajantes de confiança ( vv. 1-8). Ao mesmo tempo, um homem de projeção chamado Diótrefes resistia com arrogância à autoridade de João e recusava hospitalidade aos irmãos viajantes, enviados da parte deste. 

Autor: João: escrita em Éfeso pessoal a Gaio
Tema: Procedendo com fidelidade
Data: Cerca de 85-95 d.C.

Judas

Judas se identifica simplesmente como o “irmão de Tiago”(v. 1). Os únicos irmãos do NT que têm nomes de Judas e Tiago são os dois meio-irmãos de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3). Talvez Judas  mencionou Tiago porque a posição de destaque dos seu irmão, sendo dirigente da Igreja de Jerusalém serviria para esclarecer sua própria identidade e posição.
Esta curta epístola, porém de linguagem energética, foi escrita contra os falsos mestres, que eram abertamente antinominianos  (i.e., ensinavam que a salvação pela graça lhes permitia  pecar sem haver condenação) e que zombando, rejeitavam a revelação divina a respeito da Pessoa e da natureza de Jesus Cristo, segundo as escrituras (v.4). Dessa maneira, dividiam as igrejas, concernente à fé (vv.  19a, 22) e quanto à conduta (vv. 4,8,16). Judas descreve esses homens vis como “ímpios” (v. 15), que “não tem o Espírito” (v. 19).
O possível relacionamento entre Jd e 2 Pe 2.1 - 3.4 depende do fator data do primeiro. O mais provável é que Judas tinha conhecimento de 2 Pedro (vv. 17,18) e, daí, sua epístola se situaria psteriormente, i. e., entre 70-80 d. C.. Não está esclarecido sobre os destinatários, mas podem ter sido os mesmos de 2 Pedro ( ver introdução de 2 Pedro).
 
Autor: Judas (irmão de Tiago) meio irmão de Jesus
Tema: Batalhar pela fé
Data: Cerca de  70-80 d.C.



Apocalipse

O Apocalipse é o último livro do NT e singular entre os demais. Ele é, ao mesmo tempo, uma revelação do futuro (1.1,19), uma profecia (1.3; 22.7,10,18,19) e um conjunto de sete cartas (1.4,11;2.1 - 3.22). (“Apocalipse” deriva da palavra grega apokalupsis, traduzida por “revelação” em 1.1). O livro é uma revelação divina quanto à natureza do seu conteúdo, uma profecia quanto à sua mensagem e uma epístla quanto aos seus destinatários.
Cinco fatos importantes no tocante ao contexto deste livro são revelados no capítulo 1. (1) É a “revelação de Jesus Cristo” (1.1). (2) Essa revelação foi comunicada ao autor, de modo sobrenatural, por Cristo glorificado, por anjos e visões que ele teve (1.1, 10-18). (3) A comunicação foi concedida ao servo de Deus, João (1.1,4,9; cf. 22.8). (4) João teve as visões e recebeu a mensagem apocalíptica quando exilado na ilha de Patmos (80 quilômetros a sudoeste de Éfeso), por causa da Palavra de Deus e do testemunho do próprio João (1.9).  (5) Os destinatários iniciais foram sete igrejas da província da Ásia (1.4,11).
As evidências históricas e internas do livro indicam o apóstolo João como o seu autor. Irineu verifica que Policarpo (Irineu conheceu a Policarpo, e este conheceu o apóstolo João) referiu-se a João, escrevendo o Apocalipse perto do fim do reinado de Domiciano, imperador romano (81-96 d. C.).
O livro retrata as circustâncias históricas do reinado de Domiciano, o qual exigiu que todos os seus súditos lhe chamassem de “Senhor e Deus”. Sem dúvida, o decreto do imperador originou um confronto entre os que se dispunham a adorá-lo e os crentes fiéis que confessavam que somente Jesus era “Senhor e Deus”. Destarte, o livro foi escrito num período em que os crentes enfrentavam intensa perseguição por causa do seu testemunho. A tribulação aparece através do contexto do livro de Apocalipse (1.19; 2.10, 13; 6.9-11; 7.14-17; 11.7; 12.11,17; 17.6; 18.24; 19.2;20.4).  

Autor: João
Tema: A consumação do Conflito dos Séculos
Data: Cerca de 90-96 d. C. 














 

  

ESTUDOS DOUTRINÁRIOS / A VIDA DE PAULO




O APÓSTOLO PAULO - HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS


Neste primeiro tópico do nosso estudo, abordaremos questões referentes à pessoa do apóstolo Paulo, suas viagens, sua obra, seu zelo e sua doutrina. Suas viagens se revestem de fundamental importância e estão ligadas ao propósito do seu ministério. Apóstolo significa "enviado". Sendo assim, o apóstolo precisa ir. Suas viagens produziram uma obra, que foi o estabelecimento de igrejas em diversas cidades do Império Romano. Após a fundação das igrejas, Paulo poderia, simplesmente, seguir adiante sem se importar com o rebanho. Entretanto, destaca-se o seu zelo, demonstrado pelo envio de cartas às igrejas, inclusive a uma que não foi por ele fundada, a igreja de Roma. Essa correspondência poderia conter apenas assuntos de interesse pessoal do autor e dos destinatários. Entretanto, contêm a mais sublime exposição da doutrina cristã. Depois de todo esse trabalho, o apóstolo não recebeu recompensa humana. Pelo contrário, foi perseguido, preso, açoitado e morto. As suas viagens e as suas prisões foram necessárias para que hoje tivéssemos as epístolas paulinas no Novo Testamento.




FAMÍLIA E INFÂNCIA

Paulo se chamava também Saulo (At.13.9), nome hebraico derivado de "Saul", que significa "pedido". Nasceu em Tarso, na Cilícia, no ano 1 d.C. (At.21.39). Era judeu por descendência e romano devido ao status de sua cidade natal no Império (At.16.37; 22.25-30). Paulo era seu nome romano, derivado do latim "Paulus", que significa "pequeno" (At.13.9). O livro "Atos de Paulo e Tecla" nos apresenta o apóstolo como um homem de "baixa estatura, que possuía cabelos ralos na cabeça, sobrancelhas ligadas e nariz convexo."

Jerônimo escreveu que os antepassados de Paulo viviam na Galiléia e depois migraram para Tarso. Eram, portanto, judeus da diáspora. Não sabemos os motivos da mudança, já que eram várias as razões que faziam com que muitos judeus abandonassem a Judéia. O próprio crescimento do comércio no Império era motivo de muitos deslocamentos.
 
Tarso era a principal cidade da Cilícia, célebre (At.21.39) e bela. Era um centro cultural, religioso e filosófico. Possuía um templo dedicado a Baal e uma universidade tão importante quanto as de Atenas e de Alexandria.
 
A família de Paulo pertencia à tribo de Benjamim. Não se sabe o nome dos seus pais, mas apenas que eram da seita dos fariseus, à qual o próprio Saulo aderiu. (At.23.6; Fp.3.5 Rm. 11.1).

JUVENTUDE, EDUCAÇÃO, OFÍCIO E SEITA RELIGIOSA
 
Embora Tarso fosse uma ótima cidade, sua cultura e costumes eram estranhos ao judaísmo. Os pais de Saulo parecem ter se preocupado com a formação religiosa do filho. Por isso, Saulo foi morar em Jerusalém (At.26.4), onde estavam sua irmã e seu sobrinho (At.23.16). Tal mudança deve ter ocorrido por volta dos 13 anos de idade, quando todo judeu deveria se apresentar no templo judaico. Daí em diante, o jovem Saulo passou a ser instruído pelo mestre fariseu Gamaliel (At.5.34; 22.3). Tornou-se também um fariseu convicto e extremamente zeloso (Gál.1.14). Pela análise de todos os textos mencionados, entendemos que a família de Saulo era influente. Ele mesmo chegou a possuir algum nível de autoridade política e religiosa em Jerusalém. Pode ter participado do Sinédrio ou simplesmente de uma sinagoga, onde votava contra os cristãos (At.26.10). Parte de sua instrução foi o aprendizado da confecção de tendas, ofício que mais tarde lhe serviria como fonte de renda em algumas viagens.

Tendo nascido no ano 1, Paulo era contemporâneo de Jesus. Contudo, não sabemos se chegaram a ter algum contato antes da crucificação. Isso é bastante possível, mas, por falta de provas, torna-se apenas objeto de especulação. Os versículos de II Cor.5.16 e I Cor.9.1 podem indicar esse conhecimento, mas isso não é absolutamente certo.
Mesmo que tenha tomado conhecimento a respeito de Jesus, Paulo, como fariseu, não via em Cristo a realização de suas esperanças, uma vez que os fariseus aguardavam a emancipação política de Israel. Assim, o cristianismo, que anunciava um reino espiritual, apresentava-se como abominação aos olhos de Paulo, o qual se tornou um perseguidor implacável contra os cristãos (Gál. 1.13; I Cor. 15.9). Não satisfeito com as perseguições dentro de Jerusalém, Paulo os perseguia em outras cidades, procurando prendê-los afim de que fossem mortos. Notamos nisso um ímpeto "missionário" às avessas. Nesse tempo de perseguidor, Saulo ainda era um jovem, conforme está escrito em At.7.58; 8.1-3.



CONVERSÃO


A conversão de Saulo se deu por volta dos anos 33 ou 34 d.C.. Converteu-se sem a pregação do evangelho por parte de outro homem (Gál.1.11-12). Afinal, quem pregaria para Saulo? O próprio Ananias ficou temeroso quando Deus lhe enviou a orar por aquele que era conhecido como o grande perseguidor da igreja (At.9.13). Uma conversão sem pregação constitui-se exceção. O normal é que alguém pregue o evangelho para que outros se convertam (Rm.10.14).



PRIMEIRAS VIAGENS APÓS A CONVERSÃO

 
Em Gálatas 1, Paulo apresenta seu itinerário após a conversão para mostrar que não aprendeu de nenhum apóstolo a doutrina cristã:

Damasco (At.9.8) Deserto da Arábia - Gál. 1.17 Damasco - Gál 1.17

Jerusalém - 3 anos depois da conversão, onde esteve 15 dias com Pedro - Gál. 1.18. Seu objetivo nesse ponto era deixar claro que não esteve com Pedro tempo suficiente para aprender com ele as doutrinas do cristianismo.
 
Síria e Cilícia - Gál. 1.21 - Esteve, por aproximadamente 10 anos, morando em sua cidade natal, Tarso. Talvez tenha passado esse período sozinho. Tinha sido rejeitado pela família, pelos judeus e encontrava dificuldades entre os cristãos, pois estes tinham receio dele. Por suas epístolas, entendemos que muitos não aceitavam seu apostolado pelo fato de não ter vivido com Jesus. Em Atos 1, na hora de escolher o substituto de Judas Iscariotes, Pedro apresentou os requisitos: o candidato deveria ter acompanhado Jesus desde o batismo de João até a ressurreição (At.1.21-22).

Portanto, se Paulo estivesse ali, não seria escolhido para ser apóstolo.
Antioquia - Por fim, Barnabé foi até Tarso à procura de Paulo e logo depois conduziu-o a Antioquia da Síria, onde passou a participar da igreja (At.11.25-26). Antioquia foi o oásis de Paulo. Barnabé foi aquele irmão de que Paulo tanto necessitava para introduzi-lo no convívio cristão. Em Antioquia Paulo permaneceu um ano.

Jerusalém - Depois disso, Paulo foi a Jerusalém com Barnabé e Tito afim de levar a ajuda enviada pelos irmãos de Antioquia (At.11.27-30). Era então o ano 47 ou 48, 14 anos depois de sua conversão, conforme Gálatas 1.18.

Antioquia - Paulo volta para Antioquia, que passou a ser um tipo de "quartel-general".
De acordo com os Atos e as epístolas, entendemos que Paulo era um homem muito instruído, tanto em relação ao judaísmo quanto na filosofia grega. Contudo, seu conhecimento espiritual sobre os mistérios de Deus sobrepujava a tudo isso. Era também homem impetuoso, disposto e extremamente zeloso em tudo.



A EVANGELIZAÇÃO DOS GENTIOS.

Pedro iniciou a evangelização dos gentios em Atos 10, mas isso não foi algo natural para ele que era um judeu de Jerusalém. Somente após um arrebatamento, uma visão e uma palavra direta de Deus, é que Pedro admitiu a idéia de pregar aos gentios. Paulo, porém, era um judeu romano. Isso facilitava sua visão rumo aos povos não judeus. Deus o escolheu para essa missão: ser apóstolo aos gentios (At.22.21; Gál. 2.2,8).

Nas cidades em que chegava, Paulo normalmente ia primeiro às sinagogas (At.13.13-14, 42-48; 14.1; 17.1-2). Ainda não havia igrejas ou templos cristãos nesses lugares. Por outro lado, ele ainda honrava os judeus com a primazia no anúncio da fé cristã. Entretanto, eles não viam por essa ótica. As pregações nas sinagogas terminavam com a revolta dos judeus. Paulo era expulso, agredido e muitos queriam até apedrejá-lo. Desse modo, ocorria um escândalo em público, mas a essa altura, alguns judeus já haviam se convertido. Até as disputas em praça pública eram proveitosas para que os gentios ouvissem a palavra de Deus. Com esse grupo de convertidos se formava a igreja e as reuniões mudavam de local (At.18.4-7).


PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA
entre os anos 47 e 49 (At.13 e 14)


Paulo esteve durante algum tempo participando da igreja em Antioquia. Esta cidade era muito importante. Chegou a ser uma grande metrópole ainda nos tempos dos reis gregos da Síria, os selêucidas. Após a conquista por Roma, continuou como capital da província e ali se encontravam os governadores romanos. Era bela, com muitos palácios e templos, dentre os quais se destacava o Santuário de Apolo. Nessa cidade havia uma grande colônia judaica, correspondendo à sétima parte da população.

Estando reunido com os irmãos em Antioquia, Paulo recebeu uma direção do Espírito Santo para empreender sua primeira viagem missionária juntamente com Barnabé. Partiram então, levando João Marcos.


Eis o roteiro da primeira viagem missionária de Paulo: Antioquia da Síria; Ilha de Chipre (Salamina e Pafos); Antioquia da Psídia; Icônio, Listra, Derbe; Perge; Antioquia da Síria.

No meio da viagem, Marcos abandonou o grupo e voltou para Jerusalém. Por esse motivo, Paulo não quis levá-lo em sua próxima viagem (At.13.13).


TERCEIRA VISITA A JERUSALÉM

Após a primeira viagem missionária, Paulo faz sua terceira visita a Jerusalém, por volta do ano 49. Nessa oportunidade ocorre a famosa discussão dos apóstolos sobre o que deveria ser exigido dos gentios convertidos no que se refere à observância da lei mosaica. (At.15)



SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA

Entre os anos 50 e 52 d.C. (At.15.40 a 18.22)

Terminado o concílio de Jerusalém (At.15), Paulo e Barnabé voltaram para Antioquia, levando consigo Judas, chamado Barsabás, e Silas. Alguns dias depois (At.15.36), Paulo inicia sua segunda viagem missionária, em companhia de Silas, com o principal propósito de visitar as igrejas estabelecidas nas cidades anteriormente visitadas.

Eis o roteiro da segunda viagem: Antioquia da Síria; Cilícia; Listra; Frígia; Galácia; Trôade; Macedônia/Grécia: Filipos; Tessalônica; Beréia; Acaia; Atenas; Corinto; Éfeso; Jerusalém; Antioquia da Síria.
 
Em Listra, Timóteo entrou na equipe de Paulo. Em Trôade foi a vez do médico Lucas. Paulo ficou um ano e meio em Corinto, ocasião em que estabeleceu a igreja. Daí escreveu aos Tessalonicenses.


TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA
53 a 58 d.C. (At.18.23 a 20.38).


Tendo ficado "algum tempo" em Antioquia (At.18.23), Paulo parte para sua terceira viagem missionária.

O apóstolo muda então sua "base" para Éfeso, que passa a ser sua cidade de retorno. Ali esteve durante dois anos (At.19.10). O versículo mencionado diz que toda a Ásia foi evangelizada naquele período. Portanto, parece certo que Paulo fez diversas viagens às cidades da Ásia Menor, voltando sempre para Éfeso.
O itinerário da terceira viagem foi: Antioquia da Síria, Galácia, Frígia, Éfeso, Macedônia, Grécia, Trôade, Mileto, Tiro e Cesaréia.



VIAGEM A JERUSALÉM

Percebe-se na história de Paulo seu amor pelo seu povo e pela cidade de Jerusalém (At.20.16). Agora, esse amor se dirigia, mais especialmente, aos cristãos daquela cidade. Ali chegando, o apóstolo foi recebido com alegria pelos irmãos. Vinha trazendo uma oferta para eles (I Cor.16.3; II Cor.9; Rom.15.25; At.21.17). Afinal, todo o receio contra o ex-perseguidor estava dissipado. A igreja havia finalmente abraçado o apóstolo. Contudo, a fúria dos judeus continuava crescendo contra aquele que consideravam um traidor da pátria e da religião judaica. Com esse espírito de ódio, os judeus prenderam Paulo em Jerusalém e o espancaram. O grande tumulto que se formou chamou a atenção das autoridades romanas, que prenderam Paulo. Aproveitando a oportunidade, o apóstolo pediu para falar à multidão que se ajuntou. Nesse momento, ele deu seu testemunho de conversão até ser interrompido por aqueles que queriam sua morte (At.22.1-22).



                                            PRISÃO EM CESARÉIA

Os judeus de Jerusalém decidiram matar Paulo. Por isso, as autoridades romanas o conduziram em segurança até Cesaréia, onde esteve preso durante dois anos (At.23.23 a 26). Nesse período, ele se apresentou a várias autoridades: ao governador Félix e sua mulher Drusila, ao governador Pórcio Festo, sucessor de Félix, e ao rei Agripa e sua mulher Berenice. Diante deles, o apóstolo proferiu suas defesas, que foram verdadeiros testemunhos e pregações do evangelho. Estas autoridades não viam motivo para matar Paulo. Resolveram então devolvê-lo aos judeus para que eles mesmos resolvessem o problema. Diante dessa possibilidade, Paulo, sabendo que os judeus o matariam, apelou para César, ou seja, o imperador Nero.


PRISÃO EM ROMA

Sendo cidadão romano, Paulo tinha o direito de ser julgado em Roma. Foi então enviado para lá. Afinal, convinha que chegasse à capital do Império e ali pregasse o evangelho (At.19.21; 23.11). Após uma viagem conturbada e um naufrágio, Paulo finalmente chega a Roma (At.27). Ali permanece preso em uma casa alugada por ele mesmo durante dois anos (At.28). Nesse tempo, pregou o evangelho a todos quantos se interessavam por ouvi-lo.




A MORTE DE PAULO

As últimas palavras bíblicas sobre a vida do apóstolo Paulo encontram-se em At.28 e II Tm.4.6-8. Informações extra-bíblicas dão conta de que ele teria sido solto em 63 d.C.. Talvez tenha visitado a Espanha e outros lugares (de acordo com epístola de Clemente, Cânon Muratoriano e Atos de Pedro.). Finalmente, a tradição nos informa que o apóstolo Paulo foi preso e decapitado pelo imperador Nero em 67 d.C.
Resumindo a cronologia da vida de Paulo:
Data aproximada Fato ou localidade visitada
Ano 1 d.C. Nascimento de Paulo
Ano 33 ou 34 d.C. Conversão
Entre 33 e 36 Deserto da Arábia
Ano 36 Primeira visita a Jerusalém
Entre 36 e 46 Síria, Cilícia (principalmente Tarso)
entre 46 e 47 (Atos 11.25-26) Antioquia da Síria
47 Segunda visita a Jerusalém
47 Antioquia da Síria
47 a 49 Primeira viagem missionária
49 (Atos 15) Terceira visita a Jerusalém
50 a 52 Segunda viagem missionária
53 a 58 Terceira viagem missionária
58 Quarta visita a Jerusalém
58 a 59 Prisão em Cesaréia
60 a 62 Prisão em Roma
63 a 66 Liberdade e viagens diversas (???)
67 Morte em Roma